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A vicissitude do futebol sai de campo e nos leva três arquétipos da literatura

Genival Dantas
 Genival Torres Dantas*

Depois do desastre na Copa do Mundo de Futebol FIFA, encerrado no último dia 13, esperava não escrever nenhum texto sobre o assunto durante algum tempo. A continuidade dos fatos me fez mudar de ideia e me propus a comentar alguma coisa a respeito. Quando o Brasil se despediu da Copa, a impressão que tínhamos era que haveria uma mudança radical na administração no nosso futebol, mesmo porque o castigo que tivemos com as duas últimas exibições da nossa seleção foi vergonhoso, levamos dez gols em duas partidas, além de um futebol apresentado de quinta categoria.
As notícias que nos forneceram não foram nada reconfortantes, a reformulação esperada não passou de uma esperança desmontada pela formação da nova cúpula administrativa e
técnica Que fará a administração do nosso futebol, até que os resultados assim o permitam.
Foi convocada, palavra usada pelos novos componentes da CBF em substituição aos demitidos, Gilmar Luís Rinaldi (Coordenador Técnico), ex-goleiro de várias equipes, no Brasil e no exterior, já tendo servido a Seleção Brasileira como atleta, estava atuando como empresário no ramo, como mediador entre jogadores e clubes; como treinador, novamente surge à figura emblemática de Carlos Caetano Bledorn Verri, ou simplesmente Dunga, ex-cabeça de área, sem técnica, mas, com raça suficiente para leva-lo aos grandes clubes e a Seleção Brasileira, sendo inclusive tetracampeão mundial, como atleta, e capitão da seleção vitoriosa de 1994. Entretanto, tido no meio futebolístico como pessoa de pouco trato com interlocutores, tratando-os com a mesma perspicácia como se fosse uma bola de futebol; como preparador de goleiro, Cláudio André Mergen Taffarel, Taffarel, o goleiro de tantas edições e sucesso, tanto nos clubes por onde jogou, como na Seleção. Os três além de oriundos dos campos de futebol, são gaúchos, e contemporâneos, daí o termo “Dinastia Gaúcha”. Além desses fazem parte da comissão técnica, Andrey Lopes (Assistente Técnico), e Fábio Mahseredjian (Preparador Físico), Rodrigo Lasmar (Médico), e Odir de Souza (Fisioterapeuta).
A grande dúvida que temos é a reconvocação de um técnico, já testado, sem grandes mudanças para a Seleção durante o seu trabalho realizado, além disso, há um histórico de todos os técnicos reconvocados e em nenhuma delas deram certo na segunda oportunidade, casos específicos de Feola, Zagallo, Telê Santana, Parreira, e Felipão, nenhum deles repetiu o trabalho anterior.
Não queremos e não pudemos imputar a essa nova comissão técnica, especificamente ao Dunga, a “minus habens”, apenas o retrospecto não aconselha novos experimentos, como a malversação da comissão anterior, precisamos de objetivos traçados em busca de uma reabilitação imediata, não merecemos ficar mais sufocados com a possibilidade de novo erro de gestão consuetudinário.
Saindo do esporte e entrando na cultura, educação e literatura, é axiomático que não devemos misturar situações ambíguas ou equidistantes, mas, é de bom alvitre ficarmos atentos às tragédias que nos consome numa sequência ilógica, relacionadas a públicos diferentes, porém numa área centrada no desenvolvimento do ser humano.
O Brasil perdeu nos últimos dias três expoentes na nossa literatura, nomes renomados e reconhecidos, pertencentes a Academia Brasileira de Letras (ABL), nossa referência maior na congregação dos nossos maiores intelectuais.
Em Recife, dia 23 último, desencarna o mais ilustre contador de causos nordestinos, na sua literatura universal, o grande pensador paraibano, poeta, e escritor singular, levando sua obra ao teatro, cinema e televisão, traduzido em vários idiomas toda profundidade do pensamento de um homem simples ao escrever e viver, deixando personagens que nós, seus contemporâneos sabemos interpretá-los por termos vividos sua época, hábitos e costumes, as gerações futuras vão se encantar mais ainda, pela herança cultural, recebida da inteligência daquele que jamais será esquecido. “O Auto da Compadecida” é a referência maior da sua ligação com pensamento simples contida nas narrativas da Literatura de Cordel, sendo, Ariano Suassuna, seu maior propagador, não se esquecendo do seu vasto conhecimentos e leitor dos grandes clássicos universais, daí sua beleza exposta no conteúdo do seu mundo cultural.
Mais um imortal que nos deixa órfão e parte para descrever a vida em outras dimensões, a vida não se encerra com a morte, é o começa de uma grande peleja até ter o novo retorno garantido, numa nova vida, diferentemente da obra de João Ubaldo Ribeiro, será eterna enquanto durem seus semelhantes, ao sentirem o deleite de obras como “O Sorriso do Lagarto” e “A casa dos Budas Ditosos”, entre tantas maravilhas que herdamos desse genial escritor.
Ivan Junqueira, o Acadêmico, poeta e tradutor, foi o primeiro a ir embora, da leva de três, dia 03, nesse mês de julho, atípico para o mundo cultural brasileiro, com tantas perdas. Estudou Medicina e Filosofia, foi professor de História da Filosofia da Natureza, tendo atuado como redator em vários jornais do Rio de Janeiro.
São com as decepções que temos com as perdas dos nossos ídolos que vamos aos nos acostumando com a ausência, procurando a renovação para preenchemos lacunas. Precisamos ter atitude para não ficarmos apenas remoendo o que se foi, sabemos que tudo tem um começo, meio e fim, assim está escrito e assim será, e tudo isso está escrito nas estrelas, procure as luzes delas e não as cadentes, para que você fique bem mais próximo da vida, assim os nossos mestres nos ensinaram, e que assim seja. Isso é um fato.

*Poeta e Escritor
A vicissitude do futebol sai de campo e nos leva três arquétipos da literatura A vicissitude do futebol sai de campo e nos leva três arquétipos da literatura Reviewed by Clemildo Brunet on 7/26/2014 09:24:00 PM Rating: 5

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