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O problema da patranha é que ela cria reféns

João Costa*

João Costa
A mentira na política embute um problema. Quando se constrói uma; torna-se refém dela. Os construtores geralmente têm expertise, mas precisam contar com emissores que apresentem alguma credibilidade, veículos com disposição a sacramentar o pensamento único e um destinatário - eleitor, tolerante, crédulo, ou mesmo disposto a aceitar a mentira como verdade. Na política, chama-se patranha.
Esta grande peta é o que está por trás dos supostos entendimentos entre os partidos que fazem oposição ao governador da Paraíba, Ricardo Vieira e,
ao que tudo indica uma costura a quatro mãos, entre os senadores Cássio e Maranhão, recentemente juntos no golpe político parlamentar em vias de concretização, que colocou no poder da Nação, o títere Michael Temer.
 O alcaide de João Pessoa nesse jogo ficou menor, para usar expressão utilizada por um analista abalizado da cena política de João Pessoa. A este acordo, recorrem ao termo aliança como se uma grande peta assim pudesse ser chamada. Dando aos senadores Cássio a importância política que ele não tem em João Pessoa, a ao senador Maranhão o papel de timoneiro de uma nau – o PMDB, que até recentemente transpirava credibilidade.
O que vem a público são declarações eloquentes, verborragia natural da política que se pratica na Paraíba, mas nos bastidores se vê o esforço para que se estabeleça o pensamento único, capaz de dourar a pílula. E para tanto, vale pressões ou queixas até inúteis, de quem se considera oráculo e com capacidade de manietar a liberdade de expressão em veículos de comunicação.  
Para eles, a disputa pela da prefeitura de João Pessoa não se dá pela discussão de problemas como melhorias na gestão da saúde, do transporte ou da qualidade de vida de seus habitantes, mas uma partilha de poderes entre PSDB e PMDB, tendo aí o PSD como coadjuvante, ou como fiel da balança já para uma outra eleição – a de 2018. Sem ter nada para oferecer, Cássio não tem como desembarcar na aliança com o alcaide de João Pessoa sem levar o PMDB – o que tornaria o deputado Manoel Junior uma nulidade política. Ponto. Parágrafo.
Mas em política sempre vale recorrer à lenda de Garrincha na Copa de 1958, que diante do esquema tático armado pelo técnico Vicente Feola para derrotar a seleção da então URSS, perguntou descontraidamente se ele, Feola, já tinha combinado com os russos para facilitarem os dribles de Mané que cruzaria a bola da extrema direita para o centro e Mazzola, sabendo onde a pelota cairia, simplesmente viria de trás à toda velocidade e faria o gol que levaria a Seleção Canarinha à vitória. Esta lenda, de tanto ser usada na política, deixou de pertencer ao futebol.
Os senadores chefes de partidos, ardilosos desta suposta patranha política, já combinaram com o governador Ricardo Vieira para facilitar o jogo? E se esta peta fracassar com uma eventual vitória do PSB?  
Eles consideram o candidato do PT, professor Charlinton Machado, sem potencial eleitoral, mesmo até o mundo mineral e os peixinhos da Lagoa sabendo que obra importante alguma em João Pessoa foi erguida nos últimos quatro anos sem a generosidade do PT?
A professora Cida Ramos, a candidata do PSB e do governador a prefeita de João Pessoa seria um “poste”? Para usar um termo político meio jocoso porque as expressões depreciativas e preconceituosas são reservadas aos encastelados em Água Fria. Este eventual acordão entre PMDB/PSDB/ PSD é literalmente uma patranha, daquelas que levou Mariz, um candidato enfermo e estado terminal à vitória para governador, e que tinha como candidato a vice Maranhão, cujo nome também significa patranha.

*João Costa é radialista, jornalista e diretor de teatro, além de estudioso de assuntos ligados à Geopolítica. Atualmente, é repórter de Política do Paraíba.com.br
O problema da patranha é que ela cria reféns O problema da patranha é que ela cria reféns Reviewed by Clemildo Brunet on 7/14/2016 04:45:00 PM Rating: 5

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