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APELIDOS NO PETROLÃO


 
Severino Coelho Viana
Por Severino Coelho Viana*

A cultura mediana nos conduz ao entendimento razoável de que o governante seja uma pessoa de muitas virtudes e cheia das melhores intenções para com a coisa pública e o interesse da coletividade. O conjunto da obra e os serviços prestados sejam reconhecidos pelo tirocínio administrativo com suporte no dever da honestidade inerente ao administrador público.
A nossa realidade é
muito mais cruel do que pensamos, hoje, há uma tremenda escassez do administrador honesto. A falta é tão grande, mais tão grande, que os poucos honestos estão desaparecendo. É coisa minguada somente para socorrer um ente público que se encontra em falência degenerativa.
Será que tem alguém que negue esta assertiva?
Pois bem! Vamos em frente.
O crime doloso se caracteriza pela evidência da premeditação, ou seja, é o crime cometido com plena consciência da ilegalidade da conduta praticada, visando o resultado ilícito ou assumindo o risco de produzi-lo. (art. 18, I, do CP).
Portanto, o planejamento e a intenção do ato criminoso no maior escândalo de corrupção já visto na história do Brasil, conhecido popularmente por “Petrolão”, desvendado pela famosa operação “Lava Jato”, mostra perfeitamente esta intenção dolosa de dilapidar o patrimônio público quando alguns já condenados, outros, denunciados e mais outros indiciados demonstraram um planejamento astucioso e uma intenção dolosa facilmente palpável pela forma ousada de tentar ludibriar os órgãos competentes para livremente exercer as suas atribuições constitucionais e cair na enganação da ocultação dos autores e a consequente impunidade do crime.
No entanto, o Ministério Público e a Polícia Federal (como órgãos investigativos por uma garantia constitucional) espantaram o vespeiro criminoso quando detectaram cabalmente que os membros (mentores e autores) haviam criados APELIDOS com o fim de induzir a erro e enganando a tudo e a todos ao mesmo tempo. Mas, não existe o crime perfeito!
A estratégia fora montada por doleiros, operadores, executivos das grandes empresas, além dos próprios políticos. Veja a relação de alguns codinomes constantes nos relatórios de inteligência, evitando mencionar o nome verdadeiro dos comparsas:
01 – BRAHAMA                  - Luiz Inácio Lula da Silva
02 – PRIMO                          - Alberto Youself
03 – VÉIO                             - Rafael Augusto Lopes
04 – VÔ ou  JP                      - João Procópio Junqueira Prado
05 – BAND JP                       - João Pizzolati
06 – BAND MN                    - Mário Negromonte
07 – OLHEIRO                     - Adarico Negromonte
08 – SEU MACEDÃO          - João Cláudio Genu
09 – MY WAY                      - Renato Duque
10 – SABRINA                     - Pedro Barusco
11 – ANGELINA JOLIE      - Nelma Kodama
12 – BEBÊ JOHNSON         - Luiz Argolo

Além da mudança no nome dos autores do crime, eles rebatizaram PROPINA com o nome de “PIXULECO”. Pixuleco é um termo inexistente nos nossos dicionários.
Todavia, a definição do nome que batiza a 17° fase da Operação Lava Jato, não aparece no nosso léxico.
Na literatura, um termo parecido foi usado pelo escritor paulista João Antônio (1937-1996), no conto “Paulinho perna torta”. Na história do engraxate que vira assaltante, “pixulé” é sinônimo do “dinheiro miúdo” que seu personagem recebe durante o trabalho: “O tipo se levantava da cadeira, se arrumava todo; se empinava, me escorregava uma nota. Humilde, meio encolhido, eu recolhia a groja magra. Tudo pixulé, só caraminguás, uma nota de dois os cinco cruzeiros. Mas eu levantava os olhos e agradecia”.
Nos processos da Lava Jato, "pixuleco" está longe de designar pouco dinheiro. Segundo o empreiteiro Ricardo Pessoa, dono da UTC, a gíria era usada pelo ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto para se referir à propina que recolhia das empresas a cada novo contrato com a Petrobras
O pior de tudo isso ainda existe pessoas que dizem de boca cheia que isto é um golpe da imprensa. Não! Isto não é golpe da mídia. Isto é fato. Contra fatos não há argumentos.
Então, fica bem claro que PIXULÉ é um nome abrangente para os minguados hospitais, escolas sucateadas, transporte cavalete e segurança pública sem sentinela. Enquanto que PIXULECO tem o novo sentido para os grandes depositários nas contas secretas dos paraísos fiscais.
Passe bem!
Fui.
João Pessoa, 08 de agosto de 2015.
*Escritor pombalense e Promotor de Justça em João Pessoa PB
APELIDOS NO PETROLÃO APELIDOS NO PETROLÃO Reviewed by Clemildo Brunet on 8/09/2015 05:16:00 AM Rating: 5

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