Nova personagem aprofunda os desmandos
Genival Torres Dantas |
Genival
Torres Dantas*
Eu acreditava que os depoimentos até
então feitos na Polícia e Justiça Federal, da Operação Lava Jato, tinha chegado
ao seu fim e começaria a etapa das investigações para fechamento e denuncia por
parte do MPF (Ministério Público Federal), ledo engano, o festival de boataria,
informações, apresentações documentais, desabafos e contraditórios ainda não
nos permite supor um final próximo dessa fase.
Surge
uma personagem bem próxima ao palco onde se desenrola o embate técnico e
político do caso Petrobras. Venina da Fonseca, ex-gerente da Petrobrás, num
gesto ainda não determinado, supomos apenas seu efeito devastador à atual
diretoria da empresa; o envio de e-mails com farto detalhes de informações
sobre o andamento na condução de determinados projetos, ratificam com
oficialidade as declarações do depoente Paulo Roberto Costa. Coloca em dúvida a
determinação, em negar participação ativa, do outro diretor, Renato Duque, que
nega peremptoriamente, sua atuação direta ou indiretamente, arrolando ainda
outro denunciado, José Carlos Cosenza, atual diretor de abastecimento, além de
comprometer definitivamente o ex-presidente José Gabrielli e atual presidente
Graça Foster,
Essa
última daria uma enorme contribuição à administração pública se colocasse seu
cargo a disposição da administração do conselho da Petrobras, demonstrando
sinal de humildade na certeza que seria reconduzida ao seu posto, se nada, efetivamente viesse
desabonar seu trabalho junto ao maior cargo daquela que foi a maior empresa
brasileira e já ostentou a posição de quarto lugar na economia mundial.
Infelizmente,
essa que foi o empreendimento de maior e grande orgulho do Brasil, hoje, passando
por uma das maiores humilhações e colocando os brasileiros de joelhos ante o
mundo pelas falcatruas e desmandos, praticados numa gestão que ficará na
história como uma das mais temerárias que administração publica já viveu em
toda nossa história.
Enquanto estamos falando
apenas nos atos indecorosos e perniciosos de elementos nocivos ao mundo
produtivo, que sem ética e sem respeito aos outros, procurando o enriquecimento
ilícito, joga para baixo, depreciando, uma empresa que tinha um valor de
mercado de R$ 737 bilhões, em maio de 2008, hoje a Petrobras, combalida e
saqueada, tem seu patrimônio desvalorizado, valendo apenas R$ 127 bilhões, para
tristeza dos brasileiros que se orgulham de aqui ter nascido e honram sua
pátria.
Com tristeza, ouvimos e lemos
pessoas negarem tal malfeitos, debitando na conta da direita rancorosa e na
imprensa despeitada os erros e desvios de conduta dos cambalacheiros
pervertidos, não assumindo a irresponsabilidade no exercício dos cargos,
enchendo de luto e desonra uma noção de um povo que pede apenas para ser feliz,
mas com lisura, lealdade e honestidade.
É profundamente lamentável que o
nosso governo ainda tenta levar uma imagem de boa conduta e bons princípios,
falando das suas atitudes, mandando aparar os ilícitos pela Policia Federal,
como se dependesse do executivo para que providências fossem tomadas, e se esse
órgão competente na sua conduta, não fosse totalmente independente, para a
gloria e justiça em nosso país, ainda bem e que assim seja e se conserve.
Estou cada vez mais convencido que
é hora do povo e oposição se unirem, temos que por um fim as malversações sejam
estancadas, por enquanto estamos falando e escrevendo sobre uma única empresa,
mas, a possibilidade da Petrobras ser apenas mais uma é muito grande, temos que
apoiar o MPF e a PF, para que eles dentro das suas competências façam seus
trabalhos investigativos com todo rigor, e denunciem os delinquentes para que
paguem pelos mal feitos.
Na Itália ocorreu a operação mãos
limpas (mani pulite), na década de 1990, esclareceu casos de corrupção,
eliminando a Primeira República italiana e desarticulando vários partidos
políticos corruptos, levando ao suicídio políticos e industriais que se
envolveram nas falcatruas. Os números foram fantásticos: 2993 mandados de
prisão expedidos, dos quais 872 empresários, 1978 administradores e 438 parlamentares,
desses últimos, 4 tinham sido primeiros-ministros, num universo de 6059 pessoas
investigadas.
No Brasil precisa-se desencadear não
uma operação mãos limpas, não vai valer a pena, mas, uma operação de bolsos,
meias e cuecas limpas, quem sabe, dessa forma tenhamos um resultado eficiente e
eficaz, no combate ao mais perverso dos crimes contra o patrimônio público, a
corrupção. Isso é um fato.
*Escritor
e Poeta
Nova personagem aprofunda os desmandos
Reviewed by Clemildo Brunet
on
12/16/2014 05:54:00 AM
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