A orquestração do golpe ou vide bula

João Costa

João Costa*

Para sua consideração - Se o Supremo Tribunal Federal rasgou a Constituição de 1988 ao reinterpretar o Artigo 5, Inciso 57, condenando réus com argumentos tipo “domínio do fato” na ausência de provas, fazendo desaparecer a presunção de inocência e levando em consideração que tanto o juiz Moro, como os procuradores da Operação lava jato, assumidamente conspiram contra o estado democrático de direito. Dona Dilma Vana, se quiser e tiver coragem, basta aplicar o que diz o Art. 136 da Constituição - o que pode e

vai ser feito, sem rasgar a Carta Magna:

Art. 136. O Presidente da República  pode, ouvidos o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional, decretar estado de defesa para preservar ou prontamente restabelecer,  em locais restritos e determinados, a ordem pública ou a paz social ameaçadas por grave e iminente instabilidade institucional ou atingidas por calamidades de grandes proporções na natureza.

A mídia nativa das famíglias Frias, Civita, Marinho e Mesquita, não mostraram os fatos como os fatos aconteceram, nem conta o caso como o caso foi. No sábado, em nota publicada, o juiz Moro transferiu para o Ministério Público Federal a responsabilidade pelo sequestro do ex-presidente Lula, e disse que a medida tomada por ele visava “esclarecer a verdade” e que não “significava a presunção de culpa” do ex-presidente. Na verdade, se Lula estava sendo levado para Curitiba, por que pararam no aeroporto e lá tomaram o seu depoimento se em São Paulo a Polícia Federal tem uma sede espetacular?

Seiscentos homens armados, dois helicópteros numa operação em que desde a noite anterior equipes da TV Globo trabalhavam para uma cobertura ao vivo. Agora o país fica sabendo que a operação fracassou, por conta de uma coincidência: o professor Luisinho, que já foi deputado, estava no aeroporto, viu o que acontecia e promoveu a agitação.

O ex-presidente, em entrevista, disse que o interrogatório constou de perguntas já feitas anteriormente pelo Ministério Público e já respondidas. Foi um ensaio geral do golpe que se aproxima, certamente calculado, e que vem sendo engendrado desde a derrota de Aécio Neves, em 2014.  A reação popular estava prevista e precisava ser testada. Não precisa ser vidente para calcular o concatenamento dos fatos.

O juiz Sérgio Moro e os procuradores devem ser responsabilizados pelos acontecimentos pretéritos e futuros. O que está em curso é uma conspiração, orquestrada pela mídia nativa, partidos de oposição, parcela do Judiciário e Polícia Federal. Mas não custa lembrar, que juízes se aposentam, delegados e procuradores idem. As instituições vão permanecer. Com qual grau de credibilidade? Se o Ministério Público hoje tem autonomia, deixou de merecer; se a Polícia Federal reivindica autonomia, vai perder. E se o Judiciário vai sair fortalecido, a prevalecer ações e decisões de juízes e ministros engajados em partidos políticos, é um engano.

A senhora presidenta foi eleita para governar e comandar. Seus poderes estão sendo solapados. De há alguns anos pra cá, a Constituição de 1988 deixou de vigorar. Ratificando: se o Supremo Tribunal Federal rasgou a própria Carta; se o  Ministério Público se encarrega de, deliberadamente, conspirar com procuradores “carimbados”, a exemplo do procurador Carlos Fernandes de Lima, o quê a presidenta Dilma Vana está esperando? Vai permanecer “sentada na poltrona de um apartamento com a boca escancarada, cheia de dentes, esperando a morte chegar” ?

Quanto ao ex-presidente Lula, é um líder; um ídolo - gostemos ou não. Haverá sempre legiões a idolatrá-lo e odiá-lo. Precisa responder pelos seus atos, até porque, corrupção é crime, crimes são praticados por pessoas que a Polícia investiga, o Ministério Público denuncia e a Justiça condena, ou não. Vale para todos, inclusive do PSDB. Como o que está em curso é um justiçamento; aplicação caolha da lei, e um golpe de estado; então voltemos a ser o que sempre fomos: uma republiqueta de bananas.

Quanto a mídia nativa das mesmas famílias que orquestraram golpes em 1954 contra Getúlio, levando-o ao suicídio, o golpe de 1947, que levou Jango ao exílio e apoio a ditatura por 25 anos – a verdade não é mais o que ela vende. Sem ela, o país melhora!

Se o país vai mergulhar no caos político, que a Dilma Vana tome o comando, se antecipe e decrete o “estado de defesa”, Já. Pois a Constituição já foi estuprada!

*João Costa é radialista, jornalista e diretor de teatro, além de estudioso de assuntos ligados à Geopolítica. Atualmente, é repórter de Política do Paraíba.com.br