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Papa Francisco, um novo líder para uma velha igreja

Genival Torres Dantas
Genival Torres Dantas*

A igreja Católica vem passando por um processo de transformação desde a renúncia do Papa Bento XVl (Joseph Aloisius Ratzinger), em 28 de fevereiro último. Com a eleição do Papa Francisco (Jorge Mario Bergoglio), o primeiro papa da América do Sul, e o 266° da Igreja Católica. A Igreja foi sacudida por uma onda de humildade, vinda dos gestos nobres de um religioso que despido de qualquer grau de orgulho ou vaidade tem ensinado como deve um ser humano, por mais importante que ele seja considerado entre nós, qual deve ser o comportamento de uma autoridade ante seus seguidores ou mesmo opositores. Renunciou ao trono revestido de ouro, na Santa Sé, para usar uma cadeira de madeira, preferiu as vestes simples sem adereços, não quis o anel de pescador, usualmente feito para cada papa, e o crucifixo é o mesmo quando da sua permanência em Buenos Aires, preferiu os sapatos comuns, os mesmos usados pelos homens simples do nosso tempo, dispensou o carro de luxo para suas locomoções. O próprio nome de Francisco, teve humildade para aceitar sugestão do Dom Frei Cláudio Cardeal Hummes, arcebispo emérito de São Paulo, um dos seus concorrentes direto ao papado, e adotá-lo em homenagem aos pobres e o defensor dos animais e
a natureza.
Tamanho despojamento só comparo a dois grandes religiosos contemporâneos, o americano, ativista e pastor protestante, Martin Luther King, Jr. (1929/1968), assassinado pelas mãos cruéis de um desditoso ser, e o brasileiro, médium, filantropo e expoente do espiritismo, Francisco de Paula Cândido Xavier (Chico Xavier – 1910/2002), um homem que nós brasileiros não soubemos reconhecê-lo como o grande líder espiritual enquanto aqui esteve entre nós. O Papa Francisco pelos suas atitudes voltadas para os pobres, a natureza e os animais, sinaliza em direção a galeria dos grandes humanistas, somente comparado aos dois anteriormente citados e superados apenas pela figura maior do grande líder de todos os tempos, Jesus de Nazaré, depois da sua morte reconhecido como Jesus Cristo.

A nosso geração que tem convivido desde a segunda metade dos anos 1950, do século passado, e acompanhado a história da igreja católica, muito embora idosa, tem verificado o inicio de uma renovação com cada papa eleito, nesse período em que a humanidade tem se comportado de forma desastrosa para com a mãe terra que tanto tem sofrido, e de tão aflita roga por carid

A partir do Papa Pio Xll (Eugenio Maria Giuseppe), período papal de 02/03/1939-09/10/1958, passando pelos papas João XXlll (Ângelo Giuseppe Roncalli), 28/10/1958-03/07/1963; Paulo Vl (Giovanni Battista Enrico Antônio Maria Montini, 21/06/1939-06/08/1978, o papa que trabalhou e melhorou as relações ecumênicas com os protestantes, Anglicanos e Ortodoxos, com extraordinário resultado; João Paulo l (Albino Luciani), 26/08/1978-28/09/1978, apesar do curto período ficou conhecido como o Papa do Sorriso, e o primeiro papa a recusar uma coroação formal desde Clemente V em 1305; João Paulo ll (Karol Józef Wojtyla), 16/10/1978-02/04/2005, primeiro papa não-italiano depois de Adriano Vl, em 1522, um dos mais influentes do século XX, colaborou para o fim do comunismo na Polónia; Bento XVl (Joseph Aloisius Ratzinger, 19/04/2005-28/02/2013, “renuncia”, passando a ser o Papa Emérito, um intelectual, membro de várias academias científicas da Europa, poliglota e erudito, profundo conhecedor da música clássica, foi sucedido pelo Papa Francisco.

Em apenas 4 meses e 21 dias o Papa Francisco, primeiro papa jesuíta da história, conseguiu empreender um ritmo de trabalho voltado para a ética no relacionamento da igreja e seus fiéis, levantando os assuntos mais polêmicos que já encortinavam a sua igreja por um longo período, manchando sua reputação mundial. O caso do banco do vaticano, com  desfalque e corrupção, a intervenção do novo papa, com a nomeação de uma comissão para a reforma financeira, a intenção do papa é harmonizar as atividades do Instituto para as Obras de Religião (IOR), popularmente conhecido como Banco do Vaticano. Já resultando na prisão de envolvidos no problema, colocando em pauta a reativação do mesmo.

Assuntos polêmicos como a eutanásia, mantém vivo o respeito pela vida humana; as relações homoafetivas, muito embora seja contrário a homossexualidade, respeita os homossexuais, mantendo a coerência da igreja; luta fervorosamente pela igualdade social, num mundo onde grande parcela da humanidade passa fome enquanto outra parte joga comida fora por vários fatores; um dos assuntos mais polêmicos é a pedofilia dentro da sua igreja e ele tem tratado esse item com contundência, assinou em 11 de junho próximo passado decreto de Motu próprio, reformando o código penal do Vaticano elevando a rigidez nas sanções nesse tipo de crime.

Tendo adotado o nome de Francisco mostra que a Sua Santidade Papa Francisco quer um novo caminho para uma igreja que parecia fadada ao encolhimento ante o sucesso de outras religiões que tiveram um crescimento muito grande nos últimos tempos. A igreja Católica que já teve uma participação de 99.7% no território nacional, os seus fiéis hoje correspondem a uma  população de 123,3 milhões, ou 64.6% dos brasileiros.
É importante lembrar que o atual momento é fundamental para o desenvolvimento religioso dos nossos jovens, quando eles estão num processo de conscientização política, indo as ruas reivindicar seus direitos, lutando não apenas pelas suas causas estudantis, mas pela comunidade como um todo, em busca de melhorias, além da educação, saúde, transportes e segurança, entre outros quesitos que possam viabilizar uma melhor qualidade de vida as comunidades carentes do nosso país.

Essa mesma juventude se engaja no movimento da XXVlll Jornada Mundial da Juventude, na cidade do Rio de Janeiro, com a presença do Papa Francisco, evento realizado pela primeira vez em um país da língua portuguesa e a segunda vez num país da América do Sul, o primeiro ocorreu em 1987 na Argentina, e agora temos a oportunidade de mostrar ao mundo o nosso potencial como um país solidário e religioso.

Já tivemos oportunidade de organizar movimentos juvenis de outras religiões dentro do nosso território com absoluto sucesso, esperamos que esse movimento atual seja efetivamente coroado de êxito, com a participação de jovens de vários países e de pessoas de todos os Estados do nosso país.

Que seja dada uma trégua nos movimentos de rua para podermos mostrar que somos um povo que luta pelos seus direitos respeitando o direito dos outros, de ir e vir, e a nosso imagem seja mantida e continue sendo respeitada pela nossa excelência na cordialidade entre os povos.

O que nos perguntamos é o que vamos aprender, qual a herança que ficará, com a presença do Santo Papa entre nós durante esta semana de entrelaçamento e ensinamentos entre os jovens. Qual será o exemplo maior que será seguido pela nossa gente, principalmente a classe política que precisa de muita misericórdia para continuar sendo dignos de serem tratados como seres humanos, de tão nefasto comportamento tem tido nos últimos tempos, envergonhando a todos nós brasileiros, que não se dignificam nem mesmo a ler e ouvir as vozes das ruas, dando a interpretação que bem lhe convir, para continuar nos seus atos de corrupção e depredação ao erário público. “...A vaidade é um princípio da corrupção” – Joaquim Maria Machado de Assis (Machado de Assis), 1839/1908, carioca, o maior escritor brasileiro, poeta, cronista, dramaturgo, contista, folhetinista, jornalista e crítico literário.
*Poeta e Escritor

dantasgenival@hotmail.com
Papa Francisco, um novo líder para uma velha igreja Papa Francisco, um novo líder para uma velha igreja Reviewed by Clemildo Brunet on 7/23/2013 08:02:00 AM Rating: 5

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