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Betinho de Rita de Cristiano

José Romero Araujo Cardoso
Por José Romero Araújo Cardoso

         Vivemos momentos sublimes quando a todo vapor se efetivava o sonho lúdico de infância chamado VILA DO ARCO, marca registrada do imaginário infantil de dezenas de crianças que deixaram suas pegadas pelas ruas de Pombal por vota do final da década de setenta e boa parte da de oitenta do século passado.
         Betinho de Rita de Cristiano era o louvado intelectual da turma, apreciador de cinema, de literatura e
coisas referentes à atualidade, pois era praxe comentar com a turma filmes exibidos em altas horas pela extinta TV Tupi, bem como tecer opiniões sobre obras literárias que devorava sofregamente.
       Betinho mostrava pendor para a área acadêmica que abraçou desde tenra idade, tendo chegado ao doutorado em literatura brasileira. Observava com intenso fervor a construção coletiva fantasiosa dos meninos da VILA DO ARCO, de cujo topônimo foi buscado em novela exibida pela suporá mencionada rede televisiva.
      Filmes de terror geralmente integravam o interesse do ilustre nativo da VILA DO ARCO, tendo em vista que aproveitava momentos que todos estavam dormindo para apreciar com a televisão em volume bem baixo clássicos do gênero que eram exibidos depois que a maioria das pessoas estava dormindo, exigência da rígida censura da época.
     Foi através de Betinho, antes da anistia permitir o retorno dos exilados políticos, que ouvi pela primeira vez o nome e a história de Leonel Brizola. Admirador do polêmico político gaúcho, ele me narrou as lutas desse persona non grata da ditadura com cores vivas e vibrantes.
      Através de Betinho também aprendi a apreciar a música de Zé Ramalho. Ele e o irmão Sérgio Lucena me apresentaram em fita cassete A Peleja do diabo com o dono do céu. Betinho sabia muito bem o valor que tem a arte do grande gênio de Brejo do Cruz.
    Nossa adolescência foi marcada por momentos marcantes em diversos pontos de Pombal. Discutindo política ou religião pela madrugada, coisas consideradas indiscutíveis, varávamos horas conversando na praça do centenário ou no coreto da AEUP, quando nossa chapa venceu as eleições em 1990.
   Fomos contemporâneo de ensino fundamental médio e de UFPB. Eu cursando Licenciatura em Geografia e ele em Letras. Tive o privilégio de tê-lo como vizinho no Conjunto Castelo Branco nessa época. Nossa amizade sempre foi imorredoura, considero-o como um irmão.
     Nunca dele de procurá-lo ou de saber notícias dele quando estou na terra natal. Buscava informações dele com as irmãs. Quando coincidia de nos encontramos em Pombal era mister colocarmos o papo em dia, saber como estávamos, como eram as aspirações de ambos, etc.
       Eis que me deparo com notícias infausta, terribilíssima, transmitida por Helton Formiga, quase ao raiar do dia sete de janeiro de 2015. Betinho está desenvolvendo trabalho literários á Direita de Deus pai Todo Poderoso. Meu amigo de infância não mais se encontra neste plano, galgou degraus, horizontes, além daqueles palmilhados em vida.
      Foi-se um repositório fantástico de conhecimentos, um intelectual de primeira grandeza, um magistral ser humano cuja humildade e simplicidade lhes eram marcas indeléveis. Não mais veremos Betinho de Rita de Cristiano pelas ruas de Pombal, nem enriquecendo saraus literários em João Pessoa.
    Vai com Deus meu querido maninho, meu grande amigo de épocas inesquecíveis, de grandes momentos da cultura pombalense. Deus já lhe acolheu no Paraíso Celestial, pois és luz que brilha na eternidade.
Deus te proteja Betinho de Rita de Cristiano!
José Romero Araújo Cardoso, amigo de infância de Betinho de Rita de Cristiano. 
Betinho de Rita de Cristiano Betinho de Rita de Cristiano Reviewed by Clemildo Brunet on 1/08/2015 07:21:00 AM Rating: 5

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