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Nepal

Onaldo Queiroga
Onaldo Queiroga*

A natureza é a presença de Deus no planeta Terra. O deslizar das águas de um rio que desce corredeiras buscando o abraço do oceano, ou, mesmo o ouvir do canto dos pássaros, a invadir nosso espírito, amenizando inquietações e fazendo brotar uma sensação de paz, são demonstrações iniludíveis da presença do Criador.
A Santa Natura é professora paciente com o homem. Fornece à humanidade o alimento de cada dia, embora maltratada pelo próprio ser humano. Mas, mesmo assim, procura mostrar o caminho a ser seguido. Contudo, ultimamente, a Mãe Natureza vem demonstrando um grau maior de insatisfação, seja através de tsunamis, terremotos, de furacões, tornados, secas e
enchentes. São tragédias naturais que representam respostas às ações de degradação praticadas pelo homem.
Abril de 2015. A vez do Nepal. Um terremoto de 7,8 sacudiu os Himalaias. Matou mais de oito mil pessoas. Incrivelmente, o fenômeno natural, tamanha sua virulência, reduziu em um metro, numa faixa de terra de oitenta a cem quilômetros, a altura das montanhas, segundo o geólogo americano Richard Briggs, do Serviço Geológico dos Estados Unidos. Cientistas também verificaram que o próprio pico do Himalaia também fora reduzido. Mesmo antes do terremoto, existiam alusões sobre a altura do Everest, pois consoante Christian Minet, geólogo do Centro Aeroespacial Alemão, o Everest havia sofrido uma redução de cerca de um metro e meio em sua altura. Essa colisão das placas tectônicas Indianas e Eurasiática diminuiu a grandeza do famoso monte, porém, outras áreas se elevaram, algo normal de acordo com os cientistas. Foi o caso da própria capital, Katmandu, e o lado sul das montanhas do Himalaia, que, com o choque das referidas placas, aumentaram de altura.
Dezoito dias depois, 12 de maio de 2015, quando ainda se contavam as vítimas fatais, acolhiam-se os desabrigados, tratavam os feridos e continuava com as operações de resgate, o Nepal foi sacudido novamente por outro grande sismo de magnitude de 7.3. A natureza, mais uma vez, avisou ao homem sua insatisfação. Além dos milhares de mortos, resolveu demonstrar que é capaz de reduzir até o tamanho do Everest. A Terra está em constante movimentação e acomodação, mas não podemos esquecer que o homem é peça importante nesse processo. Quantos milhões de litros de petróleo são extraídos por dia das profundezas do planeta? Essa extração interfere ou não no aceleramento desses eventos naturais?
Temos que compreender que nossas ações podem acarretar o fim da humanidade, passando o planeta a ser um mundo sem alma. É possível reverter o quadro que desponta desolador. Antes que seja muito tarde.
*Escritor pombalense e Juiz de Direito da 5ª Vara Cível em João Pessoa PB.

onaldoqueiroga@oi.com.br
Nepal Nepal Reviewed by Clemildo Brunet on 5/16/2015 04:56:00 AM Rating: 5

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