Sombria existência
Onaldo Queiroga |
Onaldo
Queiroga
Quem visitar os sobreviventes das
periferias desse imenso mundo, sentirá a força da miséria. Um povo nascido sem
direito algum, até de não escolher o seu destino.
Em taperas, palafitas, barracos e
desertos cruéis subsistem. Alguns dividindo quatro paredes de plena ausência de
privacidade, de promiscuidade e de abandono. Esgoto e lixo fazem parte do chão
que pisam, por isso, equivocadamente, “a sadia sociedade dos aquinhoados”
trata-os como se fossem detrito daquele mesmo ambiente.
No calor e
É duro aceitar tão insana realidade,
pois o homem infelizmente continua entorpecido para a solidariedade e algemado
ao egocentrismo. Vivenciamos o culto ao luxo excessivo de poucos, enquanto uma
imensa legião de miseráveis sucumbe a um sistema de vida ferrugento e
apocalíptico. É preciso romper o portão que separa essas realidades, a da
luxúria e a da miséria. Ultrapassado esse portão o homem poderá compreender que
essas duas realidades convivem tão perto uma da outra, apesar da inaceitável
distância fática que ele mesmo insiste em manter.
É preciso entender que o material serve
apenas para equilibrar a caminhada pela vida, a fim de que espiritualmente o
homem possa se aperfeiçoar e através do amor atingir comunhão plena com Deus.
Por isso, preleciona Emmanuel: “Não estamos na obra do mundo para aniquilar o
que é imperfeito, mas para completar o que se encontra inacabado”.
Miseráveis e abastados nascem e deixam esse
mundo. É possível que miseráveis carreguem mais fé do que os afortunados, mas o
importante é que aniquilemos o egocentrismo, estendamos as mãos uns aos outros,
façamos da terra um único mundo, pois só assim alcançaremos a felicidade
proposta por Deus.
*Escritor
pombalense e Juiz de Direito da 5ª Vara Cível de João Pessoa PB
onaldoqueiroga@oi.com.br
Sombria existência
Reviewed by Clemildo Brunet
on
10/27/2015 06:01:00 PM
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