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A difícil situação da oposição

Genival Torres Dantas
Genival Torres Dantas*

     Depois da trágica morte de Eduardo Henrique Accioly Campos (Eduardo Campos), candidato a presidência da república pelo PSB, o quadro político brasileiro teve uma reviravolta muito grande, com a confirmação de Maria Osmarina Marina Silva Vaz de Lima (Marina Silva), na vaga do falecido candidato, uma situação natural, por ser ela a ocupante do cargo a vice-presidente, não traduz na prática uma questão de ordem dentro do partido, PSB, por várias razões internas.
     Marina Silva, acreana, nascida entre os seringais, 56 anos, alfabetizada aos 16 anos, superando doenças da região, tais como a malária, contaminação por mercúrio e
leishmaniose, professora, psicopedagoga, ambientalista, política brasileira, ocupando os cargos eletivos de vereadora, deputada estadual e senadora; sendo nomeada no governo Lula como Ministra do Meio Ambiente (2003/2008). Reconhecida, pela Revista Época, em 2013, como uma das 100 personalidades mais influentes do Brasil; uma das 10 personalidades brasileiras que foram notícias no mundo, BBC Brasil; denominada de “ícone do movimento ambientalista” pelo Jornal The New York Times, no mesmo ano.
       Reconhecidamente uma pessoa determinada e de princípios rígidos, tem encontrado forte resistência dentro da comissão de coalizão, PSB e Rede Sustentabilidade, partido ainda não oficializado, razão pela qual surgiu a ideia da composição, de um grupo, entre os partidos de oposição e a possibilidade de manter a idealizadora da Rede Sustentabilidade, Marina Silva, elegível na atual disputa eleitoral, ela representa uma parcela significativa de votos, obtidos na última eleição, quando teve quase 20 milhões de votos, correspondente a aproximadamente 5% do eleitorado brasileiro.
      O potencial político da Marina Silva não superou divergências internas, no PSB, depois da morte de Eduardo Campos, pois, grande parte da executiva do partido não considera a candidatura dela como uma candidatura própria, alegam seus opositores, dentro da sigla partidária, depois das eleições, qualquer que seja o resultado, ela retomará o registro do seu partido, Rede Sustentabilidade, ignorando seus apoiadores, sem dar sustentação ao projeto político iniciado por Eduardo Campos.
    Muito embora, a hoje oficializada candidata do PSB a presidência da república, Marina Silva e seu vice, Beto Albuquerque (Luiz Roberto de Albuquerque, PSB/RS, gaúcho, 51 anos, presidente do parido no RS, e líder da sigla na Câmara Federal), tenham o total e irrestrito apoio do presidente do partido, Roberto Amaral, a pressão interna continua forte. Depois que foi anunciada a presença de duas pessoas de confiança da candidata, pertencentes à Rede Sustentabilidade, na executiva do comitê de campanha, Bazileu na área financeira, e Walter Feldman, na coordenação da campanha, foi o motivo gerador do afastamento do coordenador, Carlos Siqueira, inclusive é secretário do PSB. O senhor Carlos Siqueira é um dos que não aceita a candidatura de Marina Silva, alegando as divergências já citadas. O presidente do PSB, Roberto Amaral, ainda não conseguiu, apesar dos argumentos apresentados, colocando até mesmo alguém do grupo do PSB, Luiza Erundina, oriunda do PT, na coordenação de campanha, serenar os ânimos dentro do seu partido e conter movimentos de aliados que se mostram intranquilos, falando em debandadas.
   As posições contrárias no PSB, e coligadas, alegam: são frutos da insatisfação da efetivação da ex-vice como candidata do partido, e uma reunião, provável, da ala descontente, com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ocorrida em Recife/PE, recentemente. Os descontentes gostariam de retornar com apoio ao PT e desistir de candidatura própria.
    Fazendo um balanço do momento político, não levando em consideração a última pesquisa, quando a Marina Silva (PSB), teve 21% do eleitorado, o Aécio Neves (PSDB), 20%, e a Dilma Rousseff (PT), mantém 36%, sinalizando um segundo turno, com certeza; os números mostram que o Eduardo Campos estava certo, quando ele acreditava nos votos dos indecisos para chegar a uma vitória provável, o pulo de 9 a 21% em direção ao PSB, sem tirar pontos dos correntes, é um sinal inegável do que pensava o ex-candidato, entretanto, é muito cedo para avaliarmos que os números atuais realmente sejam reflexo de uma posição definitiva dos eleitores indecisos, ou falem apenas de um momento movidos pela emoção.
    Se, efetivamente, os números mostrarem uma tendência natural, e se para o segundo turno ficar as candidatas Dilma (PT), e a Marina (PSB), a possibilidade é bem maior do Aécio Neves (PSDB), vir a poiar a candidata Marina (PSDB). Caso ocorra do candidato Aécio Neves (PSDB) ir ao segundo turno com a candidata Dilma (PT), dificilmente o PSB fará oposição ao PT; nesse caso, as chances da aposição chegar ao poder são mínimas. Será um verdadeiro jogo da velha. Quando, em determinada situação, 2+2 não será 4; e a ordem dos fatores, objetivamente, altera os produtos. Nesse quadro, não estamos considerando que a Dilma (PT), ficará fora do segundo turno, caso, numa hipótese remota, se ela ficar fora, seu apoio será para a Marina (PSB), cuja aliança será a continuidade do atual governo, pelas negociações que serão feitas diretamente com o PSB e sua vocação situacionista, ignorando qualquer pensamento da candidata pelo partido.
    Fica claro que não baste ter o segundo turno, tem que pensar muito em quem vai para a segunda rodada da disputa. “Nunca antes nesse país”, principalmente, para o eleitor opositor, será tão importante na hora de definir o seu candidato, uma situação que deve ser amadurecida já, para não ter que se lamentar depois, não obstante, vejo muito mais um quadro negro que um azul celeste. Isso é um fato.
 *Poeta e escritor

A difícil situação da oposição A difícil situação da oposição Reviewed by Clemildo Brunet on 8/23/2014 07:06:00 PM Rating: 5

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