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CICLOS ECONÔMICOS DE POMBAL

Ignácio Tavares
Ignácio Tavares*

 Perspectivas para o inicio de um novo Ciclo

Conforme observei no final do texto anterior no qual falei sobre o início e fim do segundo ciclo econômico de Pombal, ficou bem claro que a recessão que correu em seguida, ocasionou indesejáveis perdas de posições no quadro da economia estadual. Pois é, na década de noventa, com ênfase na segunda metade, a economia local entrou em regime de marcha lenta. Com efeito, somente no inicio deste novo milênio é que a economia volta a apresentar débeis sinais de crescimento.
  
Assim sendo, por mais que seja lenta expansão da economia local neste início de milênio, há indícios de que um novo ciclo econômico está em marcha, porem numa intensidade menor do que os dois ciclos anteriores. Pra ser sincero confesso que a minha crença neste novo ciclo que está a despontar não está recheada de otimismo. Isto porque desconfio que, esta pequena movimentação que ocorre na economia da terrinha, neste início de milênio, seja um reflexo do que está acontecendo na economia nacional, que voltou a crescer, porém,
a um percentual não condizente com a posição que ocupa no cenário econômico mundial.
  
Se essa afirmativa for confirmada mais uma vez volto a dizer que a falta políticas públicas especiais por parte dos executivos municipais da terrinha, de ontem e hoje é o principal fator responsável por este estado letárgico em que se encontra a base econômica do município. Infelizmente, nos últimos quinze anos os prefeitos eleitos para ocupar o paço municipal estão mais para o gênero “obreiro” do que para o gênero “promotores de desenvolvimento econômico e social local”.
 
Apesar dos pesares reafirmo que economia do município cresce, porém a níveis que deixam muito a desejar. Essa lentidão no processo de crescimento podia ser diferente se as forças políticas que dominaram o poder municipal na virada do milênio tivessem evitado que a terceira Central de Abastecimento do estado (CEASA), projetada pra nossa terra, fosse realocada para o município de Patos.

Essa tragédia aconteceu logo após o falecimento do deputado Levi Olimpio, e logo em seguida a morte do governador Antonio Mariz. Este foi o maior equívoco, entre tantos outros cometidos pelo grupo político instaladas no comando do município naquela ocasião. O povo da minha terra ainda hoje paga um preço muito caro por conta desse gesto de indiferença que nos custou muito, posto que formos tolhidos de ver instalado no município um importante entreposto comercial de caráter intermunicipal. Outra oportunidade dessas jamais acontecerá. Que pena, hein?
 
O que me leva a lembrar esse fato é porque esse gesto de indiferença, aos interesses maiores do nosso povo, causou graves prejuízos para a economia de Pombal. Considero esse episódio um caso típico de “Crime de Lésa-Municipio”, qual seja, um atentado aos interesses maiores do povo da terrinha.

Se a referida Central de Abastecimento tivesse sido instalada no nosso município, sem dúvidas o impacto na economia local, por extensão nos municípios vizinhos, seria deveras espetacular. Com certeza a geração de emprego chegaria aos milhares, porquanto os demais setores da economia seriam impulsionados em razão da reativação e expansão das atividades irrigadas.  

Repito: mesmo assim, apesar dos pesares, a economia de Pombal apresenta tímidos sinais de crescimento a um ritmo inferior aos percentuais ostentados pelos demais municípios vizinhos. Isso se deve ao fato de que a formação bruta de capital que impulsiona o PIB do nosso município, na sua grande parte, circunscreve aos investimentos realizados pelo setor publico, particularmente nas áreas de educação, saúde e saneamento básico.

Com efeito, isso significa dizer que a formação de capital a mercê do setor privado, em volume, deixa muito a desejar. No sentido oposto, os municípios vizinhos de base industrial mais avançada exibem uma formação bruta de capital, via setor privado, mais robusto, em se comparando com os investimentos realizados no nosso município por esse mesmo setor. Isso acontece porque a frágil base industrial de Pombal está muito aquém da base industrial de Patos, Sousa Cajazeiras Catolé do Rocha e São Bento. (Veja os textos que escrevi tempos atrás sobre a economia dos seis municípios mais desenvolvidos do sertão)
  
Por esta e outras razões a participação do setor secundário na formação do PIB, aqui na terrinha está aquém do desejado conforme os números expostos em textos anteriores. Desse modo o município corre o risco que no curto prazo venha a perder o posto de quarta posição entre as economias mais importantes do sertão paraibano.

Posto isso se pergunta: assim como aconteceu décadas atrás haverá um terceiro ciclo? Acredito que sim, mas jamais igual aos ciclos anteriores. Vejamos: faz sentido considerar que o desequilíbrio entre investimentos públicos e privados atua como uma espécie de força refratora que impede a sequência do crescimento da economia no ritmo desejado. Se os investimentos privados permanecerem nos níveis atuais e quando exaurirem os investimentos públicos, com certeza a economia de Pombal crescerá com certa lentidão, ou como se diz, devagar quase parando.

Como exemplo pode-se citar os investimentos públicos realizados na instalação do Campus da Ufcg. Estes investimentos por algum tempo vão influenciar na dinâmica do PIB do município, mas, quando o cronograma de execução das obras for concluído, sem dúvida, este agregado crescerá a ritmo mais lento.
É verdade que a instalação do Campus teve lá seus efeitos positivos na economia do município, pois acelerou a construção civil, por conseguinte influenciou os demais setores produtivos. A nota triste é que esse fenômeno tem data para terminar ou pelo menos diminuir de intensidade em razão da redução da demanda por imóveis para alugueis.

As consequências desse desequilíbrio nas fontes de investimentos são previsíveis no médio e longo prazo.  Se o PIB não crescer a contento, com certeza, haverá uma insuficiência na geração de novos empregos. Desse modo, a massa salarial permanece semiparalisada, com graves reflexos na dinâmica do comercio bem como dos demais setores  da economia do município.

Não é lícito traçar um futuro sombrio para a nossa economia porque o município é privilegiado em razão da disponibilidade hídrica e terras apropriadas para o desenvolvimento de um arrojado programa de irrigação. É claro que isso é possível porque temos o que outros municípios não têm, sejam, recursos de produção abundantes, porem subutilizados. Por outro lado, também é verdade que não existem políticas públicas especificas voltadas para a potencialização dos recursos disponíveis a fim de gerar emprego e renda, bem como detonar um novo ciclo de crescimento sustentado por longa duração.

Com efeito, os demais municípios vizinhos, Patos Sousa, Cajazeiras, Catolé e São Bento, através da oferta de incentivos específicos estão a atrair importantes investimentos, particularmente no setor industrial. Com certeza o ciclo de crescimento que estão experimentar esses municípios deve ser mais solido e duradouro, ao contrario de Pombal, onde a expectativa de investimentos via incentivos praticamente não existe, pelas razões expostas.
   
Agora se pergunta: você que pensa, que lê, escreve, preocupa-se com o futuro da sua terra, ou melhor, com o bem-estar das gerações presente, assim como do futuro, está feliz com essa situação? O que se deve fazer para mudar esse cenário de atraso a que está submetido a economia do nosso município? É bom pensar rápido porque não podemos ficar de braços cruzados esperando que as coisas aconteçam.
 
Pra piorar a situação, segundo as estatísticas econômicas de 2010 recentemente publicadas pelo IDEME/Pb, a preço de hoje, São Bento é a quarta economia mais importante do sertão paraibano. E nós? Depois tratarei desse assunto.

 João Pessoa, 03 de Agosto de 2013
 *Economista e Escritor pombalense
CICLOS ECONÔMICOS DE POMBAL CICLOS ECONÔMICOS DE POMBAL Reviewed by Clemildo Brunet on 8/03/2013 05:36:00 AM Rating: 5

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