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Genival Torres Dantas |
Genival Torres Dantas*
Normalmente ocupamos
esse dia, reverenciado aos pais, para refletirmos sobre as qualidades dos
nossos pais, esquecemos os defeitos e relevamos momentos de dificuldades de
relacionamentos tão presentes na vida de todos nós. Aproveito essa oportunidade
para falar um pouco daqueles filhos que não tiveram a oportunidade plena de ter
apenas lembranças boas.
Muitas vezes
acompanhamos vidas se apagarem mergulhadas nos conflitos humanos por várias
razões. Infelizmente nem sempre é como desejaríamos que fosse e
por motivos
diversos alguns vícios invadem a alma das pessoas transformando sua
personalidade e levando a um final indesejado para todos que cercam aquele ser,
o pai não está imune a esse tipo de situação; dentro desse drama ele fica
indiferente a sua realidade, quando o alcoolismos e as drogas passam a fazer
parte da sua personalidade anulando seus sentimentos, antes tão profundo e hoje
raso, quando não, nulos. Nesse caso quem mais sofre os efeitos da transformação
são os filhos que indiferentes a nova rotina continua amando aquele ente
querido de forma absolutamente incondicional, mesmo impregnado de tristeza pelo
fato gerador da existência conflituosa.
O amor é um
sentimento surpreendente, quantas vezes movidos por emoções de solidariedade e
reconhecimento, os grandes problemas que vão surgindo somos levados à uma
aproximação maior, nos levando a ter mais zelo, como um cuidador de almas, com
o afeto só visto naquelas pessoas de caráter firme e de propósitos generosos.
Assim acontece com os filhos incondicionais, sabem esses, se a situação fosse
inversa a postura de comportamento não seria diferente, mesmo que não fosse, a
atitude seria a mesma, como a lógica e a matemática, quando a ordem dos fatores
não altera o produto.
Dramas existem em todos os núcleos
familiares, hoje mais comumente fora deles, quando os laços familiares são
ignorados e a figura dos pais passa por um processo de banalização nunca visto,
aquelas figuras mais idosas vão sendo afastadas do relacionamento, como quem
jogadas em depósitos de coisas usadas, nesse caso e para o coração desses
filhos, com amor incondicional, não há espaço para esse tipo de comportamento
cruel e desumano. A figura do pai está sempre ligada ao provedor, guiador,
mantenedor da ordem e da disciplina quando ainda somos dependentes na
subsistência.
É esse homem que
jamais ficaremos indiferentes aos seus problemas, indubitavelmente, vamos
acreditar na sua reabilitação como ser humano, na esperança que ele volta ao
convívio da sociedade e da família, mesmo que individualizada, fragmentada
pelas novas opões e concepções sociais, buscando uma nova oportunidade de se
redimir, ser perdoado pela fase difícil composta de tantos desajustes, e agora
necessitado de afetos e apoio para que possa ter mais energia e coragem a não
retroceder na sua nova tarefa, tão esperada e desejada por aqueles que
continuam a lhe amar, indiferentemente do olhar patético e censurador da
sociedade medíocre que pouco faz para manter a dignidade do ser humano.
O filho do amor real
que faz pelo pai, num gesto de carinho e de profunda forma humanitária, se
transformando em determinados momentos e por longo tempo em verdadeiro pai para
o seu pai, na gratidão por ele existir, na solidariedade no caminhar junto, na
contribuição para sua sobrevivência e apoio à reintegração definitiva, e
fundamentalmente, o amor sincero e absoluto que cerca as duas figuras tão
identificadas na ternura e nos laços transbordantes de emoções.
Certamente, nesse
dia, merece, tanto quanto o próprio pai, ser homenageado pelo seu comportamento
de retidão e postura exemplar para aqueles que acham que a vida é uma simples
passagem individual, por uma estrada solitária, sem compartilhamentos, sem
passado, sem presente, certamente, sem futuro. Sejamos, pois, fraternos a esses
que vivem no amor recíproco dos pais.
“DEDICO ESSE TEXTO AOS FILHOS INCONDICIONAIS
QUE AMAM INDIFERENTEMENTE DO AMOR RECEBIDO. 10/08/2014”.
*Escritor e Poeta
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