DEMOCRACIA E VOTO
Severino Coelho Viana |
Por
Severino Coelho Viana*
A democracia e o povo são alma e corpo
do Estado. Se funcionarem bem formam o paraíso, mas se estão em atividade
pecaminosa jogam-se nas profundezas do inferno. O povo, sequer, tem o direito
de expiação no purgatório.
A palavra povo é usada no discurso do candidato
demagogo como enfeite literário. E por conta dessa demagogia barata, o povo é o
grande sofredor dos atos truculentos do péssimo administrador e termina pagando
a conta sem dever.
Democracia suas bases são firmadas por
um governo do povo, pelo povo e para o povo. O nosso pensamento se volta para
aquele famoso discurso de Abraham Lincoln, depois da vitória de Gettysburg,
exaltando o novo funcionamento de um estado e
Governo democráticos, assim
externando: “Governo do Povo, Pelo Povo e Para o Povo jamais desapareça da face
da terra”. A vontade do povo se expressa
em eleições periódicas e legítimas, cujas eleições se realizam de forma
igualitária, transparentes, justas, com a discussão de um programa claro de governo
explicado e debatido com toda a população.
Se analisarmos cuidadosamente as
colocações de Abraham Lincoln, vemos que a palavra POVO (independentemente de
raça, cor, religião, crença, princípio filosófico, ideologia política, status
social, posição econômica) é quem rege a espiral do regime democrático. GOVERNO
DO POVO significa que este é fonte e titular do poder, uma vez que todo o poder
emana do povo, de conformidade com o princípio da soberania popular, base do
princípio fundamental de todo regime democrático. O povo que coloca no trono é
o mesmo que puxa a cadeira. O povo tem legitimidade para tirar e botar o
governante. GOVERNO PELO POVO quer dizer o governo que se forma na vontade
popular, apoia-se no consentimento popular. Governo democrático é o que se
sustenta na adesão livre e voluntária do povo. , legitimando o exercício do
poder, que se efetiva pela técnica da representação política, ou seja, o poder
é exercido em nome do povo. O povo não deve ser maltrado. GOVERNO PARA O POVO
há de ser aquele que procura liberar o homem de toda a imposição autoritária e
garantir o máximo de segurança e bem-estar social. O governo é eleito por uma
maioria, mas é de todos os membros da sociedade e trabalha em benefício da
comunidade.
E o VOTO é tradicionalmente chamado de
arma do povo, que não mata, mas derruba. Na democracia plena o povo fala
abertamente através do voto ou dos protestos de rua quando há insatisfação,
alertando o governante que desviou de sua finalidade. Pois, como somos
sabedores, o voto constitui autêntica expressão da vontade do povo. A sua
eficácia jurídica e política representa a vontade real do eleitor. Se o voto
for obtido por meios falseados, comprados, enganados pelo ato inescrupuloso do
candidato, ele perde a sua característica originária, ou seja, a vontade livre
da nação, eficácia, sinceridade e autenticidade, e, por via de consequência, o
mandato do governante torna ilegítimo.
Consagra-se como uma garantia
constitucional de eleições livres e honestas, assim, suprimindo a possibilidade
de corrupção eleitoral. É tanto que o voto é obrigatório, secreto e de igual
valor.
Com a vivência na democracia e o voto
secreto como arma do eleitor, existe um fator de mediação que é a escolha do
candidato. Se for tudo delineado com perfeição, damos um alto passo no nosso
nível de consciência política, qual seja, a busca de um candidato honesto.
No Brasil atual torna-se uma tarefa
árdua e difícil. Esperamos que a boa escolha fique como um legado nesta mudança
de postura do povo brasileiro. Gostaríamos que os candidatos não gastassem
tanto dinheiro, mas gastasse muita energia tentando provar a sua honestidade. A
honestidade NÃO é a única virtude do governante, pois temos a inteligência e o
nível de competência, contudo estampa como um bom sinal de zelo e cuidado para
com a coisa pública, gerenciando com absoluta certeza de que não é um bem
particular e nem familiar. Hoje, a melhor tática de o eleitor conhecer o bom
político, esta ideia já facilita muito, é encontrar aquele candidato que não
violou o Código Penal.
Antes de tomar uma decisão, não queira a
ajuda de ninguém, reserve-se em seu quarto, escute a sua consciência e siga o
que manda seu coração, faça uma pequena sondagem, não leve em conta o que o
candidato está fazendo agora, mas o que já fez no passado; veja a credibilidade
do candidato. Se já exerceu algum cargo público e não criou um rei na barriga.
Se o espírito de liderança é natural, foi criado ou manipulado por um
marqueteiro ou um grupo de apoio e criador de boa imagem. Já demonstrou ser um
agente de transformação social ou se é cria das velhas estruturas sociais. Sabe
negar com sinceridade, sem desagradar, e cumpre os compromissos assumidos. Veja
se é uma pessoa bem intencionada e tem o propósito de promover o bem comum.
Fazendo isto é um bom caminho andado.
O arremate deste nosso artigo, vamos
trazer para conhecimento dos nossos leitores e admiradores, um texto encontrado
nos manuscritos de D. Pedro II, Imperador do Brasil, que naquela época, já
tinha um pensamento avançado e altamente moderno para a nossa História, sobre
os gastos públicos, que serve de lição para os políticos inescrupulosos do
momento, conforme abaixo transcrevemos:
“Reprovo a despesa que as faça por conta
do Ministério, com a imprensa, mesmo que não seja para corrompê-la, exceto a do
Diário Oficial, que deve ser publicador de tudo que é oficial e defender o
Governo como tal, e não como representante de um partido, que para este fim
devem os partidos ter periódicos seus sustentados a sua custa. Toda e qualquer
outra despesa não autorizada em lei deve ser impedida. Se é precisa,
proponha-se no projeto do orçamento, ou em projeto de lei caso tenha o motivo
da despesa, aparecido depois do orçamento ter sido votado.”
João
Pessoa PB, 21 de setembro de 2015.
*Escritor
Pombalense e Promotor de Justiça em João Pessoa - PB
scoelho@globo.com
DEMOCRACIA E VOTO
Reviewed by Clemildo Brunet
on
9/21/2015 11:27:00 AM
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