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Mao-Lula: entre braçadas e marombas

João Costa
João Costa**

Corria o ano da graça de 1966, quando o líder da Revolução Chinesa, Mao Tsé-Tung, deu um mergulho no Rio Amarelo e nadou quinze quilômetros – seu staff mergulhou atrás -  e, um mês depois, deu início à Revolução Cultural. Milhões foram mortos, segundo a mídia ocidental. A partir daí, a China transformou-se: passou, a passos largos, de um país feudal para seguir O Caminho e
alcançar hoje o posto de maior potência econômica mundial – e com armas nucleares.
Guardemos as devidas proporções. Há algumas semanas atrás Luiz Inácio Lula da Silva, apareceu nas redes sociais – ele não precisa de jornais, revistas e TVs – fazendo exercícios físicos. Já teve câncer e tem mais de sessenta, recomendando a prática da caminhada e dos exercícios. Apareceu de camiseta sem manga e suado depois de praticar exercícios com peso. No último Dia do Trabalhador fez um discurso dizendo que “aceita briga”.
Mais: atacou jornalistas – sem citar nomes – de desonestos. Não é novidade, já dizia Mino Carta, que no Brasil, “Os jornalistas são piores que os patrões”. E agora que o jornalismo brasileiro vive de “adjetivos”, “jargões” e outros babados, jovens jornalistas acreditam, piamente, em “jornalismo investigativo”, para justificar o vale-tudo.
E mais: deu porrada em donos de jornais e revistas que faliram e foram socorridos financeiramente exatamente pelo Estado. Mirou em parte do empresariado, que durante o seu governo faturou os tubos, mas que agora pedem o impeachment, “indignada” com a corrupção. Baixou a falsa moral judaico-cristã que permeia a nossa cultura.
Se não for para o enfrentamento, Lula deverá ser preso ainda este ano, mais precisamente no início de 2016, ano de eleição. Lobby feito por um ex-presidente para favorecer empresa do seu país no estrangeiro, é visto como “tráfico de influência” e crime, e veiculado na mídia articulada com as forças de Direita que tramam há anos e agora dão curso a um golpe de estado no país.
Pela nossa Constituição – que vale menos de uma pataca furada – existem três poderes ditos “harmônicos, mas independentes entre si”: Judiciário, Executivo e Legislativo. Agora temos um quinto poder: O Ministério Público, pois o quarto poder é exercido por apenas seis “famíglias” que controlam os meios de comunicação.
Jamais acreditei em campanhas de moralização, elas escondem podres dos aliados e criminalizam adversários. E quem faz discurso anticorrupção, com a máxima certeza é um. Seja ele arcebispo, pastor ou qualquer cidadão, especialmente aqui em Pindorama.
Lula será preso dentro de uma trama infame urdida por um MP politizado e um Judiciário, que em matéria de privilégios e corrupção nada fica a dever ao Legislativo ou Executivo. Razão óbvia: impedir sua volta à Presidência, ainda que debilitado do ponto de vista da sua saúde.
O PT não é pior nem melhor que qualquer outro partido. Mas sempre esteve em curso, desde que assumiu o poder e mudou o país para melhor, uma tentativa de desmoraliza-lo e, agora, cassar o seu registro partidário. E o que impressiona é a sua desarticulação e incapacidade de reação – na verdade está passando recibo.
Pogrom em curso – Este já começou, de forma incipiente, mas já está em curso. Nas redações, estúdios e agências de publicidade, é real a tentativa de uns em destruir a “reputação” de qualquer profissional que não comungue com a trama, abertamente promovida pelo PSDB, antes um partido de intelectuais, mas que hoje abriga políticos fantasiados de impolutos da Nação. Richa é só um braço armado.
Voltando a Mao. Ele dizia que o poder se assenta “na ponta das baionetas”. Mao adotou uma tática de guerra muito usada na Revolução Cuba, chamada “Guerra da Pulga”, que os próprios soldados cubanos aplicaram no Vietnã – sim, soldados cubanos lutaram ao lado dos Vietcongs por quase cinco anos – que consiste num princípio louco: “a pulga morde, pula e morde de novo, evitando a pata que a esmagaria. A pulga não mata seu inimigo de um só golpe, mas sim busca sangrá-lo e se alimentar dele, provocar fraquezas e incomodar o inimigo o tempo todo”.
A propósito: O “príncipe” da sociologia e da classe média brasileira, Fernando Henrique Cardoso, aplicou essa tática contra Lula, mas errou. “Nada de impeachment contra o Lula. Vamos sangrá-lo, pois ele perderá a reeleição”. O impeachment da Dilma foi “pras cucuias” e a tese volta. Sangrar a Dilma Vana até o fim. Assim: Veja, Época e TV Globo pautam o Ministério Público e o Judiciário, que por sua vez “vai pular e morder”; primeiro prendendo o Lula e, por fim, dando o golpe de misericórdia na Dilma Vana. Se houver uma reação como a Lula no ABC, talvez ainda dê tempo aos políticos do PT honestos salvarem o partido.
Ah! Talvez Mao apenas deu umas braçadas e o Lula apenas frequenta uma academia de exercícios físicos.
Assim Caminha a Humanidade!

**João Costa é radialista, jornalista e diretor de teatro, além de estudioso de assuntos ligados à Geopolítica. Atualmente, é repórter de Política do Paraíba.com.br
Mao-Lula: entre braçadas e marombas Mao-Lula: entre braçadas e marombas Reviewed by Clemildo Brunet on 5/03/2015 06:10:00 AM Rating: 5

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