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A realidade traz à tona as mentiras da campanha política


     


Genival Torres Dantas*

          Os analistas esperavam a manutenção da taxa baixa de juros, Selic, entretanto, na primeira reunião do Comitê de Política Monetária, Copom, do Banco Central, pós-eleição, ocorreu elevação de 0,25 pontos, passando de 11% para 11.25%; vinha estável  por seis meses, desde abril último, a justificativa foi uma decisão técnica, na tentativa de represar a inflação, procurando mantê-la dentro do patamar máximo de 6.5%, que é o objetivo perseguido, e
não se perca o controle da economia.
      Somente nesse gesto do Banco Central, ocorreram duas atitudes conflitantes e descabidas: pregava-se que a inflação estava sob absoluto controle da área econômica, não havendo risco de elevação; e a subida de juros era uma artimanha que seria usada pela ex-candidata Marina Silva, se eleita fosse, para beneficiar banqueiros, tidos como financistas da sua campanha. Esse imbróglio mostra quão mentirosa foi a campanha feita pelo partido governista, não medindo esforços, ou consequências, para tirar do caminho qualquer adversário que mostrasse alguma possibilidade de entrave nos objetivos dos situacionistas.
       Outra situação vexatória, indo pelo mesmo caminho, foi a situação embaraçosa do reajuste dos combustíveis, especificamente gasolina e diesel, dois importantes componentes diretos nas tabelas de reajustes da economia, A Petrobrás falava que não tinha autorização nem os percentuais a serem aplicados, quando o governo já dava como certo os índices já autorizados, mostrando uma desarmonia total, em termos de comunicação, dentro do governo federal e seus tentáculos administrativos.
       Outro caso que configura o ápice do distanciamento entre o discurso e a prática dos governistas, foi o aceno no discurso da presidente reeleita, na noite de domingo, 26/10, quando foi dito que era o momento do diálogo e do entendimento. O primeiro assunto a entrar em pauta na câmara federal foi exatamente a derrubada dos conselhos populares, por iniciativa do PMDB, partido da base de apoio ao governo, pretendendo mostrar sua força política, começando por algo consistente aos anseios do partido governista, verdadeiro sonho dos petistas, na tentativa de limitar as ações do legislativo, verdadeiro apego ao centralismo desvairado, modelo administrativo de sindicatos pelegos, extrapolado ao bolivarianismo, de pretensos países Sul Americanos.
          A gota d’agua vem com a colocação de candidato a candidatura à presidência da Câmara Federal, do Deputado Eduardo Cosentino da Cunha (PMDB/RJ), reconhecidamente um político, economista, radialista e evangélico, de participação independente as regras impostas pelo seu partido, se constituindo, se candidato e eleito for, numa das piores derrotas do executivo, para o próximo exercício, ele é tido pelo governo como a pele mais fina do corpo humano, os deputados insatisfeitos com o governo já fazem coro apoiando Eduardo Cunha, num verdadeiro revanchismo pela absoluta falta de diálogo com o governo central, mesmo tendo o vice-presidente da República e vários ministérios sob comando do partido. A intensão, evidentemente, é ampliar espaço na administração geral e marcando terreno e presença por  sua força por se tratar do maior partido no Congresso Nacional, por essas razões o PMDB não se coloca nem contra e nem a favor, fica em cima do muro, observando o circo pegar fogo.
                 Não bastassem às contradições e celeumas provocadas pelas ações do governo, surgiu a ideia, estapafúrdia e grotesca, dentro da CPMI da Petrobrás, do Congresso Nacional, uma pérola de cativeiro, idealizada, manuseada e acordada pelo governo e oposição, alegando falta de tempo, os políticos citados pelos participantes da delação premiada, junto a Justiça, Polícia Federal e MPF, serão poupados, nesse caso a CPMI cuidará apenas das causas sem relevância aos congressistas, afagados pelos seus pares, que fazem parte dessa rede de marginais descobertos nas falcatruas dentro da Petrobrás, com perdas para a empresa de míseros 10 bilhões, desviados sorrateira e delicadamente, sem perturbar os justos que dormem e sonham com o país das maravilhas, nas longas e silenciosas madrugadas de invernos sul americanos.     
     Se, efetivamente, essa for a oposição que o senador e ex-candidato a presidência da República, Aécio Neves (PSDB/MG), se diz ser o líder maior, referendado por mais de 51 milhões de votos, estamos fadados a engolir por vários pleitos, ainda, a truculência, a ira, e o desprezo que os governistas nutrem por todos aqueles que um dia estiveram no comando da política nacional, e que representam o contraponto do pensamento do atual sistema. Mais ainda, a independência desse país, que tantas mortes causaram, em muitos levantes e revoluções, escondidas pelos historiadores oficiais, vão seguir somando tragédias sem nenhum resultado positivo. Vamos continuar presos, como sempre fomos, por um tempo, ao julgo português, depois, a monarquia nacional, tutelada pela maçonaria, sequenciada pelos governos da República conservadora, aliada aos militares e suas práticas absolutistas; convivendo no último século, com golpes e ditaduras, de pseudos democratas; e hoje, nessa convivência estapafúrdia com os mitomaníacos predatórios da ética e dos bons costumes.
Genival Torres Dantas
*Poeta e Escritor

A realidade traz à tona as mentiras da campanha política A realidade traz à tona as mentiras da campanha política Reviewed by Clemildo Brunet on 11/10/2014 07:00:00 AM Rating: 5

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