12 DE SETEMBRO: A FESTA DE NOSSA SENHORA DO BONSUCESSO, A PADROEIRA DE POMBAL
Jerdivan Nóbrega de Araujo |
Jerdivan Nóbrega de Araujo
Não são poucas às vezes que
eu me pego explicando aos filhos e amigos de Pombal, ou revisando textos que me
chegam às mãos, que a padroeira da nossa cidade não é Nossa Senhora do Rosário
e sim nossa Senhora do Bonsucesso, para quem foi construída e dedicada a
primeira igreja do então povoado, construída entre 1698 e 1701, como marco da
fundação do povoado. A princípio era uma capelinha tosca, de taipa e madeira
erguida próximo onde hoje se encontra a Igreja do Rosário, (1721). Só mais
tarde, foi entregue terceira igreja, hoje Matriz de Nossa Senhora do Bonsucesso
(1897).
A igreja antiga foi passada
para a administração da Irmandade dos Negros do Rosário, se transformando em
Igreja de Nossa Senhora do Rosário de Pombal. A denominação do lugar de
Povoação de Nossa Senhora do Bom Sucesso do Pinhancó e
a consequente adoção da
Padroeira não foi nenhuma promessa feita
por Teodósio de Oliveira Ledo a Nossa Senhora do Bonsucesso, em batalha contra
os primitivos que ocupavam aquela vasta região, como escreveu alguns
estudiosos, entres estes o Padre Manuel de Otaviano em sua celebre conferencia
“A Origem e a Evolução Histórica da Paróquia e do Município de Pombal”
proferida em 1949.
Na verdade, por falta de
maiores informações e documentos a igreja quis dá uma conotação religiosa a esta batalha que de fato
aconteceu, quando em 1697 Teodósio viajou a capital da Província e solicitou ao
governador, Manoel Soares de Albergaria soldados, mantimentos, armas e
munições, para expulsar os índios do lugar. Atendido, Oliveira Ledo retornou e
consegue um “bom sucesso” frente aos indígenas e funda, em 27 de julho de 1698
Povoação de Nossa Senhora do Bom Sucesso do Pinhancó , mas a vitória de
Teodósio se deu sem a necessidade de fazer promessas, porque este tinha muitos
armamentos, munições e poder de fogo, contra os arcos, flechas e tacapes dos
poucos indígenas remanescentes. A luta foi tão desigual que não houve nenhuma morte
da parte de Teodósio, ao contrário, foram mortos trinta e dois índios, feitas
setenta e duas presas e mortos a “sangue frio”, outra quantidade. Um verdadeiro
massacre, como é descrito pelo próprio desbravador em carta dirigida ao
governador da Paraíba, Manuel Soares de Albergaria.
Até o final da década de
1950 a festa mais tradicional já era a do Rosário, sendo, porém, a de maior
importância ainda a de Nossa Senhora do Bom Sucesso, que era realizada no dia
12 de setembro, por toda uma semana, e começava com o hasteamento da bandeira
ao som da Filarmônica local e muitos foguetórios, costume que não mais existe
nos dias atuais.
Durante os novenários a
Matriz se enchia de gente que chegava das fazendas e das cidades vizinhas. Ao
mesmo tempo se realizavam as festas profanas, armando caprichosamente pavilhões
no centro da cidade, simbolizando as cores azuis e vermelhas. Circulava, às
vezes, um ou dois jornalzinhos humorísticos, como o “Espião” e o “Grilo”, sob a
direção do bacharel Lourival Cavalcante. Surgia, vez por outra, um jornalzinho
radiofônico, o primeiro que apareceu aqui teve a direção do jornalista Gil
Gonçalves. O sistema de difusão era feito através da Difusora Guarani,
comandada por Seu Raimundo Sacristão.
No último dia da festa
celebrava-se a missa solene, durante a qual se fazia o sermão alusivo à data,
que naquele dia se comemora com todas as pompas e liturgias. À tarde,
realizava-se a Procissão, sempre contando com avultado número de fiéis para o
seu acompanhamento.
Na última noite da semana de
comemorações, realizava-se a quermesse, onde havia a disputa entre os pavilhões
do “Cordão Azul” e “Cordão Encarnado”, que competiam por quem colocava em suas
barracas mais “gente importante”, e arrecadava mais dinheiro para a paróquia,
através dos leilões, que iam de vacas a cavalos, mulas, galinhas e até
terrenos, que eram doados pelos moradores da freguesia, devotos da padroeira.
Á meia noite acontecia à
apuração para conhecer qual o pavilhão era o vencedor, e que teria a honra de
colocar o Cetro na cabeça das candidatas que disputavam o titulo de Rainha da
Festa. E assim terminavam os festejos da Padroeira de Pombal, Nossa Senhora do
Bonsucesso que se comemora no dia 12 de setembro.
Mais um folguedo esquecido
pelos filhos de Pombal e que de certa forma foi suplantado pela tradicional
Festa dos Negros do Rosário.
(Fontes
Consultadas: textos de Verneck Abrantes)
12 DE SETEMBRO: A FESTA DE NOSSA SENHORA DO BONSUCESSO, A PADROEIRA DE POMBAL
Reviewed by Clemildo Brunet
on
8/12/2013 05:45:00 AM
Rating:
Nenhum comentário
Postar um comentário