O caminho entre o fracasso e o sucesso implica necessariamente na sua ampla modificação
Genival Torres Dantas |
Genival Torres Dantas*
Finalmente, hoje (13), como
estava previsto no calendário esportivo, tivemos o encerramento da 20ª edição
da Copa Mundial de Futebol FIFA, realizada no Brasil. O governo e os
brasileiros fizeram seu papel para que o torneio transcorresse de forma
absolutamente tranquila, sem a inconveniência das manifestações da forma que
vinha ocorrendo, nas cidades sedes todos os serviços funcionaram de forma
tranquila, sem o emaranhado e
os colapsos que normalmente se previa, principalmente nos transportes e locomoções urbanas, por conseguinte, o extremo desconforto para os turistas tanto estrangeiros como para os próprios brasileiros.
O povo teve um
comportamento exemplar nesses 30 dias de copa, com espírito hospedeiro tão
relevante que foi motivo de muitos elogios por parte de turistas e
profissionais da comunicação que aqui vieram para cobrir o evento de alcance
internacional, no futebol, sendo aquele de maior importância que temos. Não foi
surpresa para nós esse comportamento peculiar do povo brasileiro, além disso, o
mundo já sabia do nosso espírito alegre e festeiro que faz parte a
personalidade de nossa gente.
A impressão que ficou foi
de um povo desarmado nos preconceitos e intolerância, convivendo com todas as
raças e etnias que por aqui estiveram, e a todos sempre a mesma cordialidade e
simplicidade, próprio do temperamento humanitário, e inerente ao conceito do
bem viver de todos nós. Acredito que os visitantes levam a melhor impressão de
um país que soube recepcionar uma comunidade internacional, procurando
compartilhar momentos de alegria com respeito aos que se portaram
respeitosamente em nossa terra.
Infelizmente aconteceu o
inexplicado, exatamente de onde esperávamos o melhor de nós. Fraquejamos no
futebol para desencanto dos amantes desse esporte. O mundo ficou perplexo
diante da seleção brasileira que vinha de apresentações sem muitos méritos
mesmo quando estávamos enfrentados seleções, não menores, mas fracas; na
oportunidade que nos deparamos com equipes mais fortes o receio veio à tona,
caímos diante de dois adversários competentes, de muito equilíbrio tática e
tecnicamente.
Depois do jogo contra
Alemanha os brasileiros se sentiram humilhados, impotentes e fragilizados,
tomados de uma sensação de desconsolo e desconforto, pois, a sensação mais
forte era a repetição de um fracasso ocorrido em 1950, como todos sabem, quando
fomos derrotados pelo Uruguai, aqui mesmo, dentro da nossa casa, e no maior estádio
particular, feito como símbolo de um torneio para ser o nosso primeiro título
nesse esporte.
A história se repetia,
muito dinheiro gasto, muita polêmica em torno dos investimentos e seu retorno,
questionados por todos nós, cujo objetivo maior era a conquista do
hexacampeonato mundial; o que nos restou foi apenas a sensação de vazio e
descrença no nosso esporte maior; depois veio à certeza, muita coisa deve ser
mudada em nosso país se quisermos acompanhar a evolução que é uma realidade no
esporte praticado em todos os continentes. Na sequência a tristeza se abateu
sobre os que tinham esperança na conquista do título e viu essa possibilidade
ir embora de uma forma cruel e desumana, para um país que depositou a
possibilidade desse sucesso nas mãos de uma equipe que tinha conquistado o
título de Campeão das Confederações em 2013, não estávamos sonhando com o
inatingível, tínhamos razões para sermos esperançosos.
O mais difícil não foi a
perda da possibilidade de um título, foi exatamente da forma que aconteceu.
Nossa seleção totalmente irreconhecível, imobilizada, praticamente assistindo a
seleção de a Alemanha praticar um futebol solidário, eficiente e eficaz, sem se
esforçar muito, aplicando uma goleada em nosso time de 7x1, um fato
dolorosamente histórico para nós brasileiros que sentia toda incompetência e
incapacidade de ação dos nossos atletas, e nosso banco de reservas pasmo sem
tomar nenhuma atitude para reverter aquele quadro, parecendo mais um pesadelo
em noite de insônia. Só nos relaxamos quando o juiz apitou o final do jogo,
trazendo a certeza do fim de uma tragédia não anunciada e o final de um sonho
tão acalentado. Imaginávamos que aquele apagão nos nossos jogadores jamais se
repetiria, se assim ocorresse, seria a reedição de uma tragédia grega, em nossa
terra, sem os protagonistas, Édipo, Laio e Jocasta.
Como tudo é possível, mesmo
aqui não sendo Tebas, partimos para a decisão do 3º colocado contra a equipe da
Holanda derrotada pela Argentina, agora disputando o título com a seleção da Alemanha.
Novamente, depois de mudanças feitas pela comissão técnica, a seleção cai no
ridículo e perde de 3x0, deixando claro que não houve apagão, o que aconteceu
foi uma recorrência de incompetência, da mesma ocorrida na partida anterior. E
assim nos despedimos de um torneio com vários recordes desfavoráveis. Tomamos 5
gols em 30 minutos de jogo corrido, 10 gols em duas partidas, maior números de
gols tomados por uma equipe sede, também quebramos o recorde de números de gols
tomados numa mesma Copa do Mundo (14).
A indigesta situação que
passa o futebol brasileiro é um reflexo direto da nossa desorganização política
administrativa, saindo dos gabinetes e palácios e toma corpo em outros corpos
atingindo o espaço dos campos de futebol e suas sedes, maculando o esporte
nacional. Certamente, no calor do desgaste e do fracasso ocorrido, nunca visto
em nosso país, “NUNCA ANTES”, muitas propostas vão surgir, salvadores da pátria
vão aparecer milagrosamente, ninguém virá com soluções práticas e eficientes.
Estamos entrando no corredor do período eleitoral, tudo isso vão ser usados
pelos candidatos demagogos e demagógicos como favorecimento às suas plataformas
políticas, na linha do eu prometo, mas que nada se cumprem.
Muita coisa deve ser mudada
urgentemente no cenário político e esportivo, principalmente no futebol,
mudando-se filosofia e políticas administrativas, com claros posicionamentos de
planejamento, logística esportiva, departamentos operativos e funcionais, e
acima de tudo, um quadro de recursos humanos, em todos os níveis, que venham
engrandecer o esporte nacional. Devemos enfatizar, mudar pessoas não muda
conceitos, não adianta repetir os mesmos, se assim ocorrer é ficar sempre no
mesmo lugar comum, da descrença e do desleixo, sem nenhuma possibilidade de
êxito para o futuro que nos espera.
os colapsos que normalmente se previa, principalmente nos transportes e locomoções urbanas, por conseguinte, o extremo desconforto para os turistas tanto estrangeiros como para os próprios brasileiros.
*Escritor e Poeta
dantasgenival@hotmail.com
O caminho entre o fracasso e o sucesso implica necessariamente na sua ampla modificação
Reviewed by Clemildo Brunet
on
7/16/2014 05:29:00 AM
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