Falta de sensibilidade política ou erro de cálculo
Genival Torres Dantas |
Genival Torres Dantas*
O marketing político
vem sendo utilizado, na época das eleições, como um instrumento de valorização
dos candidatos, mostrando suas qualidades e enfatizando seus serviços prestados
nas comunidades das regiões a ser representado por cada proponente aos cargos
eletivos, independente de ideologia ou posicionamento social, o que realmente
interessa aos profissionais da propaganda é vender uma imagem do seu cliente,
capaz de sensibilizar ao ponto de conseguir que o eleitor acredite na sua
mensagem como se verdadeira fosse, nem sempre a realidade reflete o que se
anuncia.
Nesse aspecto
soubemos copiar do americano o que de pior vem acontecendo na propaganda
política. Já tivemos candidato com a vassoura na mão, varrendo a sujeira da
política nacional, caçador de marajá, pai dos pobres, mãe do desenvolvimento
nacional, e
tantos outros slogans, para facilitar a memorização até se tornar
um fato consumado no imaginário popular, verdadeira lavagem cerebral,
transformando ideia em convencimento.
Chegando aos nossos
dias, as plataformas digitais, tem transformada a propaganda da mídia
televisiva num dos suportes mais potentes que se tem usado na busca do voto dos
indecisos. Grandes publicitários já consagrados pelo mercado, tem se mostrado
com eficiência e eficácia com grande poder motivacional, vendendo candidatos
sem nenhuma preparação, como verdadeiros super-homens, desafiando qualquer
perigo em benefício de todos, com imenso amor ao próximo, invejável
conhecimento dos problemas sociais que afligem o homem comum do nosso tempo. Na
realidade não passa de textos escritos, e bem elaborados, com poder de
convencimento extraordinário.
Muitas vezes, para
vender a melhor imagem possível, do seu cliente, o profissional da propaganda,
comete erros ou deslizes que trazem comprometimento para uma fase seguinte,
dificultando uma possível aliança num eventual segundo turno, caso ocorra por
força de um candidato não atinja cinquenta por cento mais um, isso, no caso das
eleições para o executivo. Existe aquela situação em que o candidato, apesar do
investimento em propaganda, não consegue capilaridade suficiente na expansão do
seu projeto político, ainda leva outras candidaturas a vir soçobrar em
consequência da sua malversada postura, atingindo, por conseguinte, outros, ou
grupos, acarretando prejuízo ao sistema eleitoral como um todo.
Indo diretamente ao
assunto, temos um quadro interessante na oposição, nessa eleição. O candidato
do PSDB a presidência da república, senador Aécio Neves, vendo suas chances
diminuírem, na proporção que o tempo passa e as pesquisas são anunciadas, se
lança no rádio, televisão e outros meios de comunicação, levando uma mensagem,
que eu diria, desesperadora. Vendo se distanciar dos dois primeiros colocados,
conforme últimas pesquisas; a continuar nesse ritmo, no pouco tempo que resta
para as eleições, 25 dias, suas chances para reversão do quadro é mínima, num
eventual segundo turno, dar-se-ia entre Marina Silva (PSB/AC), e a candidata à
reeleição Dilma Rousseff (PT/DF), que continua liderando no primeiro turno e
ficando num empate técnico com a Marina Silva, num segundo.
Marina Silva não
manteve o crescimento apresentado nas pesquisas anteriores, esse novo quadro
não se deve apenas a uma melhor leitura, por parte do eleitor, da Dilma
Rousseff, há um conjunto de fatores que tem contribuído para um desempenho
melhor da candidata do PT, e uma participação modorrenta de uma das
candidaturas (PSB), da oposição, única com possibilidades reais, no atual
momento, de derrotar a candidata situacionista.
Infelizmente, Aécio
Neves, tem prestado um desserviço a oposição brasileira, sinceramente, não
acredito que seja proposital; com seus comentários, dentro da propaganda eleitoral,
com agressões a oponente, também da oposição, Marina Silva, desconstruindo, dessa
forma, sem fundamentos, o bom nome que a oposição tem para uma vitória nessa
eleição, desde que houvesse a união de forças em função do recrudescimento da
candidatura do PSB, parando o crescimento do PT e sua política devastadora para
o nosso país.
A ação da Polícia
Federal e o Ministério Público Federal, na Operação Lava Jato, ainda não surtiu
nenhum efeito negativo, nem para a oposição nem a situação, não houve tempo
suficiente para efeito negativo, ou positivo, com o enquadramento do
ex-candidato do PSB, Eduardo Campos, citado por Paulo Roberto Costa, ex-diretor
da Petrobrás, preso e com delação premiada. Ainda é cedo para verificarmos o
tamanho do problema na política brasileira e as consequências e suas sequelas,
para as eleições em andamento; com esse novo caso, quando foram citados
governadores, senadores e deputados federais, da situação, envolvidos com a
corrupção dentro da Petrobrás, sendo esse, fato gerador de muita tensão no meio
político.
Mesmo que Marina
Silva vá ao segundo turno, disputando com a Dilma Rousseff, não há clima
favorável ao entendimento PSB/PSDB, para enfrentamento do PT e base aliada.
Nesse caso, repete-se 2010 quando Marina Silva, pelo PV (Partido Verde), tendo
obtido quase 20 milhões de votos, ficou neutra, negando apoio, nem mesmo tácito,
ao candidato derrotado no segundo turno, José Serra (PSDB/SP), com prejuízo
total para a oposição, por absoluta falta de entendimento. Enquanto as
oposições não fizerem uma composição, despida de ambições pessoais, com muita humildade,
objetivando apenas a causa brasileira, vamos continuar fazendo de conta que
estamos lutando por um Brasil melhor, longe de conseguirmos tirar o desgoverno
da atual administração e seus coligados. Faltam sensatez e sensibilidade
política nos políticos de oposição, priorizam-se apenas posições dogmáticas,
quando não, razões pessoais, não havendo nenhum interesse voltado ao coletivo.
Essa eleição seria o
momento exato para que fosse implantada no país uma nova política de correções,
dispensando o atual sistema de corrupção, pelo meio mais justo que é o voto
popular e direto, derrotando o Partido dos Trabalhadores (PT); recomeçar um
novo tempo com pessoas sem o revanchismo e o ranço do sistema atual.
Entretanto, o que temos verificado é a recuperação da candidata oficial, da
situação, e a desestabilização da melhor candidatura das oposições, nas
pesquisas oficiais, Marina Silva (PSB).
A oposição brasileira
perde consistência, no momento mais crítico, não sabendo levar uma mensagem de
transformação, de mudanças, mudanças para melhor, não mudar por mudar; sabemos
que é idiotice querermos mudanças continuando no mesmo, repetindo os erros de
sempre, infelizmente, pode ocorrer essa situação, ficarmos no mesmo, portanto,
sem mudanças e sem novos paradigmas que nos traga novas alternativas, e mais
viáveis.
Se fizermos a opção
pelo continuísmo fatalmente a distancia para uma nova chance será ampliada,
nunca tivemos tanta oportunidade como agora de mudar o rumo da história
política, quando temos um governo fraco, administrativamente falando,
fragilizado pela onda de corrupção que abala qualquer estrutura; uma economia
desestabilizada, com retorno da inflação, crescimento nulo e juros altos; uma
educação, apesar dos investimentos, recuando nas suas melhorias, por absoluta
falta de professores competentes e estimulados, e escolas desaparelhadas; uma
saúde sucumbindo diante da inabilidade dos seus gestores; a mobilidade urbana
mergulhada no caos sem previsão de melhorias na sua operacionalidade, com total
dissonância entre os meios de transportes atuais, acarretando congestionamentos
e trazendo desconforto aos seus usuários; uma segurança tão insegura quanto as
suas ações no enfrentamento com os marginais que hoje já disputam áreas urbanas
como se fossem seus territórios de ação, com a disputa entre gangs que operam
nas grandes e médias cidades.
Esse é o retrato de
um país que insiste em continuar no mesmo, por culpa daqueles que tem a
responsabilidade de operar suas mudanças radicais, usando seus instrumentos
legais e viáveis. Essa é uma situação que pode ser transformada desde que haja
bom senso e consenso, na união de forças em busca de um único objeto que é
devolver o Brasil aos brasileiros que sonham com um país de justiça e igualdades,
sem o protecionismo desumano de determinadas classes que estamos a evidenciar,
às mãos dos inescrupulosos.
Não estou jogando a
toalha, mas, a continuar dessa forma, cada um lutando por si, não haverá
vitória da democracia no Brasil, vamos nos aproximar, mais ainda, até a
oficialização da pior ditadura que pode existir que é aquela vinda pelos falsos
profetas: falam em trabalhar pelo povo, usam sua ingenuidade para tirar
proveito pessoal, apenas pessoal. Já se diz por aí, “A grande verdade é, hoje
existe uma ditadura pseudodemocrática, baseada na coerção do proletariado
através de assistencialismo”.
Poeta e escritor
Falta de sensibilidade política ou erro de cálculo
Reviewed by Clemildo Brunet
on
9/13/2014 08:17:00 AM
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