Ser torcedor de futebol é acreditar na felicidade transbordada nos desafios (010)

Genival Torres Dantas

Genival Torres Dantas*

            Os goianos deram uma demonstração clara de como devemos recepcionar a nossa seleção de futebol, o Brasil precisa mostrar ao mundo e a nós mesmos, quanto evoluímos, sabendo distinguir bem as coisas que vivemos concomitantemente, sem misturar valores ou princípios, caso especifico do Campeonato Mundial de Futebol e a aproximação das eleições em nosso país. A torcida está fazendo muito bem o seu papel, procurando dar o maior apoio àqueles que vão dar o melhor durante esse que é o grande campeonato mundial de futebol.

            Claro que há diferenças entre os que concordam na realização do campeonato em nossa terra e

os que não concordam, por uma série de fatores que já foram tão discutidos, destacando-se principalmente os valores gastos com o evento, com números desencontrados, exorbitância nos orçamentos apresentados e os custos efetivamente realizados.

            Há os que discordam até por questões políticas ou filosóficas, muitos por serem contrários por discordarem apenas, sem apresentar fundamentos lógicos que possam justificar seus raciocínios, como diria o filósofo do absurdo: uma questão de semântica, nada mais evasivo, esdrúxulo ou desconexo.

           Enquanto as ruas discutem o sexo dos anjos, provando que o goiano não é bizarro, dista muitos quilômetros da antiga Constantinopla, atual Istambul/Turquia, longe dos anos 1453, Constantino nunca foi imperador em nossa terra, o único que conhecemos por aqui é o Adriano, já foi bom de bola e não joga mais.

            Por essas e outras, a grande discussão entre os torcedores é quem vai ser nosso artilheiro ou quem irá à final do campeonato com o Brasil. Mais de 20 mil torcedores foram ao Estádio Serra Dourada ver o treino final para o amistoso entre Brasil e Panamá, o mais bonito foi ver as imagens de uma torcida jovem, composta de homens, mulheres e crianças, fazendo coro com o nome dos atletas mais conhecidos, sentindo a alegria estampada no rosto daquela gente feliz de ver sua seleção correndo em campo, exibindo um futebol que pode vir a ser o campeão do mundo, e agora em nossos campos, depois de 64 anos da decepção sofrida no mesmo Maracanã que receberá a partida final novamente.

            Praticamente o Felipão sai de campo com a formação da equipe acertada, depois de muitas substituições, no encerramento ele tinha Júlio César, Daniel Alves, David Luiz, Dante, Marcelo, Luiz Gustavo, Ramires, Oscar, Hulk, Neymar e Fred; não aposto, mas, certamente essa será a formação que entrará em campo para o amistoso internacional. Agora o que nos resta é torcer pelos nossos atletas, indiferentemente quem seja ou não titular, o importante é que a nossa equipe consiga uma vitória, fortalecendo a confiança que temos em nossa equipe.

           Sempre há o desconforto do contraponto, lendo o jornal O Estado de São Paulo, dessa data, domingo (01/06), uma matéria exclusiva daquele jornal me chamou atenção pela petulância que ela pode representar durante a Copa do Mundo aqui no Brasil. Quem acompanhou os movimentos sociais a partir de junho de 2013 sabe perfeitamente do estrago que foi feito pelos manifestantes intitulados Black Blocs, os mascarados infiltrados no meio dos que reivindicavam suas necessidades e transformavam as ruas e praças, das nossas cidades, em palcos de guerra, invadindo lojas, quebrando vidraças de bancos, colocando fogo em carros e ônibus, uma verdadeira falta de respeito ao patrimônio público e privado; era o Brasil em chamas pelas mãos dos que lutavam sem um motivo aparente, a não ser o fato de anarquizar e macular o direito do cidadão brasileiro que buscava seu intento ordeiramente, sem querer prejudicar nem causar prejuízo a qualquer outro cidadão.

            Para nosso espanto, o Jornal O Estado de São Paulo, naquela edição conseguia uma matéria com entrevista de alguns líderes, daquela organização sem nenhuma função social, falando a respeito do período do Campeonato Mundial de Futebol a ser realizado aqui no Brasil a partir do dia 12. Argumentavam eles que a policia brasileira não vai intimidá-los, eles vão bagunçar durante esse período, em conjunto com o PCC (Primeiro Comando da Capital), organização criminosa que usa pessoas de bairros da periferia e favelas, sem medir meios e consequências, principalmente os menores de idade, para praticarem crimes, como o tráfico e assaltos, fugindo da penalidade das leis, por deficiência do código penal vigência.

               É profundamente lamentável que isso ocorra, juntando duas organizações, uma delas indo à luta pelo lucro, a outra pura e simplesmente pela fama de se fazer presente num momento de turbulência social, que passa nosso país, pelas dificuldades tanto na área social como na econômica. É preciso que a população trabalhadora fique atenta para não acompanhar esses marginais nos protestos sem causa, para amanhã não vir a responder civil e criminalmente por atitudes impensadas.

            O direito de reivindicação é de fato de todos nós, mas, não na forma que está sendo colocados, os menos avisados muitas vezes se deixam se influenciar, e são infladas por pessoas inescrupulosas que vivem apenas para prejudicar, sem se interessar a quem quer que seja, apenas pelo prazer de tumultuar, transformando o ambiente que pode ser de festa de uma nação ordeira como a nossa, numa anarquia cujo final não podemos avaliar quais as consequências.

            Vejo um risco muito grande nas consequências desse fato, é preciso que o governo não acompanhe, mas, se antecipe a qualquer ação dessa gente para não virmos a ter dissabores incalculáveis, prevenir normalmente é melhor que consertar.

*Escritor e Poeta

dantasgenival@hotmail.com