banner

O país do faz de conta

Genival Torres Dantas
Genival Torres Dantas*

Na proporção que o tempo avança a situação crítica da área financeira do Brasil torna-se mais profunda e adversa a uma situação reversível que tanto esperamos. A crise de autoridade é um fato de que tem contribuído com o agravamento da situação, considerando-se a falta de credibilidade que passa a presidente da República, tendo, inclusive, ter que delegar funções que fazem parte da prerrogativa do seu cargo para pessoas de sua confiança e dentro da esfera da sua base de apoio, na tentativa de avançar nas negociações com o legislativo que possibilitem o sucesso no combate aos males que tem levado a nação à bancarrota.
Sabemos o que nos aflige tanto, a inflação que insiste em não ceder as politicas de combate; os juros altos impostos pelas autoridades que insistem combater a inflação com essa prática recorrente nesses momentos de crise e
que não tem o efeito desejado desde outros momentos, mudando-se apenas os protagonistas na elaboração dos projetos; aumentos nos preços controlados pelo governo e reprimidos em fase anterior, apenas por uma questão política, contrariando procedimentos mercadológicos, acarretando prejuízos às empresas envolvidas, especificamente a Petrobras e a Eletrobrás, empresas do setor petroleiro e energético, aprofundando a crise, principalmente na primeira, com resultados catastróficos para sua saúde financeira, cuja situação é de conhecimento público.
E em se falando em petróleo o problema fica mais complexo a partir do momento que o preço do barril, segundo alguns especialistas, está afirmando que pode chegar ao patamar de US$15 por barril de 159 litros, se confirmado esses números, teríamos uma inviabilidade econômica na exploração do pré-sal, pois, o custo de produção nesse procedimento é de US$40 por barril. Por essas e outras razões operacionais que a obtenção do petróleo no pré-sal ficou tanto tempo inviabilizado, foi preciso que as nossas tecnologias torna-se o processo viável técnico e economicamente, há notícias que desde 1953, segundo o escritor Monteiro Lobato, esse potencial já era conhecido, não explorado por absoluta falta de tecnologia adequada.
Outro agravante para a continuidade do nosso estado de penúria é a atual situação da economia na China, está havendo um desaquecimento na economia interna daquele país, isso implica em menos compras e, consequentemente, menos importação, esse fato gera dificuldades enormes nas nossas exportações de commodities, especificamente minério de ferro e a soja, nosso maior cliente para esses dois produtos é exatamente a China.
Enquanto países como EUA e a própria China lutam para melhorarem seus indicadores econômicos, tornando seus produtos mais atrativos para exportação, baixando juros e investimento na infraestrutura de acesso a produção e transporte, estamos vendo o nosso país mergulhado no marasmo da mesmice, tentando melhor resultados com repetição de ações velhas e arcaicas, desatualizadas e inoperantes.
Quando as ruas choram a calamidade dos serviços públicos e gastos inexplicáveis do governo claudicante, esse mesmo governo tenta uma resposta com políticas esdrúxulas, sem nenhum efeito prático para tornar o Estado mais barato, mais eficiente sem ser contencioso. Não se combate à falta de ações apenas com propagandas e planos com projetos mirabolantes, de efeitos imediatistas sem nenhuma conotação de continuidade, esse fato só reforça a ideia que temos do governo, um organismo de muita iniciativa sem acabativa. 
O governo anuncia a eliminação de 10 ministérios ou secretarias com esse status de ministérios, e supressão de 1000 cargos de confiança na esfera federal, uma balela, ou piada de mau gosto. Se realmente o governo quer fazer algo para responder aos anseios populares, minimizando seu alto grau de rejeição, tinha que fazer pelo menos uma regra três simplesmente: corta-se 25%, número aproximado, dos ministérios, o que é pouco para o que nada fazem, e o mesmo percentual para o número desses funcionários debalde, ou seja, 10 ministérios e 5050 funcionários, pois, temos 39 ministérios e 22 mil funcionários de confiança. Essa seria a regra simples e objetiva.
No sistema no que “é dando que se recebe”, no país do faz de conta, tudo é possível e permissível desde que tenha uma contrapartida, o vice-presidente da república não se sentiu a vontade negociando com a base aliada, se afasta e o número para barganha junto ao Congresso Nacional já é anunciado pela imprensa, CR$500 mi que serão distribuídos fraternalmente atendendo a projetos regionais e congressistas pontuais. Antes esse tipo de favorecimento era feito na calada da noite, hoje é uma situação que não causa mais constrangimento nem reclamações, já faz parte do contexto e da cultura política do nosso país.
*Escritor e Poeta

O país do faz de conta O país do faz de conta Reviewed by Clemildo Brunet on 8/29/2015 05:10:00 AM Rating: 5

Nenhum comentário

Recent Posts

Fashion