Uma reforma que não altera a crise nacional
Genival Torres Dantas |
Genival
Torres Dantas*
No meu último artigo falei a respeito
dos números que continuavam sinalizando o quadro crítico tanto político como
moral e econômico, do governo central, em direção a bancarrota e levando por
arrasto a economia privada. Com a tão esperada reforma ministerial, e
secretarias com status de ministérios, o anunciado não passa de um rearranjo
mal formulado, imprudente e insólito para o momento de aflição e
O PMDB, partido que mais exigia mudanças
já tinha seis ministérios sob seu comando e foi contemplado com mais um,
totalizando sete ministérios de relevante peso no organograma ministerial, com
recursos de R$98,7 bi; o PT, partido da própria presidente, teve que se
contentar com nove ministérios com recursos orçados em R$75,5 bi, valores
correspondentes ao orçamento para o próximo ano (2016), portanto, muito embora
tenha sob sua administração uma quantidade maior de ministérios, tem uma
receita menor.
O restante da administração do governo
federal foi rateada entre os demais partidos da base aliada escalados para
aprovarem com seus congressistas todo plano de apoio aos desafios que virão com
a nova política econômica adotada pelo ministro da Fazenda Joaquim Levy, e os
pedidos de cassação da Presidente Dilma Rousseff, cujos processos de
impeachment encontram-se na Câmara Federal.
Esse novo modelo de compartilhamento vem
no momento em que o governo apresenta um quadro esquálido, pela inépcia
governamental e suas ações incipientes e o próprio comportamento abantesma da
composição anterior. É bom lembrar que da forma que foi avençado o quadro
gerencia de primeira linha, ficou claro
a divisão de poderes para os apadrinhados do Planalto, em três fatias
bem divididas; o ex-presidente Lula, Luiz Inácio da Silva, o vice-presidente da
República, Michel Temer, e o Congresso Nacional, ficando para a presidente em
exercício o dever de cumprir o papel de mandatária, assinando por direito tudo
que for acordado pelos seus nomeados, aliás, nomeados pelo comando do rateio e
despachar de conformidade como manda a etiqueta. É uma pena, mas, teremos daqui
para frente uma presidente que preside mas não manda, pelo que já estudei da
velha e nova República um fato novo, nunca visto antes em nosso país, uma
verdadeira renuncia branca.
A voragem daninha dos sibaritas do
conluio da Lava Jato e outras malignidades que povoam a pátria desprotegida dos
séquitos fez um governo insepulto, em operações de mãos sujas detonando todo o
moral e o prestigio internacional que tínhamos até então. Não podemos dizer que
o atual governo, precedido pelo do ex-presidente Lula, não tenha havido
progresso, ou legado positivo, em alguns setores, principalmente na área
social; infelizmente os danos causados no todo soterraram os feitos do inicio
da administração sonhática, com a absoluta falta de controles, ou mesmo
instrumentos de avaliações, sem as medições necessárias e locações de mão de
obra técnica para ajudar no ordenamento das ações que pudesse arrefecer as
atitudes dos ímprobos saqueadores do erário público.
Os governos do PT não tinham nenhum
projeto de governo tudo estava baseado num projeto de poder, dessa forma, o
resultado não podia ser diferente, como foi afirmado pela militância petista,
na última eleição, eles seriam capazes de fazer até o diabo para manter o
governo, realmente isso foi feito, materializado na mentiras de campanha da
Presidente Dilma.
A presidente perda uma grande
oportunidade de mostrar um pouco de equilíbrio e gestão, impondo algumas
condições nessa nova reforma, mantendo, como exemplo, um técnico no comando da
educação, em substituição ao professor Renato Janine Ribeiro, que pudesse dar a
mesma respeitabilidade ao demitido, e agregasse valor para reabilitação de um
setor definhado. Em outra pasta, alguém que não fosse um confronto direto com
os militares e áreas sensíveis, Aldo Rebelo (PC do B), não é a pessoa mais
indicada nesse momento de estremecimentos para assumir o Ministério da Defesa;
enquanto a área da saúde precisava de alguém com experiência maior e com
transito nos vários setores do seu entorno, Marcelo Castro não é bem o que se
esperava para esse setor entubado na UTI.
Quando se faz uma reforma puramente
política tentando sustentação e apoio para salvar um governo, o resultado é
realmente desastroso, nada mais modelar como o que foi feito de tão próximo da
acuidade danosa. Tentar fazer diferente repetindo erros do passado é no mínimo
grotesco e estapafúrdio, essa prática não nos levará a nada, tudo vai continuar
como antes, o mais perigoso é que a crise continue se aprofundando, pois,
muitos foram os desagradados, ficando de fora da divisão do bolo alheio, o
dinheiro público não representa favorecimentos de poucos, mas a utilização de
recursos em benefício de todos, nesse ritmo de prevaricação por tantos barnabés
o final do atual governo não será nada brilhante, pelo contrário, será no
mínimo doloso.
*Escritor e
Poeta
www.genivaldantas.com
Uma reforma que não altera a crise nacional
Reviewed by Clemildo Brunet
on
10/06/2015 05:42:00 AM
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