Nem só dos santos e mortos é novembro
Genival Torres Dantas |
Genival
Torres Dantas*
Definitivamente novembro passou a ser um
mês de todos os desagravos, penúrias, confrontos e desatinos. Não obstante o
grau de gravidade reinante na atmosfera político após a reeleição da presidente
Dilma Rousseff (2014), novembro último foi um caos total para os governistas em
pânico com o afunilamento e tensão provocados pelos desfechos da calamitosa
administração do governo petista. Os últimos dias do mês foram realmente
desconcertantes, tudo começou com a prisão do senador Delcídio do Amaral
(PT/MS), e
O
transtorno causado pela operação deixou a situação tensa e mais complicada, o
descontrole passou a ser acintoso, e a tônica nas conversas de bastidores do
Congresso Nacional, além das referências no plenário, tanto da Câmara como do
Senado Federais sempre carregadas de ideologismo, cada corrente tentando
mostrar o seu lado positivo em busca de minimizar a crise na sua atmosfera
política.
Finalmente é o chegado o mês de
dezembro, último mês do ano e a grande chance de tentar reverter fatores
negativos e situações desastrosas decorridas em vários aspectos, tanto político
como econômico. Ledo engano, o quadro continua tenso, os partícipes da
conjuntura nacional ficam presos aos laços de confrarias e confrades, pior
ainda, a situação se complica, o IBGE mostra os números da nossa economia cada
vez mais minguada, sem esperança de recuperação dentro do período, os gestores
da área procuram salvar o ano de 2015 das pedaladas fiscais buscando aprovação,
no Congresso, do projeto que autoriza os feitos em dissonância com a
Constituição, aliviando a tensão e evitando nova desaprovação do TCU (Tribunal
de Contas da União). O objetivo foi alcançado. Por larga margem de votos o
Governo Federal tem autorização para fechar as contas com novos números, dessa
vez com 120 bi negativos, em
substituição aos 55 bi positivos (números redondos); naquele momento era a
grande notícia que o governo precisava para comemorar a vitória da batalha
travada no plenário do Congresso.
De repente, mais do que de repente, é
anunciado que o Presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha (PMDB/RJ), tinha
aceitado abrir a questão do impeachment, não dando trégua nem mesmo de horas
aos governistas, e assim estava formada mais uma batalha, já esperada, não tão
cedo, havia conversas de bastidores que a situação estava atrelada às votações
favoráveis ao governo. Alguém pisou no acelerador antes do tempo e a calamidade
volta a ser a cena da política nacional, e os confrontos passaram a ser os
ditames como sintomas do jogo marcado. Não podemos esquecer, horas antes, a
Comissão de ética da Câmara Federal já tinha confirmada abertura de inquérito
contra o próprio Eduardo Cunha, por decoro parlamentar.
Enquanto a economia despenca, os preços
sobem, os juros aumentam, a popularidade da presidente Dilma cai, a
perplexidade do povo, com a gestão irresponsável do governo petista, é maior
que a decepção que o governo tem com a atitude de Eduardo Cunha, no caso do
impeachment. É de se lembrar, a oposição já tinha largado o barco na tentativa
de segurar o presidente da Câmara na cadeira daquela casa e agora faz coro com
outros partidos situacionistas na tentativa de cassar o mandato do deputado
agora acuado pela possibilidade real de ser julgado pelos seus pares no
plenário da Câmara.
O resultado dessa peleja não sabemos
qual será, mas, o país jamais será o mesmo depois do mês de novembro último e
começo do mês de dezembro. Qualquer que seja o resultado político das duas
situações, tanto do Eduardo Cunha quanto da Presidente Dilma, o Brasil é o
grande perdedor por tê-los como comandantes, um dia, em dois postos tão
importantes no país. Certamente, aqueles que votaram nos dois, a grande maioria
que assim agiram, estão arrependidos dos seus gestos, agora não é hora de
arrependimento, terão que refletir bastantes antes de votarem nas próximas
eleições para não se sentirem corresponsáveis por tamanha desgraça que possa
ocorrer no futuro na Nação.
*Escritor e poeta
www.genivaldantas.com
Nem só dos santos e mortos é novembro
Reviewed by Clemildo Brunet
on
12/04/2015 11:16:00 AM
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