LEVI OLÍMPIO E O SEU JEITO DE FAZER POLÍTICA.
Levi Olímpio Ferreira
CLEMILDO BRUNET*
Fazer política é uma arte.
Já se diz por aí que a política tem sua dinâmica e muitas são as ações dos
políticos nesse contexto. Aquele que já foi predestinado para ser homem público
ou homem do povo, não foge a seu destino. Já se foram tantos anos, reporto-me a
década de 80.
No cenário político
pombalense surgiu um homem que tanto se sobressaía no meio da multidão por
causa da sua estatura, como pela bondade de atender a necessidade de sua gente.
Este homem era Levi Olímpio Ferreira, de saudosa memória, que neste dia 16 de
janeiro de 2010 marcam 15 anos de sua morte. Até hoje a geração de sua época
lembra os seus feitos.
Levi, Como agropecuarista
amealhou bens para o sustento de sua família, era casado com Azenete Rodrigues
de Queiroz Olímpio e dessa união nasceram os filhos: Dalva Letícia, Herbet
Levi, Francisco Tibério e Rebeca. Levi na condição de homem do campo estava
acostumado com as lutas diárias e sofridas de um autêntico sertanejo, ele
carregava consigo a marca do destemor. Era corajoso por natureza. Não tinha
medo de nada, sua estatura elevada e de voz forte e firme, corroborava de tal
modo, que sua fama se estendeu por toda parte.
Nós sertanejos deixamo-nos
levar por essas histórias fantásticas de homens de coragem. Não sei se é por
causa das toadas e canções interpretadas por Luiz Gonzaga que fala da macheza
do homem de nossa região ou se é porque somos atraídos e fascinados pelos
filmes do velho oeste nos Estados Unidos, que sempre mostrava a bravata dos que
empunham armas e procuravam fazer justiça com as próprias mãos.
Bem muito antes de abraçar a
política, espalhou-se a notícia pela região que Levi Olímpio estava fazendo
doações de telhas, tijolos e outros apetrechos para os pobres. E logo se
formaram filas e mais filas de pessoas em busca da Fazenda Catolezinho. Cada
uma dessas pessoas, falava para seus amigos o que Levi estava fazendo sem pedir
nada em troca. Ao ficar mais próximo das eleições de 1982 para Prefeito de
Pombal, o nome de Levi tornou-se popular na boca do povo como homem ideal para
governar os destinos do Município.
O PMDB no pleito de 1976
havia perdido as eleições por uma mínima contagem de 39 votos. Nesse ínterim, a
legenda achava-se fortalecida para com Levi Olímpio ganhar as eleições. No
livro Memórias de Beira Mar (2003) do Escritor pombalense Wertevan Fernandes,
Severino de Sousa e Silva (Biró) narra sobre a escolha do candidato da legenda
Pmdebista.
“Nós estávamos procurando um candidato,
eu e Chico Galego, então eu falei: “Sabe uma pessoa boa para ser candidato? É
Levi Olimpio”. Aí Chico Galego falou: “Levi tem aqueles processos contra
ele...” Então eu disse: “mas aqueles processos já foram arquivados, não existe
mais nada contra ele na Justiça, eu acho que ele hoje pode ser candidato.”
{...} Oito dias após essa conversa, vinha Levi naquele jipe dele e brincando
colocou o carro para me atropelar. Ele riu e me disse: “tivemos uma reunião
ontem em São Domingos, me lançaram como candidato a Prefeito e apresentaram o
Vice Waldemir Martins. Mas eu falei que só aceitava se o Vice fosse você.”
{...} Na reunião do partido para homologar a chapa, todos aceitaram minha
indicação, por eu ser um lutador pelo partido
(p.49).
Tempos atrás a campanha
política em Pombal era feita na base da amizade com tapinhas nas costas nos
abraços apertados dos candidatos em seus eleitores. Depois passou a ser na
retribuição de votos aos favores do candidato médico. Levi, no entanto, mudou
esses costumes com a política do clientelismo, (é dando-se que se recebe),
obtendo resultados fantásticos nas eleições. Enfrentou a sua primeira campanha
contra um adversário do clã Pereira que tinha a máquina administrativa na mão,
o Governo do Estado e uma emissora de rádio recém instalada no ano da Eleição
(Rádio Maringá AM). Era uma Oligarquia forte na política paraibana, pois tinha
dois deputados estaduais e um federal além do prefeito da cidade.
O novo estilo de fazer
política implantado por Levi, fez com que as oligarquias existentes na cidade
desaparecessem do cenário político local, a tal ponto de Levi Olímpio, fazer o
seu sucessor Nego Chico em 1988, e não obstante, apesar de ter rompido com seu
sucessor, conseguiu a maior proeza na história política de Pombal, elegendo sua
esposa Azenete Olimpio Prefeita do Município em 1992, numa campanha onde todas
as expectativas apontavam como vitorioso o seu adversário Geraldo Arnaud de
Assis Júnior (Dr. Geraldinho), pois os oligárquicos, o comercio e a sociedade
como todo, apoiavam a candidatura adversária.
No livro “A Força do
Clientelismo” de Wertevan Fernandes (2006) pág 122, ele registra o depoimento
de um cidadão nos seguintes termos:
Naquela época sabia-se que
as campanhas de Pombal não eram decididas no voto e sim na hora da apuração.
Muito roubo mesmo. Sabe-se que tinha defuntos que votavam, que tinham Cartórios
aqui que fabricavam títulos. Quando Levi surgiu, ele começou a denunciar esse
tipo de coisa. A Policia Federal chegou até aqui e nós criamos coragem. “Agora
vamos tirar esses homens do Poder”, e foi o que ocorreu. Mas pra isso ocorrer
houve muita compra de votos, existia de um lado e de outro. Levi não veio
mostrar que era santo, de jeito nenhum. A mudança que houve foi que o nosso
lado agora tinha chances de ganhar também. (José Tavares, 45 anos).
Levi foi na verdade um
político que obteve muitas vitórias, tendo sido eleito Deputado Estadual com
ampla margem de votos em duas legislaturas 1990 e 1994, não chegando a assumir
seu segundo mandato, porque veio a falecer em 16 de janeiro de 1995, vítima de
um AVC – Acidente Vascular Cerebral, antes do início dos trabalhos da
Assembléia Legislativa naquele ano.
A ele nossa homenagem de
saudades, pelo transcurso do 15º Aniversário de seu falecimento.
*RADIALISTA.
brunetco@hotmail.com
Natal,
14 de janeiro de 2010.
Publicado
no Livro “MEMORIAIS & LEGADOS” Págs 228/230
LEVI OLÍMPIO E O SEU JEITO DE FAZER POLÍTICA.
Reviewed by Clemildo Brunet
on
1/15/2010 10:19:00 AM
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4 comentários
Saudosa memória, de um homem valente,que defendia nossa gente.hoje não existe mais esse tipo de políticos, estamos ao Deus dará, estamos com quatro anos de estiagem e não tem nenhum representante para nos defender, e procurar pelo menos frentes de emergência. Ronaldo de Mato -Grosso Paraíba
Parabéns clemildo ótimo resgate da nossa história
amigo clemildo que descanse em paz,foi um grande querreiro,todos de pombalgastava muito dele,GG RIO.
Sim amigo clemildo ele o levi foi muito importante na época em pombal,bem lembrado dele,seria 78 anos, DEUS.🙏 SEJA COM ele,GG RIO.
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