banner

Deus é a nossa melhor porção

Genival Torres Dantas
Genival Torres Dantas*

Quando criança, no melhor momento quixotesco, tivemos nossos castelos desmoronados por uma atitude da igreja católica, da minha cidade, o pároco local revestido da sua autoridade de monsenhor convocou as mães da paróquia a levarem seus filhos à Igreja Matriz num horário prefixado, para que ele pudesse, de forma unilateral, revelar as crianças daquela época que o Papai Noel era apenas uma figura da invencionice popular alimentada pelo marketing capitalista com único objetivo de fomentar o comercio, no período das festas de final de ano.
Assim caíram por terra as esperanças de todos nós de recebermos a visita, na noite de véspera de natal, do velho e
bondoso velhinho, que, mesmo vivendo num mundo distante da nossa realidade sabia sempre os nossos desejos, e mais ainda, nossas necessidades, os presentes por ele trazidos eram condizentes com o nosso modesto padrão.
Fomos crescendo, aos poucos formando nossa personalidade, o poder de criação um tanto limitado, aquela ocorrência na infância tinha influência direta com cerceamento de ideias, fui aos poucos observando que o mundo tinha muito mais de fantasia do que de realidade se quiséssemos ter um pouco de felicidade, um verdadeiro contrassenso para os meus princípios. E assim fui demarcando espaços, conceitos, predicados sem procrastinar nada que fugisse e levasse meu lenitivo a um efeito colateral evitando sequelas para o futuro.
Com o crescimento físico e o atingimento da adolescência fui observando que Papai Noel era uma das muitas figuras que componha o imaginário da humanidade, todas formadas para tentar ludibriar, com facetas múltiplas, a grande maioria com direcionamento especifico e cuidadoso, o único tento era fazer dos menos privilegiados, em termos de habilidades e conhecimentos, presas fáceis e sem correr riscos para o futuro. Essas configurações davam-se em vários campos e com líderes de diversos segmentos.
Ficava mais claro a cada dia que os menos esclarecidos tinham mais facilidades para serem ungidos e obedecer a orientações de outros, sem grandes dificuldades ou reações contrárias. Dessa forma não foi difícil compor a massa afeta aos encaminhamentos e descaminhos, principalmente em fases agudas de crises mais demoradas e acintosas trapalhadas dos mal preparados. Com essas características fui observando padres, pastores, advogados, médicos, comerciantes, políticos e tantos outros formadores de opinião, com a porção maléfica mais latente, por assim, mais aguçada, voltada para o descaminho.
Não foi difícil conseguir separar minha porção maior, por isso, mais próxima da verdadeira vontade de ajudar o mais próximo, se não pudesse ajudar pelo menos me afastar dos desejos mais animalescos, no sentido de prejudicar o semelhante. Essa fase foi importante na minha formação, quanto mais eu alimentava o meu lado bom mais bondoso e generoso eu queria ser, dessa forma fui alicerçando sobejamente esse ser que
tem trilhado por caminhos menos tortuosos, e assim, ajudando de certa forma aqueles que necessitam de orientações para não descerem em estações erradas e procurarem a companhia de pessoas incertas.
Tenho repetido a quem me procura, Deus é nossa porção maior e melhor. Todas as vezes que fazemos bem a alguém ou alguma pessoa, sem nenhum interesse de retribuição, somos tomados por uma alegria imensa, uma verdadeira luz nos invade nos fortalecendo cada vez mais. Esse é o exato momento que temos absoluta certeza que Deus é isso, a nossa porção melhor trabalhando em benefício de outras pessoas e de nós mesmo.
Quando chega o Natal procuro fazer minhas reflexões, sei do imenso pecador que sou, das minhas fraquezas, dos meus inúmeros pecados, dos meus fracassos por tantas vezes com pouca fé ou quase nenhuma, das derrotas sofridas e lamentadas, mas, sempre procurando tirar proveito para errar menos nas próximas lidas. Sei que meu reconhecimento do quanto sou fraco não anula minhas fraquezas, entretanto, ele me robustece, alimenta minha alma de forças até estranhas, porém, dão-me a certeza que não devo parar de lutar, dessa forma, tento ganhar as batalhas diárias, sabendo que a guerra é longa e cruel e que um dia tudo se resolverá e a paz será eterna.
*Escritor e Poeta

genival_dantas@hotmail.com
Deus é a nossa melhor porção Deus é a nossa melhor porção Reviewed by Clemildo Brunet on 12/24/2015 12:03:00 PM Rating: 5

Nenhum comentário

Recent Posts

Fashion