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Oração ao tempo

Onaldo Queiroga
Onaldo Queiroga*

Tempo fugaz. Uma locomotiva veloz a nos conduzir. Da janela, olhares absortos a observar cenários diversos, que, tais como flashes, vão ficando contínua e rapidamente para trás.
Um tempo de caminhantes azoados, de velhos, homens, mulheres e crianças que vem e vão, num transitar sem sonhos, restritos à escravidão da insolente violência e
incredulidade, que conduzem uma grande parte da humanidade. Tempo de extremos. Uns tem a luxúria como travesseiro; outros a miséria como um imenso colchão de alfinetes. Uma legião foge da fome; outra esnoba o desperdício da fartura. Uns morrem à míngua nas filas do sistema de saúde; outros fenecem nos ambientes requintados da tecnologia e de renomados médicos.
Tempo Mediterrâneo, de traficantes barcos que conduzem sobre as águas aldeotas que migram, fugindo da miserável fome e da barbárie de conflitos gerados por medíocres homens que fazem da busca pelo poder um caminho para o apocalipse. Tempo mediterrâneo, onde transatlânticos navegam sobre as águas levando o luxo para o desfrute de despreocupados turistas que visitam povos históricos, mas hoje atônitos por temerem na imigração um caos a quebrar uma aparente e presente ordem no velho continente.
Um tempo de armas e drogas a fomentarem a expansão do crime organizado e a promoverem o dilaceramento da família, além do crescimento do caos na sociedade. Um tempo de equívocos, onde há destinação de vultosas verbas para patrocinar marchas da maconha, e, de outro lado, escassos orçamentos visando a abrigar e tratar os miseráveis desprovidos das cracolândias. Tempo insano. Sem amor ao próximo, onde o caminhar turvo e andarilho demonstra a frieza dos escuros becos da vida. Tempo demolidor, onde homens poluem e exterminam a natureza. Sem pena e dó, promovem a destruição de rios, mares e florestas, alterando a rota do equilíbrio da criação. Tempo desmemoriado, onde homens esquecem que dependem da Santa Natura para manter acesa a chama da vida e da sua própria existência. Tempo sem esperança. Tempo sem fé, onde uma nebulosa nuvem que vagueia pelo céu da humanidade a respingar o sentimento da descrença, instigando a ausência de forças para a reação.
Tempo nos lembra Eclesiastes 3, Provérbio de Salomão, que nos ensina: Tudo tem a sua ocasião própria, e há tempo para todo propósito debaixo do céu. Por isso, esperamos que estejamos no final desse tempo de tanta incredulidade, violência e desamor. Que se aproxime um tempo de reflexão, amor e construção de um novo mundo. Só há ódio, quando o amor não está presente. Só há guerra, quando a paz está ausente. Deus é amor! Vivamos o Amor!
*Escritor pombalense e Juiz de Direito da 5ª Câmara Cível de João Pessoa PB     
onaldoqueiroga@oi.com.br
Oração ao tempo Oração ao tempo Reviewed by Clemildo Brunet on 5/27/2015 03:37:00 AM Rating: 5

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