Um partido dividido entre ser ou não ser governo
Genival Torres Dantas |
Genival
Torres Dantas*
Vários são os fatores que determinam a
falta de crédito no governo central, entretanto o motivo que mais influência
esse ponto de vista é exatamente a falta de unanimidade incondicional dos
partidos da base aliada que fazem o alicerce de apoio a sua sustentação.
Enquanto o sistema surfava em águas
propicias ao esporte da moda, principalmente nos países emergentes e
de cultura
voltada ao imediatismo, ao atingimento de metas sem levar em consideração os
meios, interessando apenas o fim, deixando de lado qualquer resquício de
probidade ou moral, queimando as gorduras acumuladas em tempos de muita rigidez
e critérios embasados na integridade e na ética, tempo esse distante de tudo e
de nós, principalmente nós os que lutaram por uma pátria em que os nossos filhos
e netos pudessem se orgulhar dos seus antepassados, vaidosos de uma terra que
definitivamente avançava em direção a um novo tempo de esperança,
desenvolvimento sustentado, e um futuro certo para outras gerações futuras.
Tudo isso ocorria, tudo estava bem, um
mar de rosas parecia ser uma constante na vida de todos, até que a verdadeira
realidade aparece entre a nuvem de fumaça que sobrevoava sobre a terra
prometida e jogava por sobre o solo toda uma tragédia humana localizada no lado
de cá do equador, e no arresto descortinava-se a negra máscara da
descompostura, os ventos traziam sinais de devastação e desalento para os
próximos anos, era o despertar para um inferno zodiacal que passava a marcar
nossos dias de intranquilidade.
De toda a estrutura que marchava junto
com o sistema os partidos políticos eram os que mais usufruíam das benesses do
poder e do jogo das conveniências, o anfitrião (PT), era o mais nutrido e
vistoso, com pose de eterno mandatário, parecia até que tínhamos voltado ao
sistema de capitanias hereditárias, do início da nossa exploração, pelos
desbravadores, com entradas e bandeiras desfilando por entre a selva e a relva
brasileira, na caça aos animais e homens nativos que aqui habitavam e viviam
sossegadamente formando esse país de extensão continental. Para desespero
desses nativos, os invasores foram ocupando os espaços que eram deles e
passaram a pertencer aos seus conquistadores, nem que para esse intento a vida
lhe custasse o preço da ousadia de defender seu lugar.
Séculos já se passaram, a sociedade hoje
já não se limita as marginais dos rios que traziam o sustento e seguravam o
homem ao seu entorno para sobrevivência das raças, constituídas em tribos que
viviam em ocas, nas suas tabas. Fazemos parte de uma sociedade bem dividida, o
que mais nos diferencia é exatamente o valor existente na sua conta bancária,
você vale o que você tem em termos de reservas materiais e econômicas. Sua
reserva moral é subjetiva, não é mais medida nem qualificada para que se possa
ter uma posição no seu meio social. Antigamente, até tempos atrás, os ratos
viviam sob os escombros dos esgotos das cidades, hoje eles passeiam por entre
as grandes construções, sobre pisos de mármores, desfilando seus termos mais
caros, com gravatas italianos, mostrando seu poder, mesmo que não carreguem
nenhuma capacidade moral, se sustentando na hipocrisia dos regimes fraudulentos
sob a égide dos furos da lei.
Temos muito a lamentar o que ostentamos
em nossas lapelas, simbologias de descompostura e fisiologismos baratos e
nefastos, tangenciamos o macarthismo, quando os cidadãos são patrulhados e
caçados em nome de uma lei que expira nela mesma. É nessa atmosfera asfixiante
que o país assiste a mais deprimente situação de um partido político que já o
símbolo da resistência à ditadura brasileira (1964/1985), quando o
bipartidarismo agrupava em um deles os mais relevantes democratas que já
tivemos e lutaram pela nossa pátria.
Hoje, esse partido é o modelo mais
desfigurado da ocupação de espaços na República Federativa do Brasil. PMDB, que
um dia já foi o MDB, de tantas glórias, grande número de seus filiados procuram
tirar proveito da fragilidade de um governo sem rumo, e exige uma fatia
considerável dos seus ministérios que ficarão, depois da operação desmanche que
se anuncia, para poder lhe dar respaldo político, por isso, apoio para que o
impeachment da presidente Dilma não continue na Câmara Federal, cujo presidente
é um dos membros mais influentes do partido, mesmo sendo um dos citados na
Operação Lava Jato.
Esse é o meu Brasil dos descalabros, da
patifaria que reina no seu núcleo e nas suas frestas, é o Brasil das maculadas
mãos que vão soçobrar nesse mar de lama sobre a areia movediça que cobrem a
verdade dos fatos que nos consternam tanto! Esse é o meu Brasil que amo tanto e
não vejo nele nenhum órgão ou instituição que possa se levantar e tentar tirar
das mãos impetuosas essa tragédia que se anuncia, cujos resultados sórdidos não
temos como comensurar.
*Poeta e
Escritor
genivaldantas.com
Um partido dividido entre ser ou não ser governo
Reviewed by Clemildo Brunet
on
9/30/2015 05:13:00 PM
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