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Totalitarismo cultural

Onaldo Queiroga
Onaldo Queiroga*

Ouço muito falar em democracia neste país. Mas será que estamos vivendo sob a égide da democracia, precipuamente quando nos referimos ao aspecto cultural.
O Estado faz concessão do serviço público de telecomunicações e de radiodifusão sonora de sons e imagens, permitindo, por meio de delegação, a utilização de um bem público, no caso, o espectro de radiofrequências, Lei n. 9.427/97, desde que atendidas as finalidades e
interesses públicos. Ao receber a delegação, o responsável pela exploração do serviço, deve se ater a montagem de programação que atenda aos fins e aos interesses públicos nas áreas educativas, artísticas, culturais, informativas, a promoção cultural nacional, regional e o estímulo à produção independente que objetive sua divulgação, além da regionalização da produção cultural, artística e jornalistica, respeitando-se os valores éticos e sociais da pessoa e família.
Se pararmos um pouco para análise da programação desses veículos de comunicações, chegaremos a conclusão de que quase a totalidade não disponibiliza programação que atenda aos requisitos legais. Utilizam-se da concessão para promover uma programação voltada para atender interesses próprios ou de grandes grupos, que economicamente pagam para vender produtos, serviços, “cultura”, “educação”, “arte” e até mesmo conceitos e princípios “éticos e morais”.
Vivemos sob égide do totalitarismo cultural. São poucos os espaços reservados para cultural regional, para o repente, o cordel, o baião, o xaxado, o coco, o reisado, o bumba meu boi, a ciranda, enfim, tanta coisa boa que há no balaio cultural do Nordeste e do Brasil como um todo. De um lado os detentores da delegação, do outro o povo, que recebe uma programação do “o chupa que é de uva”, do “lepo lepo”, da metralhadora, do big brother, A Fazenda e por ai vai.
Ou mudamos a regra do jogo, ou teremos no futuro gerações que desconhecerão a própria digital cultural. Inventaram um tal de forró estilizado, de plástico, sei lá que diabo é isso. Aliás, se ouvirmos o tal do sertanejo universitário, não há como o separar do plástico. É uma pancada só. As mesmas músicas e uma legião de jovens que escutam sons que nada acrescenta de bom. Agora é tudo misturado. Isso não é certo. Chega, é muita alienação. Mas a cultura tem raiz e vencerá!
Escritor e Juiz de Direito

onaldorqueiroga@gmail.com
Totalitarismo cultural Totalitarismo cultural Reviewed by Clemildo Brunet on 1/30/2016 08:46:00 AM Rating: 5

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