O sensato nunca se curvará

Genival Torres Dantas

Genival Torres Dantas*

Enquanto o governo federal anuncia que está cortando na carne para conseguir o ajuste fiscal, tão necessário para o equilíbrio nas contas esfaceladas, a população, por conseguinte, já vem tentando tirar da sofreguidão sua alma penada, que arde nas chamas da indecência,  da umbrática e quimérica administração central dos últimos 12 anos.

É muito pouco tentar acertar os desacertos e altercações, imbróglios advindos das mentiras camufladas e muitas delas abertas e insinuosas, imputadas a outros aquilo que lhe tem à mente e coloca em prática toda política que tanto condenou, e
sem saída, não tem alternativa a não ser concordar com as sequelas nefastas , consequências humilhantes para um povo que vinha acreditando num partido que se dizia meritório, protetor dos pobres e oprimidos, hoje os joga na vala da desesperança, sem caminhos ou variantes à um retorno salvador.

Pobre povo que não tem a quem recorrer, nem governo para reclamar. São filhos do nada, resultado de uma farsa de desditosa falácia.  O que vem ocorrendo não há precedentes em nenhum período da nossa história. O brasileiro que tanto acreditou numa ação social que lhe retirasse da miséria absoluta e lhe ensinasse um ofício para se manter na ativa, por erro crasso, foi feito um projeto de poder, sem medir consequências, sem contrapartidas, apenas a troca de uma inscrição para o benefício de um valor mensal, sem prazo, como se fora infinito, apenas o interesse político de um voto, o resultado foi  lamentável, a criação de uma sociedade que vem sendo mantida há 10 anos, numa sazonalidade periódica, atendendo um calendário eleitoral.

Para atender essa demanda, muita coisa foi empanada e descompensada, projetos inacabados, obras faraônicas, ligando nada a lugar nenhum, recursos desviados escabrosamente, desvios de finalidades, palavras aos ventos sem nenhum interesse de realizações, conchaves, ilações e corolários, verdadeiros balaios para transportes de líquidos. Devo confessar que cheguei ao ponto de acreditar, inicialmente, no discurso fácil dos monopolistas da desgraça alheia, não sabia da índole da sua grande maioria, como você, também fui enganado, fui além, cheguei a votar em alguns membros desse partido desvairado, esses em quem votei, praticamente foram expulsos do núcleo governamental, dos males o menor, eu não tinha o direito de errar com tanta ênfase.

Os brasileiros também não erraram no último pleito, foram judiciosos no seu raciocínio, acreditaram na palavra da presidente, não sabiam das inverdades que estavam sendo ditas, afinal, se mitomaníacos acreditam nas suas próprias mentiras, imagine os menos esclarecidos ou mal informados, os homens de boa fé, como os simples e crentes. O preço que estamos pagando, e ainda pagaremos por muito tempo, é muito alto para as nossas condições modestas, ainda somos um povo em desenvolvimento, estamos a caminho de um estágio melhor, infelizmente nossos governantes insistem em atrasar nossa marcha ao futuro que nos espera, os emergentes, até nos colocaram no meio deles, fazemos parte do BRICS, infelizmente, estamos fazendo feio, não estamos dignificando nossa raça, estávamos indo tão bem! Insistem em nos fazer de menino pequeno, eles, os governantes, se apequenam e nós, o povo, pagamos a fatura.

Não vamos nos curvar, ainda bem que o exercício da Democracia é diuturnamente apaixonante, nele não há desregrados, pelo contrário, há sim, homens que fazem questão de lutarem fora dos palcos e dos holofotes, procuram o justo na justiça, o sério na ideologia, o ar na atmosfera e não no vácuo, ou seja, procura o que desejam com obstinação e lucidez de tempo, lugar e espaço, não busca apenas por buscar, tem objetivo, pois sabe o que quer, onde quer chegar e quando chegar, quando lá estiver, vai saber, evidentemente, o que fazer com os instrumentos em mãos. Devaneios são para os falsos profetas, pregadores da hipocrisia, comparsas da insensatez.

*Escritor e Poeta

dantasgenival@hotmail.com