POMBAL: Deixa de ser a quarta economia do sertão.

Ignácio Tavares

Ignácio Tavares*

Há muito estou a chamar atenção da possibilidade de Pombal ser desbancado da posição de quarta economia mais importante do sertão paraibano. Falei, escrevi, mostrei em números, finalmente aconteceu. Vejamos como as coisas aconteceram: conforme os agregados de 2008, publicados tempos atrás, em termos econômicos, Pombal, Catolé do Rocha e São Bento, estavam praticamente empatados.

No ano seguinte, Catolé retraiu-se um pouco mas, Pombal e São Bento continuaram empatados. Mas, em 2010 São Bento vence a corrida e

assume a posição de quarta economia do sertão paraibano. Esse revés a que está sofrer a economia de Pombal, sem dúvida, é consequência da estagnação econômica do final do século passado.

  

N’outros textos deixei bem claro que foi a partir do quinto ano da primeira década deste milênio que a economia de Pombal timidamente, começou apresentar sinais de crescimento, porem num ritmo não compatível com a necessidade de se manter na posição de quarta economia do sertão paraibano. É apenas uma lembrança para tornar mais clara a razão porque a nossa economia não está a acompanhar o ritmo de crescimento dos vizinhos próximos.

Não sei dizer por quanto tempo São Bento manter-se-á nesta confortável posição. É provável que haja uma certa firmeza na economia deste município, pois a indústria de fiação e tecelagem que dá sustentação a sua base econômica dá sinais de que tenderá a crescer ainda mais nos próximos anos. Vejamos o quadro abaixo onde se pode visualizar a evolução das economias dos seis municípios numa pequena série de três anos.

PIB dos seis municípios mais desenvolvidos do sertão no período 2008/2010 

Municípios	Anos			Var %
	2008	2009	2010
Patos	548.316	615.181	652.747	19,0
Sousa	474.907	531.249	586.365	23,5
Cajazeiras	399.760	426.917	461.767	15,5
São Bento	137.000	157.255	192.758	40,7
Pombal	139.424	158.410	183.903	31,9
Catolé	132.659	146.768	162.776	22,7

Fonte: IBGE/IDEME

Pelos números expostos, em milhões de reais, observa-se a variação do PIB dos seis municípios mais desenvolvidos do sertão paraibano. O PIB de cada município, repito, está exposto em milhões de reais. O percentual de variação dos agregados tem como base o ano de 2008. Estes percentuais estão expostos da última coluna, segundo a ordem de importâncias econômica dos municípios no presente momento.

Evito falar em crescimento do PIB e sim variação, posto que, para se calcular a taxa de crescimento anual, para cada município, faz-se necessário fazer a correções em todos os preços que formam os custos dos investimentos públicos e privados, bem como das mercadorias e serviços produzidos no decorrer do ano, da mesma forma público e privado.

 Assim sendo, é mais correto falar em variação, até porquê de certo modo, a depender da sua grandeza, é possível mostrar a tendência de crescimento da economia de cada um dos municípios em questão. Quero dizer que, de um modo geral, quanto maior for a variação do PIB, mesmo não corrigido, de uma ano pra outro, maiores serão as expectativas de crescimento da economia.

Nesta pequena série de três anos observa-se que os municípios de São Bento e Pombal apresentam consideráveis variações nos seus respectivos produto interno bruto, quando se compara o ano de 2010 a 2008. A variação do PIB de São Bento foi da ordem de 40,7%, porquanto a de Pombal foi de 31,9%.

Os demais municípios apresentam variações que vão da mínima de 15,5%, o caso de Cajazeiras a 23,5%, o caso de Sousa. Isso não significa dizer que esses números representem pontos fora da curva de crescimento histórico da economia dos três municípios mais desenvolvidos da região.

  

Pelo contrário, dado o volume do PIB de cada um desses municípios, uma taxa de variação mínima de 15% representa uma considerável soma de recursos a mais em se comparando com os demais municípios cujo PIB, isoladamente, representa menos de duas centenas de milhões de reais.

O objetivo desse texto é mostrar que, infelizmente, não sei se por enquanto, não somos mais a quarta economia do sertão. As causas dessa situação vem de muitos anos atrás. Apesar do PIB de Pombal apresentar uma variação de 31,9% em 2010 com relação a 2008, não significa dizer a economia do município esteja a caminhar em marcha acelerada.

Quando se compara a variação do PIB da terrinha em 2009, com relação a 2008 verifica-se que foi de apenas 11%. Esse salto observado, de 31,9% em 2010, acredito que  em grande parte deve-se aos investimentos públicos realizados na construção do Campus da UFCg, que com certeza ainda podem influenciar, não com a mesma intensidade, nos próximos cálculos dos PIB de 2011, 2012 e 2013.

É provável que outros investimentos em fase de realização pelo município, no setor de saneamento básico, saúde, possam, da mesma forma influenciar o cálculo dos próximos agregados. Infelizmente as coisas não acontecem tal qual se espera, posto que, às vezes investimentos fundamentados em transferências de recursos estaduais, federais se diluem com o passar do tempo.

Isso significa dizer que em razão da lentidão nas liberações das parcelas conforme o cronogramas de execução das obras, investimentos dessa natureza desconcentra-se na formação do PIB, quando se trata de um período de longo prazo.

  

Por outro lado, o baixo desempenho do setor privado, na formação bruta de capital, pouco tem contribuído para o fortalecimento da base econômica do município, o contrário do que acontece nos municípios vizinhos.

Sem a participação do setor privado a tendência é nos afastarmos cada vez mais da possibilidade de no longo prazo permanecermos na posição histórica de quarta economia mais forte do sertão paraibano. Tomara que Ignácio esteja errado, mas infelizmente, os números apontam para a direção oposta, seja podemos perder definitivamente o que ao longo do tempo construímos com muito trabalho e ousadia.

João Pessoa, 12 de Novembro de 2013

*Economista e Escritor pombalense