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Fogo: O salário da Morte - Ousada produção cinematográfica realizada em Pombal/PB


O Salário da Morte é um filme dirigido pelo cineasta paraibano Linduarte Noronha. Trata-se do primeiro longa-metragem de ficção produzido na Paraíba, na cidade de Pombal, em 1970. Teve sua montagem assinada por João Ramiro Mello.
Baseado no conto "Fogo", de José Bezerra Filho, o roteiro foi escrito por Linduarte Noronha, Antônio Barreto e Neto Jurandir Moura. Aclamado pela crítica e vencedor do prêmio Manuel Antônio de Almeida, promovido pela Secretaria de Educação do Estado da Guanabara, o romance Fogo! (1970) é tipicamente nordestino: reflete um ambiente sertanejo onde ainda impera a figura truculenta do coronel da roça, senhor inquestionável dos bens e da vida dos seus subordinados.
A trama central da história gira em torno da pistolagem de aluguel e dos assassinatos que vão sendo cometidos para satisfazer os interesses dos seus mandatários. Essa modalidade de crime, consagrada no meio rural, é uma herança do coronelismo - fenômeno decorrente do desdobramento da Guarda Nacional criada durante o Império, quando foram conferidos poderes de policiamento às oligaquias regionais. Trata-se de um recurso utilizado geralmente para resolver litígios relacionados a questões de terras que não podem ser enfrentados pela via legal, como disputas políticas, desafetos pessoais e afetivos, desentendimentos com a vizinhaça ou dívidas pessoais. O chefe político do lugar é morto a tiros por um pistoleiro profissional e a cidade, localizada no sertão nordestino, passa a viver em clima de apreensão. Para solucionar o crime, um juiz é enviado da capital, a fim de realizar o inquérito, e também é assassinado. A história, porém, é centrada no drama de uma família pobre que se torna refém de elementos ligados ao Sindicato do Crime. Joaquim Pedro e Dona Severina pressentem o perigo que paira sobre a sua família mas, por estarem endividados, cedem ao pedido de Vicente Pitanga, chefe da criminalidade e mandante do assassinato do seu rival Chico Gregório, para acobertar o pistoleiro em sua casa. Gedeão e Joaninha, os seus filhos, participam atônitos à evolução do drama.
A fim de evitar que o pistoleiro conte sobre o assassinato, Vicente Gedeão manda matá-lo e também a Joaquim Pedro e Gedeão, que haviam sido presos para prestar esclarecimentos sobre o pistoleiro. Ao final, Joel, o filho mais velho de Joaquim Pedro, chega à cidade após passar um longo período dirigindo o seu caminhão pelas estradas. O personagem invisível, mas sempre presente, desde o início da história, é a organização Sindicato do Crime: a sua onipresença na localidade direciona as ações principais em que os personagens se envolvem, distribuindo pavor entre a população e alçando-o à condição de protagonista do filme.
Elenco
Margarida Cardoso
Horácio de Freitas
Eliane Giardini
Balduino Lélis
Edson Borges
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Valderedo Paiva
Edgard Miranda
Ednaldo do Egypto
Glaura
João Lucena
Benedito de Oliveira
Mirócene Amorim
Zé Maria
Cynthio Cilaio Ribeiro

‘O Salário da Morte’ e ‘Lição de Fogo’ abrem um panorama do cinema paraibano, no Sesc
Um pioneiro. Talvez seja esta a palavra que melhor defina Linduarte Noronha, cineasta paraibano cujas lentes se notabilizaram por inaugurar a estética do Cinema Novo. O vanguardismo de Aruanda (1960), festejado por Glauber Rocha pela repercussão que alcançou não só em sua obra como em toda a tradição cinematográfica posterior, se repete em O Salário da Morte (1970), que se inscreve na história do cinema paraibano como o primeiro longa-metragem de ficção produzido no Estado. Pois é ele quem abre a mostra “Pérolas do Cinema Paraibano”, que pode ser vista de amanhã a sexta, em duas sessões diárias (às 12h e 19h), no Sesc Centro, em João Pessoa.
Tendo em sua programação 13 filmes, entre ficções e documentários, a mostra faz um traçado da cinematografia paraibana homenageando seu grande patrono. No primeiro dia de mostra, além da exibição de O Salário da Morte, será promovida uma sessão do documentário Lição de Fogo (2007), que retrata os bastidores daquele que foi o único longa-metragem de Noronha, vindo à luz logo após o diretor tentar adaptar, sem sucesso, o livro A Bagaceira para a película.
Dirigido por Larissa Claro, Lição de Fogo conta como O Salário da Morte germinou: baseado no romance Fogo, de José Bezerra Filho, livro que tratava de crimes ocorridos na região de Pombal, onde o filme foi rodado. Foi o próprio autor do romance, inclusive, quem se associou com W.J. Solha para a fundação da Cactus, empresa que produziu o longa.
Solha entrou também para o elenco do projeto, interpretando o pistoleiro que protagoniza a onda de assassinatos que assolou a região. Outros importantes nomes do cinema paraibano estão nos créditos do clássico: os atores Balduíno Lelis, Margarida Cardoso, Ednaldo do Egypto, o diretor de fotografia Manoel Clemente, o montador João Ramiro Mello e o assistente de direção Jurandy Moura. A atriz Eliane Giardini, sobrinha de Solha, começou sua carreira em O Salário da Morte, quando ainda contava com 17 anos. 
Quem perder as sessões de amanhã poderão ver os filmes na reprise que fechará a programação, na sexta-feira. Na terça, às 12h, serão exibidos No Princípio Era o Verbo, curta-metragem de ficção dirigido por Virgínia Jorge; e Um Fazedor de Filmes, curta documental de Ely Marques e Arthur Lins sobre o diretor Ivanildo Gomes. Às 19h, o longa O Engenho de Zé Lins, olhar de Vladimir Carvalho em torno de José Lins do Rego.
Na quarta, às 12h, Um Jarro Sobre a Mesa, produção do núcleo de teledramaturgia da TV Tambaú realizado em parceria com a TV UFPB; e Charge na Rua, documentário de Larissa Claro, Alexandre Macedo e Fábio Lopes sobre o chargista Régis Soares. Às 19h, Eu Sou o Servo, curta de Eliézer Rolim; e O Menino e a Bagaceira, documentário de Lúcio Vilar sobre Sávio Rolim (protagonista do filme Menino de Engenho).
Na quinta, às 12h, O Mundo de Yan, curta de Niu Batista; e Renovatório 8, doc de Chico Sales sobre o Super 8 paraibano; e às 19h, Reencontro, curta fictício de Ismael Moura; e A Voz do Poeta, documentário de Diana Reis.

Tiago Germano
Fogo: O salário da Morte - Ousada produção cinematográfica realizada em Pombal/PB Fogo: O salário da Morte - Ousada produção cinematográfica realizada em Pombal/PB Reviewed by Clemildo Brunet on 9/11/2017 09:33:00 AM Rating: 5

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