San John

Onaldo Queiroga

Onaldo Queiroga

Será um pesadelo? Infelizmente, não. O ano de 2017 nos trouxe uma ação mais efetiva de desmonte da maior festa do Nordeste brasileiro, o São João.

É triste. São João não é festa de peão e, por isso, antes que adotem o nome San John, vamos insistir em tocar o dedo na ferida. O São João é uma festa cultural que integra os festejos juninos do Nordeste, e, historicamente tem seu formato com a presença dos balões, da fogueira e simpatias; de uma culinária autêntica, composta das comidas derivadas do milho; dos seus ritmos próprios como o baião, o forró, o xote, o xaxado e as marchinhas que embalam as quadrilhas.

Hoje esse formato se encontra distorcido. O forró, basicamente foi banido da festa. O San John de Campina Grande, Patos, Caruaru e outras cidades, resolveram escantear o forró e em troca colocaram o funk, o breganejo, a sofrência, tecnobrega e o sertanejo universitário. Nada contra os artistas que integram tais ritmos, questionamos o fato de que o São João é uma festa cultural. A Constituição Federal preserva a cultura, não permitindo agressões as tradições.

Não interessa se a festa está sendo produzida diretamente pela gestão pública ou de forma terceirizada, estamos falando de uma festa cultural, e, como tal, deve observar a tradição. O argumento de que o forró não tem público, é conversa fiada, para encobrir os fins comerciais que existem por trás disso tudo, que possui força nas televisões, rádios, jornais e que conduzem gestões públicas a se portarem, equivocadamente, em relação a uma festa tão importante da nossa gente.

Não adiante grande estrutura para se intitular de capital do forró ou maior São João do Mundo, quando o contexto não representa as tradições da festa. Maior não quer dizer melhor. Trocaram forrozeiros por nomes que não representam a cultura e tradição do forró. Mas isso passará e forró vencerá!

*Escritor pombalense e Juiz de Direito

onaldorqueiroga@gmail.com