banner

Um grito de desesperança soa no ar

Genival Torres Dantas
Genival Torres Dantas*

Depois das tensas e frias noites de junho, havia uma esperança em todos nós que o resultado fosse a conscientização da classe politica, para quem era apontada as manifestações, com gritos de ordens, dos jovens que desfilaram suas reivindicações pelas ruas, noites adentro; para perplexidade da grande maioria que viram nos gestos dos adolescentes da classe média, o desespero que havia e a inercia da população que acompanha o desenrolar dos fatos sem nenhuma reação contrária que viesse a deter a fúria indecente na politicagem dos que exercem o poder e se acham  donos dele, e sem nenhum constrangimento pratica o exercício do desvio de recursos de vários setores da administração pública, compartilhada entre o executivo e o legislativo e por parte de inúmeros políticos e das mais diversas correntes ideológicas, em todo território nacional, o que é mais deprimente é o uso da indecência administrativa em nome da governabilidade e

sua sustentação.
Justificando a tese de que a história se repete, fui buscar no final do século XVl e inicio do século XVll, o enredo das peças de teatro escritas pelo maior de todos os dramaturgos, e de todos os tempos, o inglês William Shakespeare (1564/1616), quando seus personagem banalizavam a corrupção no trato com o erário público e a incúria com a população, sem a menor preocupação com o dia seguinte, como se fora o Carpe Dien, vivido pelos romanos antes da queda do seu império, ou seja, viver o tempo todo e por todo tempo como se fosse o último dia e com toda intensidade, destruindo tudo que fosse possível, o mais importante era o prazer do momento, quando a ética dos bons constumes fora substituida pela descompustura, condenável prática para um povo civilizado e que procura deixar algum legado positivo para as gerações futuras.

O tempo passou e os nossos jovens antes mergulhados no idealismo em prol de um país mais digno da sua história, se recolheram à sua realidade sem ter conseguido mover o sentimento desenroso da procrastinação na lealdade para com o país, que paira sobre a grande maioria dos nossos governantes, independentemente de cargo ou partido político.

O que restou foi o exemplo de que tudo é possivel dentro da unidade e da perseverança, seguindo esse conceito, as entidades de classee e sindicatos, antes paradas olhando pela janela o ruído das ruas, partiram para a luta em busca de seus objetivos. Infelizmente, a anarquia vista nas manifestações daqueles dias, continuam. E a bandidagem aproveitou o momento, do movimento da juventude, para praticar crimes, com suas badernas e depredações, prossegue com a prática nefasta e sem sentido, da irresponsabilidade, piorando a sua prática, com invasões de prédios que servem às discussões à prática da Democracia, como as praças públicas, Câmaras Municipais e Estaduais, a Camara e Senado Federal, numa verdadeira afronta às nossas instituições, sem nenhum respeito ao que nos é mais sagrado à Democracia, sendo confundida até com libertinagem e desordem.

Na outra ponta continua o exercício do “dando que se recebe”, agora com total ausência da falta de medo ou receio daqueles que pagam o salário dos que foram eleitos para administrar o país com responsabilidade e respeito, tendo como resposta o atual quadro de espanto.

O congresso Nacional se rendeu novamente as benesses do poder central, numa hora no mínimo inoportuna, comparilhando as migalhas das sobras em troca da aprovação das emendas e MPs (Medidas Provisórias) que lhe interessa, e esse, manteve vetos do executivo no exato momento que o mesmo poder centralizador, libera verbas orçamentárias para sua base aliada, cujo montante supera, em mais de cinco vezes os valores liberados nos sete primeiros meses do ano, numa demonstração clara da troca de favores. Esse fato, se efetivamente tiver relação direta com o que nos parece evidente, dando que se recebe, só envergonha toda classe, por ação e comportamente de alguns membros que hoje se constitue numa grande fatia, ou percentual; só nos resta lembrar aos de memória curta: aos que se beneficiam de coisas cujas origens são duvidosas valem tanto quanto os que aliciam e conseguem seus intentos pelas vias da corrupção.

Ao mesmo tempo, esse mesmo congresso adia a votação de duas emendas de real interesse à economia nacional, como a suspensão da taxa provisória de 10% sobre o fundo de garantia, na dispensa do funcionário quando não há justa causa; e as negociações, junto ao Banco do Nordeste do Brasil, das dívidas contraidas pelos agricultores nordestinos que vivem numa situação de penúria provocada pela incerteza da manutenção dos seus pequenos patrimônios, fato causado principalmente pela estiagem naquela região desde o ano de 2011, em algumas regiões, e vem persistindo até o atual momento.

O Brasil político passa por um período difícil, enquanto o governo e seus aliados, no plano federal, estão envolvidos em negociatas dentro do congresso; os governos estaduais, principalmente os Estados do Rio de Janeiro e São Paulo, administrados pelos partidos PMDB e PSDB, base aliada e oposição ao governo central, respectivamente, estão em rota de colisão com a opinião pública pela péssima administração e os casos de corrupção que estão sendo acusados pelos jornais diariamente.

A consequência de tudo isso é a fragilidade em que a economia está situada e vai aos poucos se complicando, os erros de interpretações de quem administra a área econômica chega ser estapafúrdia para um país que tinha o setor sob absoluto controle, estamos com as contas da balança comercial em deficit; a inflação ameaçando o poder aquisitivo do trabalhador; a política de emprego que era uma das bandeiras do atual governo já começa a mostrar sinais de desgastes; as obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) não tem uma solução de continuidade que nos traga esperança na execução final de cada obra, há sempre aportes de capitais e adiamentos nas suas execuções, como consequência, há inúmeras obras iniciadas e inacabadas em todo território nacional; as obras para melhorar a nossa logística, principalmente as rodoferroviárias estão paradas, muitas delas nem foram licitadas; no Programa mais Médicos, há um crasso erro médico: não precisamos de quantidade de profissionais, mas, necessitamos de qualidade e aparelhagem que possam prestar um serviço eficiente e eficaz, aos pacientes acampados em macas nos corredores e dentro de ambulâncias que perderam suas finalidades, que era primordialmente a remoção de doentes para unidades médicas equipadas e abertas ao bom atendimento médico à nossa população carente que busca a cura dos seus males, e que carece de respeito nas suas necessidades básicas, com direitos adquiridos na nossa Carta Mágna de 1988, além disso, o programa é questionado pois não há transparência no texto contrato feito junto ao governo de Cuba, de onde está vindo 4000 profissionais médicos, 400 já estão chegando até a próxima semana, num verdadeiro estado de extase aos governantes e a perplexidade aos brasileiros conscientes pela possibilidade de haver regime de semi escravidão aos cubanos, pelo seu país de origem, o que é lamentaável e vergonhoso para o segmento médico brasileiro, até mesmo para o brasileiro comum.

Não é difícil de analisar, o povo brasileiro, não obstante o desespero que está vivendo, também está sem opção para as eleições do próximo ano, o governo com sua presidente em declínio na avaliação dos dados levantados pelos orgãos de pesquisas, e a oposição sendo avaliada no mesmo patamar conceitual. Caso não ocorra um fato novo, como o surgimento de uma liderança nova, trazendo luzes ao horizonte que se desenha no definhado e roto quadro político, nesse caso, vamos ter que votar naquele pleito por puro espírito cívico, sem nenhum estímulo ou esperança para o futuro que se avizinha, com nuvens negras não tão passageiras, triste situação!
 *Escritor poeta e colunista
Um grito de desesperança soa no ar Um grito de desesperança soa no ar Reviewed by Clemildo Brunet on 8/24/2013 11:46:00 AM Rating: 5

Nenhum comentário

Recent Posts

Fashion