O mal no mundo
Hoje, acordei mais triste do que o
normal. Estou assuntando sobre o significado do mal no mundo.
Este é, na verdade, um alerta para o
disfarce sob o qual o fascismo, diabolicamente, tenta ressurgir.
Não me refiro, apenas, a uma
generalização dos conflitos, com a eclosão de novos atentados terroristas e sim
à falência da política em relação à violência do dia-a-dia.
Notadamente para os jovens, aumenta a
desesperança de realização de sonhos de futuros alternativos a partir dos
processos democráticos.
Em seu livro “Eichmann em Jerusalém”, a
filósofa e
O verdadeiro mal é o uso sistemático da
violência como modo de resolver conflitos.
O verdadeiro mal é a banalização do mal,
ensina Hannah Arendt.
O mal não está deste ou daquele lado, o
mal não está no lado, não é uma ‘questão de lado’; o mal está no “modo”, é uma
‘questão (essencialmente política) de “modo” de resolver conflitos. O mal não
se identifica com este ou aquele inimigo.
Por certo, o terrorismo e a tortura
(como método de ação de grupos, políticos ou não) devem mesmo ser abolidos do
mundo, mormente das ações de governo. Mas isso só será possível se abolirmos
também o terrorismo de Estado, o qual se impõe por meio de instituições
destinadas à punição e extermínio.
É possível vencer um grupo terrorista,
até mesmo aniquilá-lo. Mas, não se pode vencer o terrorismo com as mesmas armas
e métodos. Estamos assistindo a um recrudescimento disfarçado do estatismo, no
patropi.
O estatismo é uma ideologia que confere
ao Estado - e não à política exercitada pelos cidadãos - um papel de
centralidade social determinante na condução das sociedades, confundindo
estatal com público e, destarte, monopolizando e autocratizando a esfera
pública, conferindo ao Estado a função de supremo regulador (supostamente
imparcial) dos dilemas da ação coletiva e, portanto, dos conflitos sociais e,
por último, atribuindo ao Estado a capacidade de ser o único e exclusivo
protagonista das mudanças. Sem dúvida, um grande erro de interpretação
conceitual.
Nas suas versões extremadas, a ideologia
estatista, de direita ou de esquerda, reduz os problemas de governabilidade a
problemas de capacidade de exercer o poder, de fato e não apenas de direito,
instituindo o monopólio da violência do estatismo: o Estado controlando a
sociedade.
Os democratas de todos os naipes devem
se preocupar realmente com esse estatismo, que recrudesce como reação à
violência crescente e ao terrorismo. É preciso cuidado ao identificar o inimigo
principal.
Preste atenção! Ao eleger o
neoliberalismo da nova direita como inimigo principal, a esquerda, mais uma
vez, parece ter se enganado, repetindo, mutatis mutandis, o sério erro de
avaliação que cometeu no passado, quando imaginou que a Socialdemocracia e não
o Fascismo (uma clássica forma de estatismo), era o inimigo principal.
O preço da Liberdade é identificar e
denunciar, sem ódio e sem medo, os sinais de surgimento do Fascismo em nossa
sociedade.
Nada nem ninguém poderá fazer tanto mal
para a nossa sociedade quanto um grupo de dirigentes reunidos em um partido que
- sob o pretexto de estar combatendo a criminalidade, a miséria e a violência -
assuma o controle do aparato estatal, ao arrepio do Estado Democrático (que
pressupõe oposição e alternância do poder), transformando o ordenamento
jurídico em um mega-Estado-policial, capaz de controlar a população, tal qual
tentaram os fascistas do século passado.
Aqui no patropi, cegos e surdos, os
seguidores do Lulopetismo enxergam e escutam apenas o que lhes é conveniente.
Por estas e outras, a missão mais
importante da atual geração é defender a Liberdade, como o legado mais precioso
para nossos filhos e netos. Como uma forma de - localmente - combater o mal no
mundo.
É um preço que vale a pena.
*Rinaldo
Barros é professor – rb@opiniaopolitica.com
O mal no mundo
Reviewed by Clemildo Brunet
on
9/17/2015 08:33:00 AM
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