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Contribuição histórico-geográfica de Manoel Tavares de Oliveira

para o estudo em cordel das mudanças de topônimos de municípios norte-riograndenses

José Romero A. Cardoso
José Romero Araújo Cardoso*

Conforme Manoel Tavares em seu interessante cordel, Assú já se chamou Vila Nova da Princesa em homenagem a Carlota Joaquina. Afonso Bezerra, topônimo em consideração ao poeta brilhante, era Carapebas, enquanto Almino Afonso foi Caeira. Alexandria, divisa com o Estado da Paraíba, localizada a dezesseis quilômetros de Santa Cruz, município paraibano situado nos antigos trechos finais da Estrada de Ferro Mossoró – Sousa, teve a denominação de Barriguda e João Pessoa, sendo a primeira devido à serra em formato de mulher grávida e
o segundo em tributo ao político paraibano martirizado em 1930.
Antônio Martins já se chamou Boa Esperança e Demétrio Lemos. Bento Fernandes já foi Barreto. Caicó já foi pomposamente chamado de Vila do Príncipe. Campo Grande teve uma das mudanças de nome efetivada a fim de homenagear Augusto Severo, um dos pioneiros e mártir da batalha em prol da conquista dos céus, tendo sido chamado ainda de Triunfo. A antiga e primitiva denominação encontra-se vigente.
Baía Formosa já teve o nome de Aretipicaba e Carnaubais teve os topônimos de Poço da Lavagem e Santa Luzia.  Ceará-Mirim já se chamou Boca da Mata. Coronel João Pessoa era Baixio de Nazaré. Coronel Ezequiel teve dois topônimos: Melão e Jericó.    Doutor Severiano era Mundo Novo. Encanto já foi Joaquim Correia. Equador teve a denominação de Periquito. Cruz do Espírito Santo foi conhecido como Espírito Santo e Cana Brava, Felipe Guerra foi conhecido primitivamente por Pedra de Abelha, enquanto Florânia já foi Flores.
Francisco Dantas já foi Tesoura, Frutuoso Gomes já foi Mumbaça e Mineiro e Governador Dix-sept Rosado, que junto com Marcelino Vieira são os municípios potiguares que possuem maior número de denominações toponímicas, até o presente momento, em um total de quatro, já foi chamado de Passagem do Pedro, São Sebastião e Sebastianópolis. O antigo termo de Passagem do Pedro passou a se chamar Governador Dix-sept Rosado em Julho de 1951, depois que o político e industrial potiguar faleceu em companhia do seu secretariado, além de outras pessoas, trinta e duas ao todo, vítimas de acidente aviatório no Rio do Sal, em Aracaju, capital Sergipana, em 12 de julho de 1951.
Ielmo Marinho já foi Poço Limpo. Ipanguaçu, Sacramento, Itaú já teve o nome de Angicos. Jaçanã teve dois topônimos: Flores e Boa Vista. Janduís já foi São Bento do Bufete e Getúlio Vargas. Boa Saúde mudou seu nome para Januário Cicco e depois voltou à denominação primitiva, enquanto Jardim de Angicos era apenas Jardim, mesma denominação de Jardim de Piranhas em épocas passadas.
 Jardim do Seridó também teve dois topônimos: Vila do Jardim e Conceição do Azevedo. João Câmara teve dois topônimos: Baixa Verde e Matas. Localizado em cima de falhas geológicas, João Câmara ficou conhecida na década de oitenta do século passado como a terra dos terremotos.
Marcelino Vieira, como frisado anteriormente, teve três topônimos antes da atual denominação toponímica: Passagem do Freijó, Vitória e Panatis. Lajes se chamou Itaretama e Macaíba foi conhecida por Povoação do Coité.
Martins já foi Maioridade e Imperatriz, ambos adotados em homenagem à nobreza. Maioridade em razão que Dom Pedro II só foi coroado Monarca graças a uma estratégia que garantiu-lhe o poder, a qual ficou conhecida como Golpe da Maioridade.
José da Penha já foi Mata. Monte Alegre, Monte das Gameleiras. Messias Targino já foi Junco. Nísia Floresta teve dois topônimos: Vila Parary e Vila Papary. Nova Cruz já foi Anta Esfolada. Ouro Branco já foi Espírito Santo. Ruy Barbosa já foi Olho D´água. Parnamirim já foi Eduardo Gomes, em homenagem ao oficial da aeronáutica que disputou com o General Dutra a Presidência da República. Pedro Velho teve duas denominações: Cuitezeiros e Vila Nova. Pendências já foi Independência e Raul Fernandes já se chamou Varzinha.
Rodolfo Fernandes já foi São José dos Gatos. Santana do Matos já foi Santana do Pé da Serra. São Rafael já foi chamado Caiçara. São Francisco do Oeste já foi Salamandra. São José de Mipibu já foi São José do Rio Grande. Umarizal teve duas denominações toponímicas: Gavião e Divinópolis, enquanto São Miguel do Gostoso já foi São Miguel de Touros.
Santo Antônio já foi Salto da Onça. Hoje é Santo Antônio do Salto da Onça. São Tomé já foi chamada de Santa Teresa. São Gonçalo do Amarante já foi Felipe Camarão. São José do Seridó já foi Povoação da Bonita. São Vicente já foi Saco da Luzia. Severiano Melo se chamou Bom Lugar. Senador Eloy de Sousa já foi Caiada de Baixo. Rafael Godeiro já foi Várzea da Caatinga. Upanema teve dois topônimos: Curral da Várzea e Rua da Palha.
Baraúna já teve a denominação de Xavier Fernandes. Serra Caiada já se chamou Presidente Juscelino, enquanto Santa Cruz do Inharé, localizada na zona do Trairi, já foi chamada de Santa Rita da Cachoeira.
Manoel Tavares não citou que a própria capital norte-riograndense, em um certo período, quando do domínio holandês no Nordeste Brasileiro (1630 - 1654), teve a denominação de Nova Amsterdã, em homenagem à capital batava. Esse topônimo também foi lembrado por judeus de origem brasileira, quando da fixação na costa nordeste dos atuais Estados Unidos, para a primitiva denominação da contemporânea cidade de Nova York.
Também não há citações aos primitivos topônimos de municípios potiguares como: Tenente Ananias (Ipueira e Bom Jesus do Passo), Luiz Gomes (Serra do Senhor Bom Jesus), Senador Georgino Avelino (Surubajá, ou lugar de muito peixe bagre, em tupi-guarani) e São Fernando (Pascoal). Nos refrão final, o autor deixa claro: Muitos foram os dias a pesquisar/ Trabalhando para fazer este trabalho/ Observei mas não sei se ficou falho/ Levo agora pra você examinar/ Inclusive vocês vão me ajudar/ Verificar o que houve de errado/ Encontrando me dê o resultado/ Indicando a falha que encontrou/ Registrando o ponto que falhou/ Ajude-me que fico gratificado.
Importante trabalho inserido no gênero literário cordel, de cunho histórico-geográfico, o legado cultural adaptado ao livro de bolso do Nordestino, de autoria do saudoso Manoel Tavares, destaca-se por subsidiar o conhecimento e o estudo de muitos dos antigos topônimos de municípios pertencentes ao Estado do Rio Grande do Norte, sendo plenamente aconselhável uso em sala de aula.
*José Romero Araújo Cardoso: Geógrafo (UFPB). Especialista em Geografia e Gestão Territorial (UFPB-1996) e em Organização de Arquivos (UFPB - 1997). Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (2002). Atualmente é professor adjunto IV do Departamento de Geografia/DGE da Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais/FAFIC da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte/UERN. Tem experiência na área de Geografia Humana, com ênfase à Geografia Agrária, atuando principalmente nos seguintes temas: ambientalismo, nordeste, temas regionais. Espeleologia é tema presente em pesquisas. Escritor e articulista cultural. Escreve para diversos jornais, sites e blogs. Sócio da Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço (SBEC) e do Instituto Cultural do Oeste Potiguar (ICOP).
Endereço residencial: Rua Raimundo Guilherme, 117 – Quadra 34 – Lote 32 – Conjunto Vingt Rosado – Mossoró – RN – CEP: 59.626-630 – Fones: (84) 9-8738-0646 – (84) 9-9702-3596 – E-mail: romero.cardoso@gmail.com
Contribuição histórico-geográfica de Manoel Tavares de Oliveira Contribuição histórico-geográfica de Manoel Tavares de Oliveira Reviewed by Clemildo Brunet on 8/01/2016 04:41:00 PM Rating: 5

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