Um recomeço sem ilusões
Genival Torres Dantas |
Genival Torres Dantas*
O ano legislativo começa com a prática
dos velhos discursos e novos interesses, com os céticos não apostando em
qualquer mudança que venha melhorar o sentimento generalizado do brasileiro
decepcionado, mesmo porque, não há mudanças em repetição de erros, no final o
quadro é desalentador. O Congresso Nacional foi instalado com a eleição dos
presidentes das duas
casas, José Renan
Vasconcelos Calheiros (PMDB/AL), se reelegendo para presidente do
Senado; na Câmara Federa é eleito Eduardo Cosentino da Cunha
(PMDB/RJ), em tese, o que o governo federal menos esperava como contra ponto,
mesmo sendo ele deputado da Base Aliada, sempre se manteve independente no
enfrentamento ideológico, resistindo à muitas medidas provisórias, quando líder
do seu partido, o PMDB.
Essa talvez seja a mudança que possa
trazer certo equilíbrio entre a força governista e
a oposição tão desmilinguida
nos últimos tempos, e por todo tempo, no decorrer do governo petista. Não foi
uma mudança exitosa para a oposição, vai depender muito do comportamento do
novo presidente da câmara. Como sabemos, José Renan Vasconcelos Calheiros é um
velho aliado situacionista, ficando o senado, basicamente, atrelado ao sabor do
humor político do executivo; demonstração clara e inequívoca foi a eleição da
mesa administrativa do senado para o biênio 2015/2016, quando o presidente da
casa simplesmente enfiou de goela abaixo, arranjando os gorgomilos da oposição,
a chapa branca, montada pelo governo, sem respeitar as minorias representadas
pela oposição e pequenos partidos ali compostos, numa demonstração de
truculência e prepotência da maioria governista, comprometida apenas pelo seu
projeto de governo. A impressão que fica nesses primeiros dias é que muita
coisa pode acontecer, se, efetivamente, o discurso de campanha de Eduardo Cosentino da Cunha,
presidente da Câmara, for repetido na sua prática e na direção da
casa. É muito pouco para quem espera mudanças radicais, precisas, objetivas, e
pontuais, para o país na bancarrota, esfacelado e denigrido, situação levada
pelo governo de uma esquerda inconsequente, e mal intencionada.
O Congresso Nacional vem oxigenado
pelo ingresso de nossos congressistas, somente na Câmara foram eleitos 192
novos deputados, entre os de primeiro mandato, neófitos, e as velhas raposas,
assim como no senado, reformando seu quadro, entretanto, mantendo os mesmos
exercícios corporativos e vícios de postura. Infelizmente, faz tempo que não há
uma simbiose entre o político e o cargo em exercício, muitos são eleitos com
promessas em defesa dos seus eleitores e sua região, na realidade, o que se
verifica é um verdadeiro trabalho em causa própria, e oligárquica, pela grande
maioria dos eleitos, ou reeleitos, ficando a pátria ao tempo e a conveniência
dos procuradores do povo.
Teremos um ano de muitos sacrifícios
para a grande massa trabalhadora, além do comportamento de alguns políticos que
deslustram o país, as questões conjunturais, notadamente a crise hídrica, e em
função e por força dela, a natureza não quer nos ajudar com suas chuvas em
locais geradoras de abastecimentos, onde o represamento de suas águas tornem
mais confortáveis a vida de quem delas dependem, tanto para sua sobrevivência direta,
quanto à geração de energia, basicamente, nossa grande fonte geradora. Nesse
desequilíbrio, ficamos no linear de novos tempos, isso pode nos trazer
transtornos irreparáveis, como o encolhimento, mais ainda, do nosso parque
indústria, sucateado pelo desprezo do governo central, que depende do insumo
energia, além das águas tão vitais à produção do agronegócio, esse setor tão
importante para a nossa economia, podendo nos levar a mais um ano de
crescimento próximo a zero.
A economia pública em si, invectivada
pelos seus operadores, espeloteada na indiferença dos que a tratam com malversação,
espoliada da forma mais espúria que temos notícias em um governo que se diz
democrático, tem na Petrobras o seu mais triste quadro que alguém pode injetar no mercado, transformando a maior empresa do país, com respeitabilidade
internacional, reconhecidamente uma das maiores no mundo, tanto na produção
como na sua margem de contribuição. Em um só governo, perde um terço do seu
valor de mercado, é endividada em uma vez e meia na sua dívida anterior, caindo
no descrédito inacreditável, depois de tudo consumado, sendo questionada e
denunciada pela Justiça e Polícia Federal, somente depois do malogro, sua
diretoria é posta em xeque, e demitida.
É essa inépcia administrativa, gestão temerários,
que combatemos no governo federal, sendo aplaudido apenas nos salões onde se
realizam as esbórnias dos seus sectários, engolfados na escuridão da luxúria desconsoante
que o poder promove na consciência de cada um. Tétrica é a realidade de um povo
que trabalha apenas para alimentar o momento, sem se preocupar com o passado e
o futuro, como se a vida fosse feita apenas do momento atual, sem a hora
seguinte, ignorando-se as consequências e as sequelas advindas dos erros
praticados e não comensurados. É de se prever um verdadeiro cipoal
impenetrável, verdadeiro muro de arrimo, sendo usado pelo Executivo,
indisfarçável controlador do Legislativo brasileiro, para aprovações dos seus
caprichos e mal feito na condução do Brasil.
*Escritor e Poeta
dantasgenival@hotmail.com
Um recomeço sem ilusões
Reviewed by Clemildo Brunet
on
2/05/2015 05:12:00 PM
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