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AJUDEM A PRESERVAR A MEMÓRIA DE JOEL JAVAN

Evandro Nóbrega
Por Evandro Nóbrega*

A INFAUSTA NOTÍCIA NOS CHEGA VIA O DR. Alfredo Bezerra. E DÁ CONTA DO FALECIMENTO DE UM PRIMO SEU, EM PRIMEIRO GRAU, O ENGENHEIRO, EX-PROFESSOR E ADMINISTRADOR DE EMPRESAS JOEL JAVAN TRIGUEIRO BESERRA, QUE TAMBÉM ERA MEU PARENTE E ATÉ "CONTERRÂNEO" (POIS TEMOS, COM MUITO ORGULHO, O TÍTULO DE CIDADÃO POMBALENSE).
A notícia, de fato, é dolorosa, além de absolutamente inesperada, mesmo sabendo-se que o amigo-irmão Joel Javan sofria de insuficiência cardíaca. Jamais seria de esperar, no entanto, que seu passamento ocorresse desta forma prematura! 
        Joel Javan Trigueiro Beserra (o Bezerra dele era com S mesmo, o que nos fazia chamá-lo, de brincadeira, de "Bêcêrra"), era de família evangélica e o pai dele ficou carinhosamente conhecido como "Seu Proverá", tendo em vista que sua frase mais constante era "Deus proverá"...
Depois de estudar no Ginásio Diocesano de Pombal (participou da turma pioneira), Joel veio para João Pessoa, ainda na segunda metade da década de 1960, para estudar Engenharia. Morou na antiga Casa Universitária da Rua Rodrigues de Aquino, fechada pela ditadura militar como um antro de comunistas...
PROFESSOR & ENGENHEIRO
Frequentou muito o Restaurante Universitário da UFPB. Foi professor substituto do Lyceu Parahybano e do antigo Colégio Nossa Senhora da Graça/Underwood. Por essa época, fez amizade com o depois economista mas já professor José Leão Carneiro da Cunha Neto, também prejudicado pela perseguição político-ideológica.
No entanto, seus maiores amigos, por essa época, eram os primos (em grau algo distante) Márcio Roberto Soares Ferreira, natural de Catolé do Rocha, e o degas que vos tecla estas mal traçadas (Evandro da Nóbrega, natural de São Mamede, mas criado em Patos).
AFASTADO DOS CARGOS QUE EXERCIA
Uma vez formado, Joel foi afastado de seu cargo de professor e de engenheiro da CEHAP, por ser considerado "de esquerda" e, portanto, não
palatável ao regime militar. Muitos anos depois, foi exercer suas atividades profissionais na Construtora Julião e logo se tornou um de seus diretores.
No início da carreira, dirigia seu "famoso" jipe, de placa 3418 — exatamente o mesmo número da lei de incentivos fiscais da Sudene... Mas, desde os tempos do Lyceu e, depois, dos tempos universitários, vira-se incomodado pelo regime militar, chegando a ser preso e perseguido na Universidade.
INQUÉRITO POLICIAL-MILITAR
Sua prisão ocorreu em dezembro de 1964, tendo sido torturado, como anos depois ele mesmo denunciaria. Respondeu também a um IPM (Inquérito Policial-Militar), na 7a. Região Militar,
sediada em Recife (PE), sob a acusação de se haver envolvido, com vários outros companheiros, nas atividades clandestinas da seção paraibana do POR-T (Partido Operário Revolucionário - Trotskista).
Ele foi enquadrado como incurso nas penas do Art. 2º, incisos I, VI e IX, não nos lembramos mais se do Decreto-Lei nº 898, de 1969 ou do Decreto-Lei nº 314, de 13 de março de 1967 (isto por causa da imensa pletora de atos, leis, decretos-lei que sempre fomos obrigados a anotar, durante o legisfuribundo regime militar). Joel terminou absolvido no IPM, por falta de provas.
AS ALEGAÇÕES DE JOEL JAVAN
Há alguns anos, via ação ordinária, Joel Javan solicitara indenização razoável, com base na Lei da Anistia — o que mais tarde lhe foi negado. Na ação, Joel Javan alegara, entre outras coisas, que:
a) participara do movimento estudantil no período da ditadura militar;
b) era funcionário da Delegacia da Paraíba do CREA (Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia);
c) fora admitido na antiga CEHAP (Companhia Estadual de Habitação Popular);
d) mas, após a descoberta, pelos administradores do órgão público estadual, de seu envolvimento com movimentos esquerdistas, vira-se excluído de seus quadros, motivo pelo qual não consta qualquer documento que ateste o labor perante o órgão; e
e) permanecera desempregado de abril de 1967 até novembro de 1970, sem meios de sustentar sua família, "em virtude de perseguição sofrida pelo regime político".
OS TRÂMITES NA JUSTIÇA
A ação em favor de Joel Javan foi apresentada à Justiça Federal. A União fez sua contestação, mas os advogados de Joel também impugnaram essa
contestatação.
No final, ele perdeu a ação — mas não se conformou, tendo recorrido mais uma vez. E, recentemente, uma decisão superior mandou reabrir o processo, pelo que se enxergam possibilidades de que, finalmente, as alegações dos advogados de Joel Javan sejam levadas em conta.
VIÚVA PODE SER A BENEFICIÁRIA
Em tempo: notícia publicada em 18 de agosto de 2015, por nosso amigo e antigo companheiro de trabalho, o jornalista Lenilson Guedes [Lenilson Guedes II], no "Jornal da Paraíba", informou, em resumo, que a Justiça Federal da Paraíba lhe negara a indenização, alegando que o interessado não apresentara provas suficientes. Mas, como ele recorreu ao TRF da 5a.
Região, em Recife, esta nova instância anulou a sentença local e determinou que o caso fosse reanalisado pelo órgão competente.
Porque (repita-se), tendo outra vez apelado judicialmente, um órgão superior, o Tribunal Federal de Recursos da 5a. Região, com sede em Recife (PE), mandou revisar o processo, abrindo-lhe a possibilidade de receber reparação econômica, de caráter indenizatório, em decorrência dos danos morais, financeiros e patrimoniais. O valor pedido pelos advogados de Joel Javan foi de R$ 100 mil.
BODAS NA DÉCADA DE 1970
Com seu falecimento, porém, quem deve ser beneficiada com uma possível decisão favorável será sua viúva, Sra. Eneide Maria Xavier, também conhecida como Neide e Neidinha.
Lembro-me que fomos todos, em grande comitiva saída de João Pessoa, assistir ao casamento dela (de família pernambucana) com Joel Javan, na década de 1970. A bela cerimônia das bodas ocorreu numa pequena e antiga igreja, não nos lembramos mais se em Serra Talhada, de onde provém a família da então noiva, ou na localidade de Carqueija (Carqueja), perto de Floresta (PE), na microrregião de Itaparica. (Já Serra Talhada fica noutra microrregião, a do Sertão do Pajeú, a cerca de 415 km do Recife).
AJUDEM A PRESERVAR A MEMÓRIA DO JOEL JAVAN!
Joel Javan Trigueiro Beserra deixa os seguintes filhos:
1) Joel Javan Trigueiro;
2) Jackeline Xavier Trigueiro;
3) Anne Karoline Xavier Trigueiro Carreiro; e
4) Micheline Xavier Trigueiro.
No segundo semestre de setembro próximo passado, nascera Joel Neto, filho de Joel Javan Trigueiro (filho de Joel Javan Trigueiro Beserra) e de sua esposa, Simone Trigueiro. Na foto que acompanha esta postagem, o Dr. Joel Javan Trigueiro Beserra é visto com seu primogênito, Joel Javan Trigueiro — justamente o pai do pequeno Joel Neto.
Please: quem tiver correções, adendos, ressalvas e outros reparos ao texto acima faça-nos o favor de enviar o material pelo Inbox (ou diretamente aqui, nos "comments"), que nos apressaremos em fazer as necessárias emendas. FOTOGRAFIAS de Joel Javan, em várias fases da vida, serão também mui bem-vindas.

*Evandro Nóbrega: Council Member na empresa Comissão de Notáveis do Sesquicentenário de Epitácio Pessoa, at TJPB, Editor/Journalist na empresa Judiciário da Paraíba e Jornalista na empresa jornalista Anterior: Former Director of Radio Programs e Universidade Federal da Paraíba (UFPB)
AJUDEM A PRESERVAR A MEMÓRIA DE JOEL JAVAN AJUDEM A PRESERVAR A MEMÓRIA DE JOEL JAVAN Reviewed by Clemildo Brunet on 10/08/2015 07:27:00 AM Rating: 5

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