O problema da patranha é que ela cria reféns
João
Costa*
João Costa |
A mentira na política embute um
problema. Quando se constrói uma; torna-se refém dela. Os construtores
geralmente têm expertise, mas precisam contar com emissores que apresentem
alguma credibilidade, veículos com disposição a sacramentar o pensamento único
e um destinatário - eleitor, tolerante, crédulo, ou mesmo disposto a aceitar a
mentira como verdade. Na política, chama-se patranha.
Esta grande peta é o que está por trás
dos supostos entendimentos entre os partidos que fazem oposição ao governador
da Paraíba, Ricardo Vieira e,
O
alcaide de João Pessoa nesse jogo ficou menor, para usar expressão utilizada
por um analista abalizado da cena política de João Pessoa. A este acordo,
recorrem ao termo aliança como se uma grande peta assim pudesse ser chamada.
Dando aos senadores Cássio a importância política que ele não tem em João
Pessoa, a ao senador Maranhão o papel de timoneiro de uma nau – o PMDB, que até
recentemente transpirava credibilidade.
O que vem a público são declarações
eloquentes, verborragia natural da política que se pratica na Paraíba, mas nos
bastidores se vê o esforço para que se estabeleça o pensamento único, capaz de
dourar a pílula. E para tanto, vale pressões ou queixas até inúteis, de quem se
considera oráculo e com capacidade de manietar a liberdade de expressão em
veículos de comunicação.
Para eles, a disputa pela da prefeitura
de João Pessoa não se dá pela discussão de problemas como melhorias na gestão
da saúde, do transporte ou da qualidade de vida de seus habitantes, mas uma
partilha de poderes entre PSDB e PMDB, tendo aí o PSD como coadjuvante, ou como
fiel da balança já para uma outra eleição – a de 2018. Sem ter nada para
oferecer, Cássio não tem como desembarcar na aliança com o alcaide de João
Pessoa sem levar o PMDB – o que tornaria o deputado Manoel Junior uma nulidade
política. Ponto. Parágrafo.
Mas em política sempre vale recorrer à
lenda de Garrincha na Copa de 1958, que diante do esquema tático armado pelo
técnico Vicente Feola para derrotar a seleção da então URSS, perguntou
descontraidamente se ele, Feola, já tinha combinado com os russos para facilitarem
os dribles de Mané que cruzaria a bola da extrema direita para o centro e Mazzola,
sabendo onde a pelota cairia, simplesmente viria de trás à toda velocidade e
faria o gol que levaria a Seleção Canarinha à vitória. Esta lenda, de tanto ser
usada na política, deixou de pertencer ao futebol.
Os senadores chefes de partidos,
ardilosos desta suposta patranha política, já combinaram com o governador
Ricardo Vieira para facilitar o jogo? E se esta peta fracassar com uma eventual
vitória do PSB?
Eles consideram o candidato do PT,
professor Charlinton Machado, sem potencial eleitoral, mesmo até o mundo
mineral e os peixinhos da Lagoa sabendo que obra importante alguma em João
Pessoa foi erguida nos últimos quatro anos sem a generosidade do PT?
A professora Cida Ramos, a candidata do
PSB e do governador a prefeita de João Pessoa seria um “poste”? Para usar um
termo político meio jocoso porque as expressões depreciativas e preconceituosas
são reservadas aos encastelados em Água Fria. Este eventual acordão entre
PMDB/PSDB/ PSD é literalmente uma patranha, daquelas que levou Mariz, um
candidato enfermo e estado terminal à vitória para governador, e que tinha como
candidato a vice Maranhão, cujo nome também significa patranha.
*João Costa é
radialista, jornalista e diretor de teatro, além de estudioso de assuntos
ligados à Geopolítica. Atualmente, é repórter de Política do Paraíba.com.br
O problema da patranha é que ela cria reféns
Reviewed by Clemildo Brunet
on
7/14/2016 04:45:00 PM
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