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Nem só dos santos e mortos é novembro

Genival Torres Dantas
Genival Torres Dantas*

Definitivamente novembro passou a ser um mês de todos os desagravos, penúrias, confrontos e desatinos. Não obstante o grau de gravidade reinante na atmosfera político após a reeleição da presidente Dilma Rousseff (2014), novembro último foi um caos total para os governistas em pânico com o afunilamento e tensão provocados pelos desfechos da calamitosa administração do governo petista. Os últimos dias do mês foram realmente desconcertantes, tudo começou com a prisão do senador Delcídio do Amaral (PT/MS), e
do banqueiro amigo do ex-presidente Lula, o pecuarista José Carlos Bumlai, na Operação Passe Livre, numa menção ao livre trânsito do Bumlai dentro do Palácio do Planalto. Na sequência foram deflagradas as prisões do banqueiro do BTG Pactual, André Esteves, em São Paulo, e o do senador Delcídio Amaral (PT/MS), em Brasília, além de outras pessoas envolvidas no caso.
 O transtorno causado pela operação deixou a situação tensa e mais complicada, o descontrole passou a ser acintoso, e a tônica nas conversas de bastidores do Congresso Nacional, além das referências no plenário, tanto da Câmara como do Senado Federais sempre carregadas de ideologismo, cada corrente tentando mostrar o seu lado positivo em busca de minimizar a crise na sua atmosfera política.
Finalmente é o chegado o mês de dezembro, último mês do ano e a grande chance de tentar reverter fatores negativos e situações desastrosas decorridas em vários aspectos, tanto político como econômico. Ledo engano, o quadro continua tenso, os partícipes da conjuntura nacional ficam presos aos laços de confrarias e confrades, pior ainda, a situação se complica, o IBGE mostra os números da nossa economia cada vez mais minguada, sem esperança de recuperação dentro do período, os gestores da área procuram salvar o ano de 2015 das pedaladas fiscais buscando aprovação, no Congresso, do projeto que autoriza os feitos em dissonância com a Constituição, aliviando a tensão e evitando nova desaprovação do TCU (Tribunal de Contas da União). O objetivo foi alcançado. Por larga margem de votos o Governo Federal tem autorização para fechar as contas com novos números, dessa vez  com 120 bi negativos, em substituição aos 55 bi positivos (números redondos); naquele momento era a grande notícia que o governo precisava para comemorar a vitória da batalha travada no plenário do Congresso.
De repente, mais do que de repente, é anunciado que o Presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha (PMDB/RJ), tinha aceitado abrir a questão do impeachment, não dando trégua nem mesmo de horas aos governistas, e assim estava formada mais uma batalha, já esperada, não tão cedo, havia conversas de bastidores que a situação estava atrelada às votações favoráveis ao governo. Alguém pisou no acelerador antes do tempo e a calamidade volta a ser a cena da política nacional, e os confrontos passaram a ser os ditames como sintomas do jogo marcado. Não podemos esquecer, horas antes, a Comissão de ética da Câmara Federal já tinha confirmada abertura de inquérito contra o próprio Eduardo Cunha, por decoro parlamentar.
Enquanto a economia despenca, os preços sobem, os juros aumentam, a popularidade da presidente Dilma cai, a perplexidade do povo, com a gestão irresponsável do governo petista, é maior que a decepção que o governo tem com a atitude de Eduardo Cunha, no caso do impeachment. É de se lembrar, a oposição já tinha largado o barco na tentativa de segurar o presidente da Câmara na cadeira daquela casa e agora faz coro com outros partidos situacionistas na tentativa de cassar o mandato do deputado agora acuado pela possibilidade real de ser julgado pelos seus pares no plenário da Câmara.
O resultado dessa peleja não sabemos qual será, mas, o país jamais será o mesmo depois do mês de novembro último e começo do mês de dezembro. Qualquer que seja o resultado político das duas situações, tanto do Eduardo Cunha quanto da Presidente Dilma, o Brasil é o grande perdedor por tê-los como comandantes, um dia, em dois postos tão importantes no país. Certamente, aqueles que votaram nos dois, a grande maioria que assim agiram, estão arrependidos dos seus gestos, agora não é hora de arrependimento, terão que refletir bastantes antes de votarem nas próximas eleições para não se sentirem corresponsáveis por tamanha desgraça que possa ocorrer no futuro na Nação. 

*Escritor e poeta                                                                                         
www.genivaldantas.com
Nem só dos santos e mortos é novembro Nem só dos santos e mortos é novembro Reviewed by Clemildo Brunet on 12/04/2015 11:16:00 AM Rating: 5

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