A história, como ela é
Rinaldo Barros |
Rinaldo
Barros*
“O grande oceano da verdade permanece
completamente por descobrir à minha frente”.
(Isaac Newton)
Prepare o seu coração, e para mudar tudo
o que você aprendeu na escola sobre as origens da nossa história. Segundo
fontes credenciadas, nem foi Cabral quem descobriu o Brasil, nem foi Colombo
quem descobriu a América, nem o menino Jesus nasceu no dia do Natal. Vamos
começar pelo que há de verdade nas circunstâncias do descobrimento do Brasil.
Naquele tempo, manter segredo sobre os
descobrimentos no Novo Mundo era questão de Estado para a coroa portuguesa. Os
diários de bordo eram trancados a sete chaves, e
Pois bem. Em uma dessas missões
secretas, o cosmógrafo e navegante Duarte Pacheco Pereira teria chegado por
aqui em 1498. Cabral teria vindo depois apenas tomar posse oficial, e fazer
estardalhaço sobre a descoberta. O feito encontra-se registrado no Tratado dos
Novos Lugares da Terra, de autoria do próprio Pacheco e publicado somente em
1882. Tudo confirmado pelo historiador português Jorge Couto, em seu livro A
Construção do Brasil, publicado em 1995.
Registre-se também que, para o escritor
potiguar Câmara Cascudo, o Brasil foi descoberto em Touros (RN), e não em Porto
Seguro (BA). Suas pesquisas e estudos comprovam que a posse e a propriedade do
Brasil se deram na praia de Touros, a 145km de Natal. O Marco é o mais antigo objeto de presença
europeia em continente americano. Segundo Cascudo, foi colocado na praia de
Touros por Américo Vespúcio.
Existem também alguns escritos que
comprovam a presença anterior do italiano Américo Vespúcio, e dos espanhóis
Yanez Pinzon e Diego de Lepe. Sem falar nos chineses, por volta de 1421...
Por outro lado, o caro leitor já deve
ter percebido que o nosso continente tem o nome de América, e não de Columbia.
Claro, homenageia-se a Vespúcio, o verdadeiro descobridor do Novo Mundo.
Vespúcio dá a entender, em seu Novus Mundus, que esteve por aqui em junho de
1499, no litoral do Maranhão.
Colombo jurou até o fim da vida que
havia chegado à China ou à Índia, e essa teimosia arruinou sua carreira;
somente tendo sido reabilitado, em 1866, quando americanos de origem italiana
inventaram o Columbus Day: um truque ideológico dos imigrantes italianos, com o
objetivo de obterem o reconhecimento como cidadãos estadunidenses.
Temos ainda a comprovação documental de
que os navegadores espanhóis Yanez Pinzon e Diego Lepe foram condecorados pelo
rei da Espanha, por terem “descoberto o Brasil”, em janeiro de 1500.
Calma. Misture tudo e respire. Agora,
vamos enfrentar a revelação mais impressionante: Cristo não nasceu em 25 de
dezembro.
Mitra, um deus persa que representava a
Luz, a Benevolência e a Sabedoria, esse sim, era o aniversariante na data de 25
de dezembro, em Roma, pelo menos até o século II.
A data coincide com o início do
solstício de inverno, a noite mais longa do ano no hemisfério Norte. Daí em
diante, o Sol fica mais tempo no céu até o final do verão e significa a certeza
de boas colheitas no ano seguinte. Motivo para festas, com trocas de presentes.
Com o mesmo motivo, e no mesmo período,
os gregos celebravam Dionísio, o deus do vinho, os egípcios festejavam o deus
Osíris, e na China até hoje homenageiam a harmonia da Natureza, através dos
símbolos yin-yang.
Os primeiros seguidores de Jesus
guardavam apenas o martírio, a Sexta-feira Santa e a Ressurreição, a Páscoa.
Diziam que não fazia sentido comemorar o nascimento de um santo ou mártir, já
que ele somente se torna sagrado após a morte. Também concordo.
Ninguém fazia (nem faz até hoje) ideia
da data do nascimento de Jesus. Somente em 221 d.C o historiador Sextus Julius
Africanus afirmou, com o aval da Igreja, que Jesus havia nascido na mesma data
do deus Mitra. O Novo Testamento não se refere ao assunto. Nenhum evangelista
cita o nascimento de Jesus.
Segundo o historiador Pedro Paulo
Funari, da Unicamp, somente a partir do século IV, no ano 313 d.C, portanto,
quando o Cristianismo virou religião oficial do Império Romano (pelo Imperador
Constantino quando proclamou o Édito de Milão); a comemoração do solstício do
inverno, o Festival do Sol Invicto, mudou de homenageado. Esqueceram o deus
Mitra e convencionou-se que Jesus nasceu em 25 de dezembro.
Associado ao deus-Sol, Jesus assumiu a
forma da Luz divina que traria a Salvação para a humanidade.
Uma troca cultural, telúrica (terrena),
e bastante inteligente. Esta é a História, como ela é.
PS. Este texto foi publicado, na edição
impressa do Jornal de Hoje, em dezembro de 2013.
*Rinaldo
Barros é professor – rb@opiniaopolitica.com
A história, como ela é
Reviewed by Clemildo Brunet
on
2/26/2016 08:02:00 AM
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