É TEMPO DO SOL NASCENTE
Onaldo Queiroga |
Onaldo Queiroga*
É tempo do sol nascente. É tempo divino. O astro rei, no ritual diário trás
consigo
sua energia, sua
luz
e seu calor. Entrega aos seus súditos a clareza do dia. Diante do seu brilho intenso, a
cada amanhecer se renova a esperança e
a possibilidade de se escrever o
caminhar de nossas vidas.
Quando o sol nasce, com ele também nascemos mais uma
vez para o mundo. É uma renovação diária. Com a luz da manhã vem o som da
passarada, como se anunciando sinfonicamente que é hora de levantar. Se a noite
é dos encantamentos das estrelas, do som dos violões, da candura dos casais de
enamorados, da frieza dos ventos das madrugadas, o dia, por sua vez é do calor
da luta, da labuta, dos sons das buzinas, do vai e vem dos carros, das motos e
das pessoas, numa frenética movimentação.
O sol poente, antônimo do sol nascente, representa o
crepúsculo, onde o horizonte do azul celestial se despede. O céu se avermelha e
um misterioso cenário divide o dia da noite. É o instante da separação de dois
mundos, um da claridade, outro de pouca luz, onde se inicia o reino do sono que
nos leva aos pesadelos, mas também aos sonhos. O poente indica escuridão, que é
prima do medo, das frestas sombrias e da insegurança. Porém, com já dito também
poesia que se mistura estrelas, violão e lua.
No contexto deste ciclo, no amanhã, o sol nascerá
novamente. Quem sabe o amanhã em nada mudará nossas vidas. Talvez seja
simplesmente um capítulo da mesmice e, assim, o amanhã será igual ao ontem, que
foi igual ao hoje. É Bíblico, está no Eclesiastes 1:9: “... nada há de novo
neste mundo”. Por isso, não devemos atropelar o tempo, pois como bem diz o
poeta Accioly Neto: Se avexe não... / Amanhã pode acontecer tudo / Inclusive nada”.
Diante desses distintos mundos, vivem seres diversos, inclusive o homem
que se intitula eterno, esquecendo que a vida pode ser desfeita num só segundo.
E como diz o poeta Beto Brito, em sua canção nossa vida é um sopro: “...
Um segundo, é só isso que vivemos / Seu
dinheiro não compra esse bem / Pois daqui, não levamos nem sereno / Querer mais pode ser nosso veneno / Quanto mais se
adquire, menos tem / Somos filhos da terra e do além / Conquistamos, mas nada
temos / Só é nosso aquilo que vivemos / Nesta conta,
bom mesmo é ser igual / Em medidas de tempo sideral / Um segundo é só
isso que vivemos”.
Entre um e o outro, sou mais o tempo do sol nascente, pois adoro a luz
apesar de amar a lua.
*Escritor e Juiz de Direito
da 5ª Vara Cível de João Pessoa PB.
É TEMPO DO SOL NASCENTE
Reviewed by Clemildo Brunet
on
7/10/2014 09:51:00 PM
Rating:
Nenhum comentário
Postar um comentário