banner

Fábrica de criminosos

João Costa
João Costa*

Para sua consideração – Antes de qualquer observação sobre a “fábrica do crime e de criminosos”, cabe elogiar o profissionalismo da polícia paraibana, que ao seu tempo; curto, diga-se de passagem, elucidou a barbárie dos bancários, resultando na prisão dos autores. Ponto. Mas é necessário fazer algumas perguntas para delegados e policiais experientes e criminalistas, para que possamos entender o que se passa na nossa sociedade. A primeira delas: por que criminosos atuais não fogem da cena do crime? Sim. Os casos mais bárbaros recentemente ocorridos na sociedade são exemplos assustadores.
O advogado mata a namorada, e
não foge. O sujeito trucida quase uma família inteira (caso mata sete) e, ato contínuo, vai pra casa dormir; rapazes de boa formação cultural ( caso de Queimadas) promovem estupro coletivo como presente de aniversário de um deles, e não fogem. Um indivíduo se aproveita da confiança de uma menina – sua vizinha – consegue atraí-la, assassina a garota, enterra no quintal, permanece em casa, e ainda participa de campanhas da comunidade pedindo justiça (João Pessoa). Sim, tem os casos mais recentes, que resultaram no assassinato de policiais e conseqüente prisão dos criminosos, outros morreram durante reação à prisão. Ponto para o estado e para polícia. Eles, os assassinos, ficaram; nos dois casos (Patos e Santa Rita) por perto, praticamente na cena do crime. Se formos enumerar os casos, a crônica policial vira calhamaço. Qual a resposta? Certeza da impunidade. Certo, mas não explica tudo.
Agora, o crime, do ponto de vista dos criminosos. O processo de sujeição criminal é difícil de entender. Salvo engano, tal processo de sujeição do criminoso resume-se no seguinte: a aceitação, amenização (não importa o grau da brutalidade praticada) e a neutralização. Se isto passa pela cabeça dos criminosos brutais, qual a explicação para a reação da sociedade que prefere mudar de hábitos; mostra-se resignada diante da violência, agora expressa ódio pelas redes sociais, mas na prática, esboça um movimento patético: realização de caminhadas, estranhamente intituladas “caminhadas pela paz”. Como pedir paz diante da fábrica do crime e de criminosos, se eles não dão trégua?  
- O trabalho da polícia é como enxugar gelo, disse o secretário de Segurança, Cláudio Lima, que é delegado de carreira experiente, responsável para dar respostas imediatas, a problemas ( o crime) cumulativos, em série. A sociedade parece “fazer ouvidos de mercador” para a constatação e alerta do delegado. Ele, que está na linha de frente no combate ao crime, aponta para leis frágeis, que gera impunidade.
A polícia tem seus problemas estruturais, deficiências e tudo mais. Mas é a polícia que nós temos e que deve ser apoiada, porque é a ela que a sociedade recorre em casos bárbaros, mas esquece da política, de chamar o feito à ordem, como exigir mudanças no Código Penal e, até na cultura. Pouco se deve esperar do Judiciário. Ele, o Judiciário, não funciona em função da justiça, mas dele mesmo enquanto poder.
São tantas as apelações, recursos, prazos, brechas legais, relaxamento geral. Que a única lei estúpida que se mantém em relação ao crime, é a nefasta Lei Fleury, que ninguém ousa tocar ou extirpá-la, porque favorece aqueles com poder econômico, ou político, e é o azeite que mantém a ciranda milionária que move advogados, juízes, promotores e a burocracia.
Talvez esse azeite resulte da falsa noção de que o povo brasileiro é pacífico.
Assim Caminha a Humanidade!

*João Costa é radialista, jornalista e diretor de teatro, além de estudioso de assuntos ligados à Geopolítica. Atualmente, é repórter de Política do Paraíba.com.br
Fábrica de criminosos Fábrica de criminosos Reviewed by Clemildo Brunet on 7/02/2015 05:17:00 AM Rating: 5

Nenhum comentário

Recent Posts

Fashion