Corsários e Acossados
Genival Torres Dantas |
Genival Torres
Dantas*
Não
faz muito tempo, a prática do corso foi abolida pela declaração de Paris, ano
de 1856, sem o apoio de Estados Unidos, México, Espanha e Venezuela; na
sequência , em 1907, Conferência de Haia prescreve as condições nas quais um
navio mercante privado podia ser convertido para objetivos bélicos; e,
definitivamente, a conferência de Haia de 1922/1923, numa declaração assinada
conjuntamente pelos países signatários contra o uso de corsários na guerra
aérea, quando esse setor começou a ser o perigo maior, principalmente, embasado
no último conflito mundial e
Os
corsários eram beligerantes e pagos por nações que queriam atacar determinados
povos sem que lhes fossem imputados os crimes de guerra, como uma verdadeira
manobra de ataque, no uso, evidentemente, de brechas nas relações
internacionais, como se usa hoje, dentro de um mesmo país nos furos da lei para
se safar de uma situação de acusação ou defesa, tudo dependendo do tirocínio do
advogado e sua visão holística.
Os
acossados são sempre as minorias mais frágeis, os limitados e sem uma formação
de sociedade equilibrada e constituída para defender seus membros dos ataques
da maioria, normalmente destemperada, porém concatenados e unidos com fins
específicos de eliminar os contrários aos seus pensamentos, não importando os
meios, mas, os fins objetivados. Seguindo essa analogia, é bom dizer que numa
nação com o poder concentrado no cume piramidal toda e qualquer iniciativa da sociedade,
tais como: liberdade e responsabilidade fica sufocada nas amarras ditatoriais,
exemplo específico do Brasil lulopetista.
O
momento brasileiro além de ser singular, depois de tantas mazelas e
incongruências, o afastamento, mesmo que temporário, da Presidente Dilma
Rousseff, foi como o desate do um nó obstruindo nossa garganta, e de repente,
foi possível gritar forte e objetivamente toda nossa alegria pelo desfecho de
um desejo ardente de tão desejado. Vários foram os filmes que passaram em nossa
cabeça, nessas rememorações em preto e branco, lembrei-me dos Corsários que se
sentindo poderosos abateram vários povos de regiões mais pobres e
potencialmente fracos, sempre prevalecendo seu pensamento e sua fúria
devastadora.
Fazer
um resumo do processo de 13 anos de sucessos, desditas, mentiras, corrupção e
apego incomensurável do poder não é muito fácil. No começo tudo parecia sorrir
para o governo que se iniciava com a vitória do capo maior, Inácio Lula da
Silva, sendo eleito presidente da República, e sustentado pela coalizão de
forças, ancorada no maior partido político, PMDB (Partido do Movimento
Democrático Brasileiro), e seu próprio partido, PT (Partido dos Trabalhadores),
coadjuvado por outros partidos menores, sem, entretanto, ter menos significado
dentro da base criminosa de apoio. A sequência todos já sabe: continuação da
política econômica do governo FHC; junção de projetos sociais dando a fusão no Projeto
Bolsa Família, um projeto de uma única porta, a de entrada e sem saída,
portanto, se encerrando em si, o que não é bom nem para o país e nem para o
assistido, não se pode ter um projeto social como um objetivo de vida, há a
necessidade fundamental que esse tipo de assistência tenha uma contrapartida para
que a pessoa possa criar condições técnicas, educacionais e morais para
retornar ao mercado de trabalho e viver do seu suor, nada mais digno para o ser
humano e edificante que essa situação de recomeço.
Depois
do segundo mandato de Luiz Inácio Lula da Silva e a entrada em cena, no mesmo
cargo, da Dilma Rousseff, a turbulência política administrativa foi tomando
forma e as bases de fundamentos foram sendo desconstruídas na proporção que o
tempo passava e as reservas financeiras iam sendo consumidas, principalmente no
momento que as receitas se tornaram menores que as despesas, e essas não
paravam de crescer, como se a desigualdade nas contas fosse apenas um hiato de
pouco tempo e tudo voltasse ao normal, ou seja, receitas maiores que as
despesas.
O
milagre não aconteceu, por isso, depois da reeleição da Presidente Dilma
Rousseff, o estelionato eleitoral veio à tona, tudo que ela apregoava que seria
feito pelos seus oponentes, principalmente seu maior concorrente, Senador Aécio
Neves (PSDB/MG), ela pôs em prática e conseguiu de forma absolutamente desastrosa
ruir os fundamentos da nossa economia, sucateou a indústria, sem leva-la à
concorrência internacional, frustrando o mercado interno com elevação de preços
e dispensa em massa da mão de obra trabalhadora; chegamos ao fundo do poço
quando elevamos os juros sem segurar a inflação que recrudesce em patamar
elevadíssimo, sobrando produtos nos estoques das indústrias e no comercio
atacadista e varejista.
Hoje
somos motivos de chacota no mercado internacional, já não temos o mesmo crédito
junto à comunidade financeira, somos maus pagadores, mesmo assim, conseguimos
desembolsar R$500 bi de juros no decorrer do ano anterior (2015), um pouco mais
teremos de pagar esse ano de (2016).
O
novo governo que foi empossado dia 12 último, infelizmente, não tem a
credibilidade necessária para assustar os fantasmas dos corredores dos palácios
de Brasília, como na gestão anterior, os denunciados no Processo Lava Jato
continuam no novo governo, em número menor, mas, há os citados, o próprio
presidente em exercício, Michel temer é um dos arrolados. Mudamos de governo,
entretanto continuamos com os mesmos problemas a nos atormentar. É preciso que
o novo gestor provisório aponte os caminhos a serem seguidos dentro da forma
mais cristalina e vistos a olho nu por todos os brasileiros, cortando gastos
desnecessários à nação, cobrando a dívida ativa que não é pouca. eliminando os
funcionários, tidos como de confiança, esses mesmos que atuam sem salas, sem
mesas e sem endereço funcional, mais conhecido como fantasmas da ópera acabada.
É
uma pena que eu tenha que continuar criticando, entretanto, nessa hora não sou
partidário da direita ou da esquerda, sou um brasileiro que quer apenas o certo
para o país, para que, não os meus filhos, já luto pelos netos, e que esses
tenham no futuro o país do presente, coisa que a minha geração e as anteriores
não tiveram. Tenho fé que toda esperança depositada na nova gestão seja de
alguma forma recompensada, pelo menos que a corrupção seja vencida, mesmo que
parcialmente, a inteligência humana seja capaz de por o país nos trilhos do
caminho que esperamos. Não pedimos muito, queremos apenas um país com crédito,
emprego, com saúde a altura das nossas necessidades, educação para todos e sem
exclusão, e segurança para trabalharmos em paz e com absoluta dignidade.
*Escritor e Poeta
Corsários e Acossados
Reviewed by Clemildo Brunet
on
5/16/2016 06:24:00 AM
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