Lições de uma campanha macabra
Genival Torres Dantas |
Genival Torres Dantas*
Com a retirada dos militares do poder
(1985), eleição e morte de Tancredo Neves, assume a presidência da República do
Brasil, o vice-presidente José de Ribamar Ferreira de Araújo Costa, José Sarney (1985/1990).
Com as dificuldades encontradas para tornar seu mandato efetivamente viável,
pela sua origem no partido de apoio ao regime militar, ARENA, agora atuando
pela frente representada pela oposição ao regime anterior, José Sarney convoca
uma constituinte que é proclamada como a Constituinte cidadã (1988).
As coisas não aconteceram nessa
velocidade e
simplicidade que apresento. Foi indicado para presidência da
Constituinte o presidente do Congresso e da Câmara Federal, deputado Ulysses
Silveira Guimarães (PMDB/SP), como o país não tinha um vice-presidente da
República oficial, ele era o primeiro na hierarquia a assumir o posto em casa
de ausência do seu titular, portanto, um homem de poderes numa república que
procurava solidificar sua democracia depois de vinte e um anos de autoritarismo
sistemático.
Por se tratar de uma nova constituição
a ser redigida dentro de um novo modelo democrático e por várias forças que
começa a buscar oportunidades nas fileiras dos novos líderes, e com abertura
dada para que fossem inseridos no texto constitucional propostas de classes
representativas da sociedade, vários foram os movimentos que se agruparam em
Brasília, ocupando os espaços das galerias do Congresso Nacional, buscando a
prevalência de seus ideais e o avanço dos grupos ali representados. Muitos
foram os sindicatos, movimentos populares, representantes indígenas, da
infância e a juventude, surgindo daí o estatuto da criança e do adolescente,
dentre tantos outros movimentos populares.
Não tenho dúvidas que a Constituição
em vigência, com apenas vinte e seis anos, foi a mais humana e democrática já
escrita em nosso país, quando os direitos humanos prevaleceram sobre todos os
outros direitos constitucionais. Não há dúvidas também que se trata de um longo
texto, não havia outra forma na sua elaboração, muitos foram os pedidos que
tiveram de ser atendidos pela relevância dos temas, nem todos ainda foram
regularizados, faltando projeto de lei complementar, temos muito ainda a fazer
por essa carta magna.
O tempo tem avançado, passamos por
muitos problemas, incluindo-se um impeachment, o
caso do presidente Fernando Collor de Mello (1990/1992), primeiro presidente
eleito pelo voto direto depois do regime militar, sem interferências externas
ou internas, coisa rara para um país Sul Americano, graças a uma Constituição
verdadeiramente soberana, quando o respeito por ela tem que haver por toda
sociedade brasileira, como realmente tem havido.
Com a saída do
presidente Collor assume seu vice-presidente Itamar Augusto Cautiero Franco
(1992/1995), e é no seu governo que se inicia o grande projeto de inclusão
social, o Plano Real, tendo como coordenador seu Ministro da Fazenda Fernando Henrique
Cardoso. Com o sucesso do Plano Real, Fernando Henrique Cardoso é eleito
presidente da República, por dois mandatos seguidos (1985/2003)
Veio ascensão do
Partido dos Trabalhadores (PT) e o comando do país por 12 anos seguidos, presidentes,
Luiz Inácio Lula da Silva (2003/2011) e Dilma Vana Rousseff (2011/Atual), com
ações monoteístas, e clara tendência fascista, com projeto político de poder
sem limites para execução e prática, a jovem Constituição passou a ser velha e
superada para os sonháticos. Se avançarem por mais quatro anos, certamente vão tentar
não uma revisão, mas, uma nova constituição que favoreça seus objetivos
políticos, anulando e dizimando todo e qualquer adversário que por ventura
cruze o caminho dos seus sonhos megalomaníacos.
Passada as eleições,
se confirmado mais um mandato para o PT, o primeiro setor da sociedade, que
será perseguido, indubitavelmente, será o jornalismo, comunicação e o
midiático, esse é o setor que mais incomoda o partido situacionista, e que não
lhe agrada nada. Na sequência virão os controles com a implantação de conselhos
populares, localizados e de auxílio ao poder central, anulando de certa forma,
e todas as formas, o poder concentrado do Legislativo, já sob seu controle, com
mensalões disfarçados.
Essa é a forma dos
países bolivarianos administrarem, caso específico da Bolívia e Venezuela,
apenas dois exemplos, na nossa América, cujos modelos estão copiando e
procurando imitá-los de uma forma dantesca e maquiavélica, sem nenhuma
preocupação com as adversidades, os descaminhos da economia do nosso país, o
sucateamento da nossa indústria, pela maléfica política do setor, tornando o
país como um todo, numa situação de penúria, na política externa, não
oferecendo nenhum apoio para que tenhamos competitividade internacional, pelo
contrário, estamos perdendo volumes de exportações por não sermos competitivos,
principalmente pela falta de escoamento da nossa produção, com limitações de
rodovias, ferrovias, portos e aeroportos, estrangulados na sua operacionalidade,
por absoluta falta de investimentos pontuais. Esse é um retrato de um país
escondido pelos governantes, que tentam mostrar outra nação para os menos
avisados e inteirados da real situação brasileira, que definha a cada dia,
comparado aos demais países emergentes caminhando para um futuro promissor, com
políticas sociais tão boas ou melhores que as nossas.
O futuro só depende
de nós, continuarmos com esse desgoverno que aí está ou procurarmos a
alternativa que se apresenta, fazendo o contra ponto do descalabro e da
corrupção sistêmica que assola a nossa gente, os benefícios sociais estão nos
custando e nos custará muito caro se endossarmos esse regime nefasto por mais
um período de quatro anos. Para nós, descontentes com o atual sistema só temos
o caminho de apoio à oposição, tentando pelo menos que um novo modelo, com um
novo dirigente, venha a administrar nosso país com determinação e a decência
que o Brasil merece, por isso dia 26 próximo, será o dia D para a nossa
história recente. Isso é um fato.
*Escritor e Poeta
Lições de uma campanha macabra
Reviewed by Clemildo Brunet
on
10/24/2014 06:41:00 AM
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