O Brasil que precisa ser difundido

Genival

Genival Torres Dantas*

Uma pessoa amiga me procurou no decorrer da semana, sabendo que gosto do tema relacionado a geopolítica brasileira, me questionou a respeito da separação da Região Sul, das terras do Brasil, me instigando até para que fizesse uma reflexão da época da Guerra dos Farrapos ou Revolução Farroupilha, 1835/1845, de caráter republicano, contra o sistema imperial brasileiro, quando também, e por extensão, foi instituído por um período de 24 de julho de 1839, perdurando até 15 de novembro do mesmo ano, a República Juliana, hoje o Estado de Santa Catarina.

Comecei a lembrar de rascunhos e discorrer que esses movimentos tinham como finalidade a separação do Sul do Brasil das outras Regiões e

foram sufocados pelo governo centralizador, como tantos outros insurgimentos sob alegação dos altos impostos pagos sem contrapartidas justificáveis, ressaltando a camisa de força que sempre foi colocada nos Estados e municípios, instrumentos basilar numa federação.

O instinto separatista foi sempre uma constante em nosso território quando definitivamente foi proclamada a República. Dai para frente temos acompanhado descontentamentos regionais, não podia ser diferente, pela extensão territorial que temos e as grandes diferenças geopolíticas que fazem parte do nosso país.

Ajustes políticos são tentados para que vivamos com a paz que merecemos, dentre eles destacamos muitos programas de incentivos e incrementos as regiões mais carentes, destacamos alguns projetos. O nordeste, com sua singular seca, teve a criação da SUDENE (Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste), em 1959, órgão, autarquia especial, administrativa e financeiramente autônoma, integrante do Sistema de Planejamento e de Orçamento Federal, criado por solicitação do governo de Juscelino Kubitschek de Oliveira ao economista paraibano, Celso Monteiro Furtado, que idealizou um órgão para estimular a economia do nordeste, com incentivo e estímulo as indústrias de grande e médio porte, para se instalarem naquela região, sendo beneficiadas, pelo Estado, com renúncia fiscal e financiamento de bancos oficiais, com juros subsidiados, cuja finalidade era segurar o trabalhador na região e evitar a desertificação de determinadas áreas que já sofria desse problema, pelas dificuldades dos últimos tempos.

Promovendo, dessa forma, o desenvolvimento sustentável e a integração competitiva regional, tanto na economia nacional como a internacional. Permitindo a diminuição das desigualdades entre as regiões geoeconômicas brasileiras. Esse projeto beneficiava os Estados nordestinos e parte dos Estados de Minas Gerais e Espírito Santo. Infelizmente com a sequência do desvie de finalidade, fugindo dos seus objetivos fundamentais, se constituindo num verdadeiro foco de corrupção, depois de muitos escândalos, o governo do presidente Fernando Henrique Cardoso, extinguiu o órgão, a SUDENE, em 2001

Essa atitude foi um erro crasso, devia-se ter combatido a corrupção e não encerrar as atividades de um órgão de grande utilidade a uma região carente. Entretanto, constatado o equívoco, a SUDENE, foi recriada e reimplantada em 2002.

Para a Região Norte e parte dos Estados do Maranhão e Goiás, o governo do Marechal Humberto de Alencar Castelo Branco, em 1966, criou a SUDAM (Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia), com a mesma finalidade da SUDENE, agora com o objetivo de atrair recursos e investidores para Região Norte, com sede em Belém/PA e cobrindo um território correspondente a 61% da área do Brasil.

Infelizmente, com os mesmo problemas que a SUDENE, desvio de finalidade e inúmeras denúncias de corrupção, novamente, o presidente Fernando Henrique Cardoso, em 2002, extingue a SUDAN. Em 2003, já no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a SUDAN é recriada e reimplantada com os mesmo objetivos desenvolvimentistas.

Para a Região Norte, ainda em 1967, foi criada a SUFRAMA (Superintendência da Zona Franca de Manaus), administrando o Pólo Industrial de Manaus (PIM), impulsionando os investimentos para a região, estimulando emprego e renda, com capacitação tecnológica e científica, com responsabilidade na ocupação da Amazônia Ocidental, preservando o meio ambiente com uma economia sustentável, mantendo a mata amazônica de forma a proporcionar o equilíbrio do nosso país na preservação do ecossistema de forma que não se altere, fundamentalmente, o nosso clima, mantendo-se as formas que temos regionalmente.

Para que isso ocorra existe um custo a ser pago por todos nós, nesse caso, esse pagamento é feito na forma de renúncia fiscal, estimulando indústrias, segurando o homem na sua região, com emprego e qualidade de vida, sem alterar a natureza da região. Isso existe e é feito, a grande maioria dos brasileiros não sabem da existência da Zona Franca e sua função social e política.

Para que as chuvas do Sul, Centro-oeste, e Sudeste ocorram há a necessidade da circulação dos ventos vindos da região amazônica, para que isso ocorra, a mata amazônica contribui com grande parcela, são fatos que não são disseminados, tudo que tem finalidade, ou razões políticas devem  ser divulgados para que não ocorra erro de interpretação ou malversação.

Tudo que existe há uma finalidade de ser, o Brasil não é apenas um país bonito pelas suas matas, seus rios, seu povo e sua generosidade, e o nosso país só é desse jeito pelo que ele representa em toda sua extensão territorial, cada item que compõe as riquezas regionais se complementa quando juntamos no todo, torna-se maior e mais representativo.

Não consigo imaginar o Brasil sem o sorriso de uma criança brasileira, de qualquer Estado, ou cidade, de qualquer cor ou etnia, de qualquer mansão ou palafita, na alegria e desejos saciados ou na dor da fome e da carência. Não consigo pensar o Brasil fatiado pelos desejos de poder de poucos em detrimento da felicidade coletiva.

Sem novas repúblicas, lutemos pela nossa federação, com um novo pacto federativo, com ampla estabilidade e sustentabilidade, sem o ranço das desigualdades.

*Escritor e Poeta

dantasgenival@hotmail.com