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MATINÊ NO CINE LUX.

Fachada "Cine Lux" (Foto)
Antonio Dantas Maniçoba*
Eu e os de minha geração que vivenciamos a infância em Pombal, tínhamos aos domingos como lazer, invariavelmente, tomar banho no Rio Piancó pela manhã e assistir às matinês à tarde, com direito a saborear um delicioso picolé de morango na sorveteria que ladeava o Cine Lux.
Era conveniente que chegássemos cedo, não só devido às grandes filas que se formavam nas bilheterias, mas também para garantirmos um bom lugar, este estrategicamente escolhido atrás de uma cadeira onde estivesse sentado um baixinho. Como se sabe, nosso cinema tinha cadeiras de madeira maciça e o piso apresentava pequena inclinação. Sentar atrás de um “galalau” era perder o filme na certa.
Costumávamos, eu e o mano Queço, irmos sempre conferir os cartazes dos novos filmes que seriam exibidos, para selecionar quais seriam interessantes para assistirmos. Na época não havia essa facilidade de agora, onde as sinopses informam tudo. Tínhamos que interpretar o que as pequenas fotos nos cartazes queriam dizer sobre os filmes.
Nossa preferência versava sobre faroestes e filmes de Tarzan, passando pelos épicos. Infelizmente o leque de opções não era grande, mas nos deliciávamos com filmes como O Dólar Furado, Meu Nome é Pecos, Spartacus e outros mais do gênero. Aprendemos, porém, que se um filme era produzido pela MGM (a do leão rugindo), ou pela CONDOR FILMES (a do condor batendo asas), já era um indicativo de uma boa matinê.
Lembro que nos filmes da Condor, quando iniciava a apresentação da película, sempre algum gaiato de plantão começava a gritar Xô, Xô, Xô, e o condor (símbolo da produtora) batia as asas para alçar vôo, fazendo a platéia sorrir da gozação.
Muitas vezes só se dispunha de filmes ruins, como aqueles faroestes mexicanos com o Miguel Aceves Mejia, que invariavelmente terminava com este cantando a melosa “La Malagueña”. O mano Queço saía das sessões injuriado: “Como pode um faroeste terminar em música? A gente quer ver é muito tiro e perseguições!”. A verdade é que me deliciava com os falsetes da voz do inesquecível Miguel.
Mas tínhamos de assistir o que seu Afonso Mouta colocava nos domingos à tarde. Afinal, ir a uma matinê no Cine Lux era sempre mais prazeroso que o próprio filme em exibição. Hoje, em minhas constantes passagens por minha terra natal, olho o que restou do antigo cinema e minha alma é invadida por um misto de melancolia e saudosismo. Quem foi o responsável pela eliminação de um marco na infância de toda uma geração de pombalenses?
* Natural de Pombal, é professor da UFMA, Msc Eng Elétrica e Bel em Direito, residindo atualmente em São Luís-MA
MATINÊ NO CINE LUX. MATINÊ NO CINE LUX. Reviewed by Clemildo Brunet on 11/04/2009 08:40:00 PM Rating: 5

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