POMBAL PRECISA CORRIGIR UM ERRO HISTÓRICO *
Jerdivan Nóbrega de Araújo |
Jerdivan
Nóbrega de Araújo
A cidade Pombal comemora, desde 1962, o dia 21 de julho como sendo
a data da sua elevação a cidade e, consequentemente, a sua emancipação política, o que não é de tudo
verdade.
De fato, foi no dia 21 de julho de 1862 que Pombal foi elevada a
categoria de cidade, porém, de forma “sui
generis”, a terra que deu origem a lenda da cabocla Maringá teve sua emancipação
política alcançada quando da sua elevação ao status de vila,
instalando-se a Vila Nova de Pombal em 04 de maio de 1772, quando foram
realizadas eleições livres para os cargos de oficiais da Câmara, elegendo-se
também o Presidente e Juiz ordinário, sendo este o capitão mor Francisco de
Arruda Câmara, pai do festejado
internacionalmente, Manuel de Arruda Câmara.
A explicação é logica: em 22 de julho de 1766, o rei dom José I
determina através de Carta Régia que
governador de Pernambuco crie novas
Vilas na área de sua jurisdição, que incluía também a Capitania da Parahyba.
A determinação real 22 de julho de 1766 não determinava
expressamente que se erigisse a Vila de Pombal — mas apenas que se erigissem
Vilas, daí tendo surgido várias delas, como a própria Pombal, a Vila Nova da
Princesa (depois Açu, RN), a Vila Nova da Rainha (depois Campina Grande, PB), a
Vila Nova do Príncipe (depois Caicó, RN) etc.
A Vila de Pombal veio primeiro que todas essas, mesmo porque era
então a mais importante, estando sob sua jurisdição extensíssimo território,
compreendendo todos os Sertões paraibanos, o Sabugy, as Espinharas, o Seridó e
vastas áreas depois incorporadas ao Rio Grande do Norte.
Seis anos depois da carta régia autorizando a criação de novas
Vilas na jurisdição de Pernambuco, Parahyba, Rio Grande do Norte etc — isto é,
em 1772, ou, mais propriamente, em 4 de maio de 1772 — é que a povoação ou
arraial de Nossa Senhora do Bom Sucesso do Piancó, na Ribeira do Piranhas,
viu-se ereta em Vila Nova de Pombal ou, simplesmente, Vila de Pombal.
Pombal já passou imediatamente, ao se transformar em Vila, a gozar
de completa autonomia municipal, porque dispunha de uma Câmara (honorificamente
chamada de “Senado da Câmara”), com seus juízes ordinários, presidente, juiz de
órfãos, procurador, almotacés, pelourinho etc.
E por que, como Vila e bem antes de se transformar em Cidade,
Pombal já dispunha de autonomia municipal? Simplesmente porque era assim que as
coisas funcionavam com a legislação à época vigente em Portugal, sucessivamente
codificada pelas Ordenações afonsinas, manuelinas, filipinas, pós-Restauração
etc.
Diferentemente disto, a legislação que se seguiria — sob a rainha
dona Maria I, a Piedosa (ou a Louca), que sucedeu a el-rei dom José I e que
sancionou a estrondosa queda política do Marquês de Pombal — era bem mais
restritiva, quanto à estrutura administrativa e à autonomia municipal, por
razões também historicamente explicáveis.
Daí porque os municípios do Brasil-Colônia, a partir de então e,
também depois, sob as novas leis do Império do Brasil, somente passavam a ter
sua autonomia quando se transformavam em cidades. É o que ocorre com a maioria
das cidades paraibanas (e brasileiras), mas não com a cidade de Pombal, PB, que
é caso à parte, historicamente explicável pelo evoluir da legislação
administrativa de Portugal e suas colônias.
Quando a Vila de Pombal finalmente ascendeu ao status de cidade, em 21 de julho de
1862, não mais teve necessidade de adquirir sua própria autonomia municipal. Por
quê? Porque tal autonomia já lhe era assegurada desde 4 de maio de 1772, quando
se transformara em Vila.
Autonomia municipal =
emancipação política
Veja-se bem: não se quer alterar data histórica alguma! Vai-se
apenas alterar o dia de uma comemoração (ou, dito de outro modo, transferir uma
comemoração de uma data para outra). As datas históricas básicas não mudam,
permanecem as mesmas, e são elas:
22 de julho de 1766 = carta régia de dom José
I autorizando a ereção de Vilas em Pernambuco, Parahyba, Rio Grande do Norte
etc.
4 de maio de 1772 = a povoação de Nossa Senhora do Bom Sucesso do Piancó, na Ribeira do Piranhas, é erigida em Vila Nova de Pombal ou, simplesmente, Vila de Pombal (mas já com autonomia municipal ou emancipação política!).
4 de maio de 1772 = a povoação de Nossa Senhora do Bom Sucesso do Piancó, na Ribeira do Piranhas, é erigida em Vila Nova de Pombal ou, simplesmente, Vila de Pombal (mas já com autonomia municipal ou emancipação política!).
21 de julho de 1862 = elevação da Vila de
Pombal à condição de cidade (data erroneamente até agora comemorada como a da
autonomia).
Em
2014, Pombal deverá comemorar 242 anos de emancipação política ou de autonomia
municipal e não apenas 152 anos. Da mesma forma, sua Câmara de Vereadores terá
242 anos de existência.
Aos vereadores de
Pombal cabe a decisão do que é mais importante se comemorar: 152 ou 242 anos.
Por respeito aos
nossos antepassados, eu já tomei a minha decisão: Pombal é uma cidade
bicentenário de 242 anos.
(Nota
*Feito usando parte do Texto de Evandro Nóbrega, “O Norte” Edição do 28/10/2001
ANTIGO ARRAIAL DE NOSSA SENHORA DO BOM SUCESSO Pombal em busca do passado )
ANTIGO ARRAIAL DE NOSSA SENHORA DO BOM SUCESSO Pombal em busca do passado )
POMBAL PRECISA CORRIGIR UM ERRO HISTÓRICO *
Reviewed by Clemildo Brunet
on
7/08/2014 03:43:00 AM
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