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PALHOÇA PANATI: UM PASSADO VIVO

Francisco Vieira
                                                
FRANCISCO VIEIRA*


            Como saudosista em potencial, vez por outra, num fluxo e refluxo da imaginação, trago o passado para o presente e revivo o ontem como se fosse hoje. Com base nesse fundamento, refiro-me a Palhoça Panati, que por sua marcante atuação socioeconômica, tem imensurável valor na história de Pombal.

            A palavra Panati em Pombal, não se restringe a denominação de uma tribo indígena da família dos Cariris, índios que povoaram a região no Séc. XVII. Sua ação vai além do significado da palavra. Num sentido mais amplo, significa diversão e laser, quando lembramos que um ponto comercial recebeu este nome tornando-se uma referência na vida dos pombalenses.

              Difícil, quase impossível, contemplar o Hotel Rio Verde sem relembrar a Palhoça Panati que ali funcionou por três décadas fazendo história e deixando saudades.        

            Instalada por volta de 1970, nasceu por iniciativa de Nivaldo Wanderley, seu primeiro proprietário. Apresentava estrutura simples, constituída de modesto barraco de madeira e zinco, tendo ao lado um espaço cimentado, próprio para dança e coberto com palhas de carnaúba que se assemelhava a uma oca, morada típica dos nativos. 


             Localizada na bifurcação das rodovias federais BR 230 com 427, surgiu com fins comerciais. Devido sua localização estratégica, em pouco tempo, tornou-se ponto de encontro para a população e parada obrigatória para camioneiros que ali por instantes paravam para um rápido lanche e descanso, principalmente no período noturno.

            Embora tendo iniciado em 1970, seu movimento foi tímido nos primeiros anos, passando por algumas administrações sem sucesso. É que nem todos são artistas na arte de comprar e vender. A propósito, a palhoça tomou impulso de fato a partir de 1974, graças a atuação do Sr. Antonio Galdino e família, composta de onze irmãos entre homens e mulheres. Numa ação coletiva, sob a liderança de Nildo, a família intensificou o trabalho, abriu uma variedade de opções dando-lhe nova conotação. O que antes fora um simples comércio se transformara em ponto de encontro de amigos, estudantes e namorados.

           Foram décadas de atividades, acumulando fatos pitorescos, fazendo história e deixando lembranças.  Era infinitamente salutar curtir a palhoça ao som dos últimos lançamentos musicais, regados a bebida preferida e saborear tira-gostos como coração de boi, queijo assado e arribação, especialidades da casa.

            De cara nova a palhoça passou a realizar festas dançantes, tornando-se, senão um clube social, pelo menos uma nova opção festiva para a população. Sua primeira festa foi animada pelo Aleijadinho de Pombal, ainda no anonimato e conhecido por Aleijado de Maria Farofa. Diante de inexpressiva denominação os patrocinadores deram de imediato ao grupo musical o atrativo nome de Banda Alegria. A partir daí, a palhoça promoveu memoráveis festas, animadas por grandes conjuntos musicais e renomados artistas como Waldick Soriano, Alípio Martins, José Orlando, Os Três do Nordeste, Zinho, João Dino, Chico Amaro e outros com garantia de superlotação. Vez por outra, recebia a visita de personagens do mundo político e artístico, a exemplo de Luiz Gonzaga, Reginaldo Rossi, Roberta Miranda que ali passavam para degustar as iguarias da casa, atraindo com suas presenças a atenção das pessoas.          

            Escrever sobre a Palhoça Panati é reconhecer sua valorosa participação na vida social de Pombal, tão importante quanto o Bar Centenário, Pombal Ideal Clube e mais. É sentir saudade de um período alegre e saudável vivido com entusiasmo; reviver a história com os antigos e compartilhar com os mais novos. É enaltecer a união dos irmãos Rau, Gilson, Chico, Esenildo, Nilson, Antonio Filho, além de Marlene, Marluce, Vera e Magda, todos sob a orientação de Nildo, líder e mentor da família.  É exaltar o mutirão familiar envolvendo a todos: irmãos, cunhados, sobrinhos como parceiros do mesmo ideal. 

            Nesse oceano de recordações também lembrar que foi palco de romances amorosos, cheios de encantos e desencantos. Que ali muitos namoros acabaram em casamento enquanto outros sequer começaram não passando de ilusões. É ainda destacar o clima de paz. A respeito asseguramos que nenhum tumulto de maiores proporções ocorreu em suas dependências, salvo, desavenças de somenos importância e consideradas “brigas de bêbados”, portanto de fácil solução.   

            Seguindo a ordem natural das coisas – começo, meio e fim – num dia e mês de 1996, a palhoça encerrou suas atividades, transformando em saudade importante página de nossa vida social. 

             Assim, revivendo os fatos de forma sintética, eis o meu tributo a Palhoça Panati, patrimônio histórico destruído fisicamente, mas que se eterniza na memória dos pombalenses - confirmação de UM PASSADO VIVO.
Pombal, 05 de abril de 2014

*Professor e Escritor pombalense













































































































































































































































































































































































































































































































































































































Como saudosista em potencial, vez por outra, num fluxo e refluxo da imaginação, trago o passado para o presente e revivo o ontem como se fosse hoje. Com base nesse fundamento, refiro-me a Palhoça Panati, que por sua marcante atuação socioeconômica, tem imensurável valor na história de Pombal.

            A palavra Panati em Pombal, não se restringe a denominação de uma tribo indígena da família dos Cariris, índios que povoaram a região no Séc. XVII. Sua ação vai além do significado da palavra. Num sentido mais amplo, significa diversão e laser, quando lembramos que um ponto comercial recebeu este nome tornando-se uma referência na vida dos pombalenses.

            Difícil, quase impossível, contemplar o Hotel Rio Verde sem relembrar a Palhoça Panati que ali funcionou por três décadas fazendo história e deixando saudades.        

            Instalada por volta de 1970, nasceu por iniciativa de Nivaldo Wanderley, seu primeiro proprietário. Apresentava estrutura simples, constituída de modesto barraco de madeira e zinco, tendo ao lado um espaço cimentado, próprio para dança e coberto com palhas de carnaúba que se assemelhava a uma oca, morada típica dos nativos.



            Localizada na bifurcação das rodovias federais BR 230 com 427, surgiu com fins comerciais. Devido sua localização estratégica, em pouco tempo, tornou-se ponto de encontro para a população e parada obrigatória para camioneiros que ali por instantes paravam para um rápido lanche e descanso, principalmente no período noturno.

            Embora tendo iniciado em 1970, seu movimento foi tímido nos primeiros anos, passando por algumas administrações sem sucesso. É que nem todos são artistas na arte de comprar e vender. A propósito, a palhoça tomou impulso de fato a partir de 1974, graças a atuação do Sr. Antonio Galdino e família, composta de onze irmãos entre homens e mulheres. Numa ação coletiva, sob a liderança de Nildo, a família intensificou o trabalho, abriu uma variedade de opções dando-lhe nova conotação. O que antes fora um simples comércio se transformara em ponto de encontro de amigos, estudantes e namorados.

           Foram décadas de atividades, acumulando fatos pitorescos, fazendo história e deixando lembranças.  Era infinitamente salutar curtir a palhoça ao som dos últimos lançamentos musicais, regados a bebida preferida e saborear tira-gostos como coração de boi, queijo assado e arribação, especialidades da casa.

            De cara nova a palhoça passou a realizar festas dançantes, tornando-se, senão um clube social, pelo menos uma nova opção festiva para a população. Sua primeira festa foi animada pelo Aleijadinho de Pombal, ainda no anonimato e conhecido por Aleijado de Maria Farofa. Diante de inexpressiva denominação os patrocinadores deram de imediato ao grupo musical o atrativo nome de Banda Alegria. A partir daí, a palhoça promoveu memoráveis festas, animadas por grandes conjuntos musicais e renomados artistas como Waldick Soriano, Alípio Martins, José Orlando, Os Três do Nordeste, Zinho, João Dino, Chico Amaro e outros com garantia de superlotação. Vez por outra, recebia a visita de personagens do mundo político e artístico, a exemplo de Luiz Gonzaga, Reginaldo Rossi, Roberta Miranda que ali passavam para degustar as iguarias da casa, atraindo com suas presenças a atenção das pessoas.          

            Escrever sobre a Palhoça Panati é reconhecer sua valorosa participação na vida social de Pombal, tão importante quanto o Bar Centenário, Pombal Ideal Clube e mais. É sentir saudade de um período alegre e saudável vivido com entusiasmo; reviver a história com os antigos e compartilhar com os mais novos. É enaltecer a união dos irmãos Rau, Gilson, Chico, Esenildo, Nilson, Antonio Filho, além de Marlene, Marluce, Vera e Magda, todos sob a orientação de Nildo, líder e mentor da família.  É exaltar o mutirão familiar envolvendo a todos: irmãos, cunhados, sobrinhos como parceiros do mesmo ideal. 

            Nesse oceano de recordações também lembrar que foi palco de romances amorosos, cheios de encantos e desencantos. Que ali muitos namoros acabaram em casamento enquanto outros sequer começaram não passando de ilusões. É ainda destacar o clima de paz. A respeito asseguramos que nenhum tumulto de maiores proporções ocorreu em suas dependências, salvo, desavenças de somenos importância e consideradas “brigas de bêbados”, portanto de fácil solução.   

            Seguindo a ordem natural das coisas – começo, meio e fim – num dia e mês de 1996, a palhoça encerrou suas atividades, transformando em saudade importante página de nossa vida social. 

             Assim, revivendo os fatos de forma sintética, eis o meu tributo a Palhoça Panati, patrimônio histórico destruído fisicamente, mas que se eterniza na memória dos pombalenses - confirmação de UM PASSADO VIVO.

Pombal, 05 de abril de 2014

 *Professor e Escritor pombalense.
            


PALHOÇA PANATI: UM PASSADO VIVO PALHOÇA PANATI: UM PASSADO VIVO Reviewed by Clemildo Brunet on 4/07/2014 07:12:00 AM Rating: 5

3 comentários

JERDIVAN NOBREGA DE ARAUJO disse...

Parabéns pelo texto, professor. Relembrar é uma forma de reviver o que foi bom. A palhoça Panaty entra no rol das nossas boas lembranças.

jerdivan

Clemildo Brunet disse...

Parabéns amigo Vieira pelo belíssimo texto sobre a Palhoça Panati. Também frequentei esse lugar de diversão, inclusive em um desses Carnavais do passado, a Rádio Maringá AM fez cobertura por lá também. Não tínhamos link como existe hoje, gravávamos e enviava a fita imediatamente para rádio, dando a conotação de que era ao vivo. Doce recordação desse tempo! Abraço amigo, continue assim trazendo essas relíquias do passado de Pombal, refrescando nossas memórias. abraço

ARQUITETO ALVINO GALDINO disse...

Vieira, Grande Amigo!! Agradeço em nome da família Galdino este artigo sobre a Palhoça Panati, onde nasci e cresci, correndo e sendo embalado ao som da MPB pelos meus Avós e Tios!! Foram anos vividos na Palhoça pela nossa Família que nos deixou muitas lembranças, muitos amigos e muitas saudades! A Palhoça seguiu o caminho natural do que deve ser eterno, o amor, que tem como você mesmo falou inicio, meio e fim! Agradecemos esta homenagem, a primeira e até agora única, na certeza que realizamos um serviço com muito amor e dedicação de nossa família para a cidade de Pombal!!

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