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Um mundo de conflitos e convergências danosas

Genival Dantas
Genival Torres Dantas*

Quando a ONU (Organização das Nações Unidas), 11/1947, intermediou a partição na Palestina, com a criação de um Estado Judeu e outro Árabe, a intenção era acomodar um conflito regional e que a paz fosse duradoura. A iniciativa foi um grande equívoco, no mesmo ano já tivemos o início da guerra civil se estendendo até o ano seguinte; de lá para cá os conflitos existem com alguns intervalos, pouco sucesso e muitíssimo limitado! Passando por situações tensas, em vários períodos, com guerras declaradas ou não; muitos mortos, com a vida sendo banalizada, nenhuma das correntes querendo ceder e o mundo vigilante, tenso, na expectativa que aquela tragédia não ultrapasse as fronteiras da discórdia regional e
seja estendida a outros povos.
O que hoje estamos acompanhando naquela área é um despautério, os acordos internacionais sendo ignorados, os direitos humanos contrariados, com a ofensiva terrestre agravando ainda mais o conflito entre israelenses e palestinos, em ataques a hospitais, aeroportos, locais de geração de energia elétrica, escolas, a população civil, principalmente crianças, sendo assassinadas, se constituindo num verdadeiro crime de guerra.
Em outra frente, a Ucrânia é sacudida com os rebeldes contrários ao atual governo e apoiado pelo governo Russo, numa clara intensão de ampliar suas fronteiras e influências, coloca os EUA e a Europa num estágio refratário ao posicionamento do Vladimir Vladimirovich Putin, mesmo negando a participação do seu país à desavença interna no leste da Ucrânia.
A queda do avião naquela região, oficializada como ação de um míssil, foi mais um complicador nas relações conflituosas, levando os EUA e a Europa, impor sanções comerciais, a alegarem que seja um projétil Russo, portanto, se constituindo em crime de guerra a ação danosa, com 299 vidas sendo ceifada, grotesca, estapafúrdia e inapelavelmente inaceitável; há normas internacionais que não podem e nem deve ser infringidas, em nenhuma hipótese, principalmente por ser cruel e desumana.
Enquanto isso, estamos vendo o continente Africano sendo atingido pela Febre Hemorrágica Ebola (FHE), já chegando ao número de 672 mortes motivadas por essa doença infecciosa, causada por um vírus só detectado depois das exclusões feitas, os sintomas são afetos a outras doenças, cujos sintomas iniciais são as dores de cabeça, musculares e garganta, sequenciando-se com náuseas, vômitos e diarreia, estendendo-se a insuficiência hepática e renal, e é nessa fase que começa a ocorrência hemorrágica. Os infectados são levados a óbitos entre 25% e 90% dos casos, é uma taxa elevada, o pior, ainda não há vacina contra esse mal.
Na Libéria a Presidente Ellen Johnson Sirleaf, fechou praticamente as fronteiras do seu país e suspende a prática do futebol por esse ser um esporte de contato físico. A doença é transmissível através de contatos, mesmo que o paciente se recupere ele é passivo de transmissão da doença até dois meses da cura, por via sexual.
Esses três casos internacionais servem de alerta para refletirmos sobre o atual momento, em algumas frentes o homem continua vivendo em séculos anteriores ao XXl, quando a prevalência era exatamente a força em nome das conquistas e imposições filosóficas, religiosas e políticas. As doenças matavam pela absoluta falta de recursos médicos ou medicamentosos, lógico, havia uma ignorância total sobre o assunto.
Vivemos numa época onde as plataformas digitais e a tecnologia de ponta é usada para atingirmos o universo, acessarmos outros mundos desconhecidos, entretanto, não nos dignificou nem mesmo de conhecermos os homens, nossos semelhantes, que dividem o nosso planeta com nós e com nossos irmãos, não temos sensibilidade de compreendermos os nossos vizinhos, às vezes de fronteiras, de ruas ou mesmo de casas. Vivemos isolados dentro de uma redoma, da sociedade que compartilhamos, ou comunidade, por pura idiotice, parecendo até que nunca vamos precisar de alguém por mais poderoso que sejamos, e alguns se acham muito poderosos, e por se acharem, pensam dessa forma.
A cura das doenças é relevada quase sempre, e proteladas por motivos torpes, por conveniência econômica, onde o lucro fácil suplanta a causa primordial que devia ser a luta pela vida. A velocidade dos novos casos que podem causar epidemia crescem numa velocidade superior as possibilidades de diagnósticos precisos e cuidados criteriosos. Há outras prioridades maiores, nelas não estão incluídas as vidas humanas. A sensação que temos é que quanto mais evoluímos nos nossos conhecimentos científicos e povoamos mais o nosso planeta, conseguimos fazer uma inversão de valores, nos afastamos, na mesma proporção, da generosidade com nós mesmos, sem nos apiedarmos da nossa própria alma e espírito, como quem desumanos. Isso é um fato.
 *Poeta e Escritor
Um mundo de conflitos e convergências danosas Um mundo de conflitos e convergências danosas Reviewed by Clemildo Brunet on 8/01/2014 09:21:00 PM Rating: 5

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