Meu Pai, O Pai da Matéria
Genival Torres Dantas |
Genival
Torres Dantas*
No
inicio e na minha falta de entendimento, era muito novo até para fazer
comparações ou ter parâmetros que me desse uma noção de valores, na proporção
que o tempo passava, fui aprendendo e assimilando as noções que a própria
natureza nos impõe para irmos aos poucos fazendo até atingirmos a maturidade,
mesmo porque não nascemos prontos, e darmos uma sequência
normal no percurso da vida.
E nessa
fase aprendi o valor da sua presença, meu pai, quão importante naquele momento
e naquela fase. Conceitos básicos como moral e cívica, atitudes para encarar os
problemas de frente e
não fugir deles, foi aí que percebi a simplicidade e
profundidade das suas atitudes ao mesmo tempo, ao me alertar, “se correr o
bicho pega, se ficar o bico come, mas, se abraçar a causa o bicho foge”.
Belo
ensinamento, meu pai! Até então só sabia das duas primeiras possibilidades e
você me colocou a perspectiva de uma terceira e a mais importante de todas!
Mostrando-me que a vida é curta, mas não podemos transformá-la em pequena,
banalizá-la de tal forma que nos sentíssemos apressados em vivê-la, quando na
realidade temos de ter pressa para atingirmos os objetivos, ou o ponto
desejado, porém, com calma e ponderação nas tarefas a serem executadas.
Um dos
sentimentos importantes, e devo ressaltar, foi o da felicidade, eu buscava em
todos os lugares com inquietude, sua alerta me mostrou que ela está dentro de
nós, portanto, não podemos culpar terceiros pelos nossos momentos de angústias,
não adiantava ir à busca dela, basta nos mantermos em quietude e ela viria até
nós como tudo aquilo que é simples e nos proporciona uma vida sem futilidades e
de profunda harmonia entre a alma e a matéria.
A
riqueza maior é o que podemos ter sem nos causar transtornos, desavenças ou
mesmo ser motivo de fratricídio, e poder trazer benefício à humanidade com
características de sustentabilidade, não trazendo malefícios a natureza,
construir pontes entre os bons sentimentos, destruir muros e cercas que possam
tirar a visão do belo sem descaracterizar sua essência, pavimentar estradas
oferecendo conforto, mantendo o equilíbrio e manutenção das espécies e a vida
do bioma, erguer o novo sem destruir o antigo.
Trabalhar
pelo engrandecimento da raça humana, contribuindo pelo seu crescimento em todos
os aspectos, ensinando aos mais jovens, respeitando a experiência dos idosos,
aceitando suas limitações físicas, alargando a interação entre as etnias,
religiões, classes sociais, sexo e ideologia; não se esquecendo de tratar bem
os animais e as plantas que proporcionam o equilíbrio do nosso planeta.
Hoje,
olhando para trás posso observar que meu esforço foi enorme para por em prática
seus ensinamentos, meu velho, o velho aqui significa tratamento de carinho,
também me ensinou que “velho é o que não podemos levar para o futuro e idoso é
o que trazemos do passado com muito orgulho”, e apesar da minha determinação
não fui capaz de praticar tudo, apesar do seu esforço procurando me orientar
durante muito tempo e por todo tempo, por isso peço desculpas pela minha
dificuldade em ser aquilo que você projetou e fui incompetente em sê-lo.
Sou de
outra geração, com outros valores e conceitos, quando o ser era mais importante
que o ter, portanto, não seria diferente, apesar do meu esforço e do meu
sentimento, certamente você reconhecerá o que fiz e entenderá o que não
observei.
Parabéns
por esse dia e todos os dias, tão especiais para os filhos que os tem, assim
como eu tenho, o pai que todos gostariam de ter, assim como você é, o pai da matéria.
*Escritor e Poeta
dantasgenival@hotmail.com
Meu Pai, O Pai da Matéria
Reviewed by Clemildo Brunet
on
8/10/2013 05:08:00 AM
Rating:
Nenhum comentário
Postar um comentário