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Crise hídrica no sertão

João Costa
Por João Costa*

Para sua consideração - Chego a Patos e minha filha avisa: racionamento geral, 2X3. Dois dias com, três dias sem. É o preço que se paga para quem teima em viver no semiárido. Já é regra que dura, e vai durar muito mais – e com agravamento. A crise hídrica é real, faz a crise política parecer coisa de criança. Pois bem, neste sábado, leio esta pérola, que nem de longe é um balde d’água fria no Sertão de mãe-preta e
pai-joão:
“Moradores da cidade de Olho D’água, sertão do Estado, interditaram ontem a BR que liga Patos a Itaporanga, para protestar contra a decisão da Aesa de abrir as comportas do açude Buiú para fornecer água para o município vizinho, Piancó, que está enfrentando colapso no abastecimento”.
Daí; recordo de soluções preventivas já tomadas: corte no fornecimento de água para irrigação – as famílias cumprem; empresas do agronegócio, não!  – detalhe da seriedade administrativa no manejo dos reservatórios. Daí, o país só se dá conta da crise hídrica, porque um reservatório chamado Cantareira, em São Paulo, secou e os paulistas “limpinhos” estão enfrentando racionamento.
Daí, que também recordo de um prelado estrangeiro, chamado Luiz Cappio, que fez greve de fome lá na Bahia contra o início das obras de transposição do Velho Chico. Gesto este que encurralou o presidente Lula e a Nação, que capitularam diante do religioso, suspendendo o início das obras para humildemente atender ao prelado. Coisa de país de muro baixo.
Daí, que vejo aqui pelo Face, o primeiro teste de abertura de comportas em Cabrobó, que vai levar água para o eixo-norte da transposição. Coisa de cinema, mas com séculos de atraso. Não me recordo do noticiário da TV mostrando o jato de água expelido pela comporta, nem fotos na mídia nativa mereceu. O jato de água que lava o canal engatado no Rio São Francisco, não é o mesmo da tal Operação Lava-jato.
Cavaleiros do Apocalipse avisam que a próxima guerra mundial será uma briga por água. Não é notícia nova: a chamada “guerra dos seis dias”, ocorrida lá trás, nos anos 1960, os judeus com apoio dos EUA se apoderaram das colinas de Golan, exatamente pelo controle da água, mas a mídia-empresa vendeu a guerra por motivos bíblicos do povo de deus, há,há,há...
Navios quando voltam de Manaus para o Atlântico, teoricamente seguem sem cargas. Mas já alertaram que os contêineres são adaptados para o transporte de água que segue, de graça para África e Oriente Médio. O Paraguai se beneficia de água e luz de Itaipu, resultado da estratégia de jerico dos militares em construir uma represa em parceria com o Paraguai, na vã ilusão de que aquele país desprotegido é satélite do Brasil. Só bases militares norte-americanas instaladas naquele país próximas a Itaipu são três. Para fins humanitários, é claro. Do lado da Colômbia, mais três bases americanas miram rios do lado de cá. A Colômbia está propondo a criação de um “corredor” ambiental de proteção na Amazônia, o Brasil teria que ceder a maior parte até... O Atlântico.
Por fim, pergunto. Qual o sentimento de Nação entre a população de Olho D’agua para com os habitantes de Piancó? “Água, água, água mineral com gás”.

*João Costa é radialista, jornalista e diretor de teatro, além de estudioso de assuntos ligados à Geopolítica. Atualmente, é repórter de Política do Paraíba.com.br
Crise hídrica no sertão Crise hídrica no sertão Reviewed by Clemildo Brunet on 8/30/2015 06:34:00 AM Rating: 5

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