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Genival Torres Dantas |
Genival Torres Dantas*
Depois de um dia sem futebol nos gramados
pelo país, quando a vida continuava seu rumo com pitadas de fatos relevantes e
outros absolutamente normais na vida de uma nação em busca da sua identificação
com uma realidade fora dos absurdos que andamos vivendo sem mais fragor, tudo
parece natural. Um fato merece o olhar crítico do brasileiro refletivo. O
político atuante, reconhecido pela sua longevidade sem intervalos nem mesmo
para reflexões; o maranhense, José Sarney de Araújo Costa,
nascido José de Ribamar Ferreira de Araújo Costa, reconhecido apenas por José
Sarney, anuncia sua aposentadoria alegando avançada idade, 84 anos, 60 dos
quais dedicados à política, com mandatos eletivos, incluindo-se as indicações
indiretas.
O
que de fato ocorre é que o velho senador do MDB/AP, três mandatos consecutivos,
sabe da sua dificuldade para uma nova reeleição, os tempos mudaram e
ele é tido
como um situacionista em qualquer regime, indiferentemente de partido ou
ideologia, esse é o seu comportamento desde 1954 quando foi iniciado na
política.
Tendo
atuado sob a égide de quatro constituições, 1946/1967/1969/1988, essa última
convocada e editada no seu governo, quando Presidente da República, cargo que
chegou decorrente do falecimento de Tancredo de Almeida Neves, e ele era seu
Vice-Presidente. Passou por quatro governos sob a Constituição de 1946; seis no
governo militar; e seis, contando com o seu Próprio, sob a Constituição de
1988; fez parte de apoio ao regime militar e ratificando a falta de critério na
política nacional, se constituiu no primeiro presidente civil após o
militarismo, um paradoxo sem precedente.
José
Sarney mantém seu monopólio político no Estado do Maranhão, a mais antiga
oligarquia do país, pressentindo a derrocada, com aposentaria do seu patriarca,
a atual governadora do Maranhão anuncia seu afastamento político para cuidar da
sua vida particular. Muito embora o velho caudilho se apresente como um grande
benfeitor para a sua região de atuação, infelizmente esse pedaço do Brasil
ficou parado, até mesmo atrofiado, enquanto permaneceu sob sua atuação e
seguidores. Enquanto Presidente da República, o Brasil continuou no maior
flagelo inflacionário que o país já teve, mesmo com seus planos econômicos,
portanto, nada devemos em termos de memória positiva ao político que passa sem
deixar saudades a um povo reconhecidamente saudosista.
Essa
foi, portanto, a notícia que realmente merece nossa celebração nesse intervalo
no futebol, a saída de cena daquele que se vai tardiamente.
Voltando ao futebol nosso de cada dia, essa
é a paixão mais forte do brasileiro, justificando esse pensamento, o
compromisso do Brasil contra o Chile, no Estádio do Mineirão,
Belo-Horizonte/MG, foi realmente um dos mais tensos e preocupantes dos últimos
tempos. O técnico do chileno, o argentino Jorge Sampaoli, soube com inteligência e técnica parar
nossa seleção anulando apenas um jogador nosso, o que qualquer um já previa,
marcando com rigidez o Neymar o Brasil é um fiasco; o nosso atleta maior ficou
apático e sem sentido em campo, não conseguia dinamizar o meio de campo nem
fortalecer o ataque que ficou dependendo apenas da inspiração e força do Hulk,
nosso camisa sete, por sinal, considerado pelos jornalistas especializados na
matéria como o jogador da partida, até a cobrança dos pênaltis, quando o Júlio
Cesar passou a ser nosso herói, pelos gols que pegou e a ineficiência dos
nossos jogadores na hora de fazer as cobranças.
Para quem é mais fanático diria que foi uma
partida dramática, principalmente para quem tem problemas cardíacos.
Particularmente não gosto de ver jogo em ambiente tumultuado, não sou Demófobo,
entretanto, nessas horas evito lugares com muita gente para evitar o
arrefecimento do corpo pelo aumento de pressão, normal para uma situação
similar. Mesmo assim o sintoma veio automaticamente, de 13x8 fui para 17x11, na
hora das penalidades.
Passado o momento mais crucial, quando o
Neymar cumpriu sua missão e Jara encheu de ar os pulmões de 200 mi de
brasileiros aflitos no ápice da diagnose, depois de uma partida de 120 minutos
de futebol sofrível do nosso selecionado, voltei na minha normalidade, com a
cor refeita e aquele ar de ancião em plena saúde física e mental.
O resultado da partida seguinte nos mostrou
que não vai ser fácil nosso compromisso na Arena Castelão, Fortaleza/CE,
qualquer que fosse o adversário teria um grau de dificuldade muito grande, mas,
para quem quer ser campeão não temos escolha, é ganhar ou sair da competição.
A Colômbia, seleção vencedora contra o
Uruguai, fez por merecer o resultado, agora eles têm o artilheiro do
campeonato, o camisa dez, James Rodríguez, um garoto de 22 anos, jogando igual
um veterano bom de bola; uma defesa bem segura com jogadores versáteis no
ataque, portanto, se nosso técnico, Luiz Felipe Scolari não fizer os ajustes
necessários na nossa seleção é de se imaginar muito sofrimento novamente
sexta-feira (4).
*Escritor e Poeta
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