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O momento político é de desesperança

Genival Torres Dantas
Genival Torres Dantas* 

Avaliando os primeiros pronunciamentos dos principais candidatos que concorrem a Presidência da República, mormente as apresentações feitas pelos representantes do PT, PSDB e PSB, Dilma Rousseff, Aécio Neves e Eduardo Campos, respectivamente, nas CNI (Confederação Nacional da Indústria) e CNA (Conselho Nacional da Agricultura), além das entrevistas individuais patrocinadas por Jornais de Alcance Nacional e Redes de Televisões, ficou bastante evidenciada a preocupação deles, sem exceção, de manter uma retórica voltada para a simpatia no sentido de angariar votos do grande público, com temas recorrentes e sempre na direção dos mais cruciais que tem nos afligidos nos últimos tempos, sem uma preocupação mais profunda e
de um discurso amplo e determinante, com luzes aos grandes problemas nacionais, que não são apenas Saúde, Educação e Segurança Pública.
 A CNI foi bastante objetiva levando uma proposta firme com quarenta e duas sugestões, algumas já incluídas na plataforma política de alguns candidatos, outras específicas do setor industrial e a maioria delas tiveram a concordância dos concorrentes. Entretanto, faltou algo mais próxima de uma reflexão com fundamentos práticos, sem a mera forma de apenas agradar, argumentos como execução das propostas, em que tempo e com que recursos para viabilização dos projetos propostos.
 Todos nós sabemos que a nossa agricultura e as commodities conseguiriam um bom desempenho na nossa economia, no ano base 2013, o fato se repete agora em 2014, apesar da precariedade da nossa malha viária, esse setor vem trabalhando duramente sem uma adoção política governamental que possa desenvolvê-la de forma a firmá-la convenientemente no mercado internacional. Pelo contrário, temos observado um descaso muito grande pelos setores competentes, afirmar agora que o setor terá um apoio incondicional, com promessa até mesmo de um superministério, esse argumento, provocado pelos interlocutores, de uma plateia esclarecida, é minimamente demagógica, no momento atual, cheira a um processo sem um projeto de governo ainda não definido, apenas lança-se mão de ideias de terceiros e vão catalogando argumentos para semear durante a caminhada que já começou. Muito embora seja uma grande ideia a possibilidade de juntar ministérios, fazendo economia de salários, e os valores, transferidos para aplicação na infraestrutura, tão definhada, sem comprometimento da eficiência e eficácia dos ministérios e cargos remanescentes.

No geral não há um projeto apresentado que realmente tenha levado o eleitor a começar na reflexão por um candidato, nem situação e oposição, há sim, uma verdadeira pobreza de ideias, nessa marcha não teremos o que decidir, ou seja, ficar no estágio atual, com a sensação de interregno, por tamanha incompetência gerencial, ou escolher o que ainda não nos convence. Para que mudemos de opinião há a necessidade premente que se mude o discurso, o Brasil já está absolutamente maduro naquilo que tange o espírito democrático na escolha dos representantes para a política nacional.
 O grande problema é que os políticos atuais se acham no direito de nos considerar idiotas, idiotas era como os políticos eram considerados na velha Grécia, porém devemos mostrar nossa competência nas nossas escolhas, sem medo de errar, mas, sem medo dos prepotentes, daqueles que se sentem dono do Estado, se o pensamento pudesse ser julgado, nesse caso, seria uma Apropriação Indébita, conforme previsto no artigo 168 do Código Penal Brasileiro, consistindo em se apropriar de coisa alheia e móvel, sem a aquiescência do proprietário, tamanha é a falta de originalidade e criatividade das cabeças que se sentem pensantes num país carente de políticos capazes de nos representar dignamente, pela mediocridade de exercerem suas funções ao delegarmos, por voto, a competência de gerenciar os nossos destinos no plano político, tanto no executivo quanto no legislativo.

A grande vergonha que fica para o brasileiro é ver os partidos políticos fazendo negociatas nas composições negociadas nos gabinetes que deviam tratar das crises que se acumulam nas filas, nas ruas, e nas classes sociais, das mais diversas, e o grande assunto é o tempo de televisão para serem repassados aos outros partidos de maior representação, poucos são aqueles que se dignificam e não se passam a essas tratativas ignóbeis.
 O que estamos observando nesse início de campanha é um verdadeiro despropério, além das propostas aleatórias e superficiais, considerando a gravidade dos problemas que se concentram em vários setores do governo, primordialmente na economia, quando se verifica o desempenho do PIB (Produto Interno Bruto) aquém das previsões mais pessimistas, a inflação recrudescendo num patamar indesejável e os juros mantidos altos com objetivo de inibir consumo, portanto, levando nossa indústria a um desaceleramento induzido e preocupante.
 A saúde que não deixa de ser notícia nas páginas policiais, com médicos e paramédicos sendo acusados de negligência, e as clínicas e hospitais sendo denunciados por desaparelhamento e falta de profissionais para atendimento a contento, temos agora o fechamento de hospitais filantrópicos, especificamente as Santas Casas de Misericórdia, com seus centenários anos de filantropia aos mais carentes do nosso país; as noticias que o governo não cobre o custo das prestações de serviços médicos e suas internações, esse assunto é velho e descabido, desde a década de 1970, quando ainda era estudante de Administração Hospitalar, a defasagem era superior a 40% e os pagamentos normalmente glosados, em média de 20%, ficando aos raros e desditosos pacientes particulares sendo penalizados e pagando um custo maior para cobrir o diferencial que sempre existiu.
 Enquanto o pobre brasileiro descrente e desnudo de todas as possibilidades de viabilidades compatíveis com suas necessidades mais prementes fica, ainda, a mercê de uma segurança tão insegura quanto assistencialista, muitas vezes quem devia nos prestar apoio são confundidos com os meliantes que tratam a vida do ser humano com descaso e infinitamente barata que se mata por um insignificante par de tênis usado, ou mesmo um boné de marca tosca, como se a vida fosse uma banalidade.
 Com todos os percalços que a vida nos oferece ainda somos brindados com os casos de corrupção vindo à tona por conveniência ou patifaria por uma gente que não se presta aos bons costumes, daí indubitavelmente, não prestando ao serviço público, mesmo assim, fazendo de conta que não é com ele ou como se com ele ninguém pode, se sentindo superior à própria lei, não a temendo, procurando os seus furos para continuar em ação por mais um tempo, porém, nem o tempo todo, nem a todos. Um dia, quando a tirania for sufocada pela democracia, os bons tempos virão sem as mentiras e os descalabros, provocados por quem um dia jurou fidelidade a ética e a moral. Isso é um fato, inegavelmente triste!
 *Escritor e Poeta

O momento político é de desesperança O momento político é de desesperança Reviewed by Clemildo Brunet on 8/08/2014 05:57:00 PM Rating: 5

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